José Veríssimo Dias de Matos nasceu em Óbidos (PA) em 8 de abril de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1916. Foi jornalista, educador, escritor, estudioso da literatura brasileira e membro da Academia Brasileira de Letras. Filho de José Veríssimo de Matos e Ana Flora Dias de Matos estudou as primeiras letras em Manaus e Belém. Em 1869 muda-se para o Rio de Janeiro, para continuar os estudos. Mas, adoecendo, retorna ao estado natal.
Em
Belém, colaborou em jornais locais, como o “Liberal do Pará” e,
posteriormente, como fundador e dirigente da “Revista Amazônica” (1883-84).
Também atuou no magistério e foi o fundador do Colégio Americano. Em 1880 viaja
para a Europa, para participar de um congresso literário internacional que se
realizava na cidade de Lisboa, em Portugal. Voltou à Europa em 1889, indo tomar
parte, em Paris, no X Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica,
quando fez uma comunicação sobre o homem de Marajó e a antiga história da
civilização amazônica. Sobre a rica Amazônia são também os ensaios sociológicos
que escreveu nessa época, Cenas da
vida amazônica (1886) e A
Amazônia (1892).
Em
1891 é empossado como diretor de instrução do Pará (cargo
hoje equivalente a Secretário de Educação). Ainda neste ano volta ao Rio, onde
leciona na então Escola Normal atual Instituto
Superior de Educação do Rio de Janeiro do qual foi diretor.
No
Rio de Janeiro Veríssimo aprofunda suas pesquisas sobre a literatura
brasileira, republicando a “Revista Brasileira” - órgão que reunia o
melhor das letras no país - e em cuja sede passaram a reunir-se os intelectuais
que formaram o núcleo fundador da Academia Brasileira: Lúcio de Mendonça, Machado de
Assis (de quem foi grande amigo e defensor), Visconde de Taunay, entre outros.
Criada
a pasta da educação pública, logo após a proclamação da República, o seu
primeiro ministro, Benjamin Constant, organizou a reforma do sistema geral de
ensino público. José Veríssimo discutiu, no “Jornal do Brasil” do
primeiro semestre de 1892, as reformas introduzidas, delas fazendo uma crítica
magistral, que depois ele acresceu como Introdução da 2ª edição (1906) de seu
livro A educação nacional.
Afiliado
ao Naturalismo,
foi um dos expoentes na crítica literária e na historiografia das letras no
Brasil. Como educador, teceu importantes análises sobre os problemas do sistema
educacional do país na jovem República, herdeira de problemas como a recente
escravidão, e tantos outros.
Veríssimo
foi mais que um fundador da Academia Brasileira de Letras. Foi, talvez, seu
idealizador, ao lado de Lúcio de Mendonça. A todas as reuniões
preparatórias fez-se presente e foi um dos seus mais assíduos membros. Defendia
uma academia voltada exclusivamente à literatura e, por seus pares haverem
eleito um não-escritor (o político Lauro Müller),
afasta-se da instituição de forma definitiva em 1912.
Ao
lado de Sílvio Romero e Araripe
Júnior, seus contemporâneos, Veríssimo foi um dos primeiros e
maiores historiadores da literatura brasileira. De sua obra História da Literatura Brasileira assoma
a crítica e, em especial, uma constante preocupação em se definir um caráter
tipicamente nacional dos escritores do país. Referido sempre como o fundador
da “Revista Brasileira”, José Veríssimo, na verdade, dirigiu a sua
terceira fase (a primeira foi de Cândido Batista de Oliveira, de 1857 a 1860; a
segunda, de Nicolau Midosi, durou de 1879 a 1881). A terceira “Revista
Brasileira” começa em 1895 e vai até 1899, completando vinte volumes em
cinco anos. Veríssimo teve o dom de agremiar toda a literatura nacional
na Revista.
As
obras publicadas por José Veríssimo foram: Quadros
Paraenses, 1878; As Primeiras Páginas,
1878; Cenas da Vida Amazônica, 1886; Estudos Brasileiros, 1889; A Educação Nacional, 1890; Dos Pequenos Estudos Sobre Emilio Litreé e
Carlos Gomes, 1881; Estudos da
Literatura Brasileira, 1900; Homens e
Cousas Estrangeiras, 1911; Interesses
da Amazônia, 1915; A Amazônia,
Aspectos Econômicos, 1892; A História
da Literatura Brasileira, 1916; A
Educação Pública e a Imprensa, 1900; Estudos
Sobre Camões e os Lusiadas; 1899; O
Século XIX, 1899; A Pesca na Amazônia,
1895; Questões dos Limites do Pará e do
Amazonas, 1899; As Obras Poéticas de
Basílio da Gama, 1912; Em publicação
póstuma, Letras e Literatos, 1936.
Frases
de José Veríssimo
“As crianças – a quem o digo eu - não são nem
em geral boas, nem em geral más. Como todos os seres orgânicos elas podem
trazer pela iniludível lei da hereditariedade psicológica os germens do mal e
do bem, conforme foram bons ou maus os seus progenitores próximos e remotos de
quem herdam as qualidades físicas. É cruel, talvez, que assim seja, mas é
verdade, a lei a cada passo verificável e verificada.”;
“Para reformar e restaurar um povo, um só
meio se conhece, quando não infalível, certo e seguro, é a educação, no mais
largo sentido, na mais alevantada acepção desta palavra. Nenhum momento mais
propício que este para tentar esse meio, que não querem adiados os interesses
da pátria... Nós tivemos a reforma radical no governo, cumpre-nos completar a
obra da revolução pela reforma profunda da nossa educação nacional.”;
“O hábito de mandar, desde a tenra infância,
por sua vez, bem longe de fortificar o caráter, o deprime, não só porque
perverte a noção da autoridade que faz arbitrária e apenas no privilegio
fundada, como porque desabitua a atividade própria e fia tudo da energia alheia.”;
“Um escritor não pode ser bem entendido na
sua obra e ação senão visto em conjunto, e não repartido conforme os gêneros
diversos em que provou o engenho.".
(Fontes consultadas: Wikipedia; Academia Brasileira de Letras; www.Obidense.com.br; JOSÉ VERÍSSIMO (1857-1916) E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA REPUBLICANA: RAÍZES DA RENOVAÇÃO ESCOLAR CONSERVADORA – Tese de doutorado de Maria do Perpetuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França na Universidade Estadual de Campinas -2004)
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