Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de
janeiro em 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade em 1 de novembro de
1922. Foi jornalista e escritor brasileiro, com larga e variada produção
literária, publicada em periódicos, principalmente em revistas populares
ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX.
A maior parte de sua obra
foi redescoberta e publicada em livro após sua morte por meio do esforço do
escritor e historiador Francisco de Assis Barbosa, que junto com outros
pesquisadores levou Lima Barreto a ser considerado um dos mais importantes
escritores brasileiros. O escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948) também
teve um importante papel na divulgação da obra de Lima Barreto.
Lima Barreto era filho
de João Henriques de Lima Barreto, que ganhava a vida como tipógrafo, tendo
aprendido a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o
periódico "A Semana Ilustrada". Sua mãe foi educada
com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª série e que veio a falecer quando Lima
Barreto tinha apenas seis anos. O pai do futuro escritor era monarquista,
ligado ao visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro
escritor. De sua infância, Lima Barreto traz lembranças de um período no Segundo
Reinado de Dom Pedro II, bem como da participação da Princesa
Isabel na Abolição da Escravatura. Estas impressões contribuíram
para que Lima Barreto tivesse uma visão bastante crítica em relação ao regime
republicano.
O futuro escritor cursou
seus estudos secundários no Colégio Dom Pedro II. Mais tarde, foi cursar
Engenharia na Escola Politécnica. No entanto, foi obrigado a abandonar o curso
para ajudar sua família com as despesas. Lima Barreto também foi funcionário da
Secretaria do Ministério da Guerra.
Em abril de 1907, Lima
Barreto fez suas primeiras contribuições para uma revista de grande circulação,
ao se tornar secretário da “Fon-Fon”,
a pedido do poeta e jornalista Mário Pederneiras (1867-1915). Contudo,
sua estadia na revista não durou muito, já que em junho do mesmo ano,
sentindo-se desvalorizado, demite-se e, em outubro, lança a revista “Floreal”,
da qual foi o diretor e principal contribuinte. Além destas, Barreto
também contribuiu para as revistas “A.B. C”. e “Careta”.
Em 1911, Barreto publica seu
romance Triste Fim de Policarpo Quaresma nas
páginas do “Jornal do Commercio”, pagando do próprio bolso
a edição em livro lançada em dezembro de 1915. Nessa época, tornaram-se mais
agudas as crises de alcoolismo e depressão do escritor, o que provocou sua
primeira internação no hospício em 1914. Em 1916, colaborou com a revista “ABC”,
publicando alguns textos em periódicos de viés socialista. Passados quatro anos
de sua primeira internação no Hospital dos Alienados, devido ao alcoolismo,
seus problemas de saúde pioraram e Lima Barreto foi aposentado em dezembro de
1918. No ano seguinte, 1919, publicou o romance Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá pela
editora Revista do Brasil, pertencente ao escritor Monteiro
Lobato.
Os períodos de internação no
hospício resultaram na composição de diversos diários e no romance
inacabado Cemitério dos Vivos, do qual trechos foram
publicados em 1921. No mesmo ano o autor apresentaria sua terceira candidatura
à Academia Brasileira de Letras (nas
duas tentativas anteriores, fora preterido; nesta última, o próprio escritor
desistiria antes das eleições).
De 1909 a 1922 foi excluído
da crítica oficial com um "silêncio implacável" quanto aos seus
escritos. Em sua época não era fácil ter um original aceito pelos maiores
editores do Rio, e ele, como vários outros, apelou para publicações em Portugal
com sua obra Recordações do Escrivão Isaías
Caminha.
Sua posição combativa e sua crítica
custaram-lhe a marginalidade e a indiferença da então elite cultural. Com
relação a este comportamento Lima Barreto respondia com sua famosa afirmação em
artigo publicado no dia 6 de junho de 1922 na Revista Careta: "O Brasil
não tem povo, tem público". Foi somente após sua morte que a obra deste
grande escritor foi devidamente valorizada.
Com a saúde cada vez mais
debilitada, Lima Barreto faleceu de um colapso cardíaco no dia 1º de novembro
de 1922, aos 41 anos, em sua casa, no bairro de Todos os Santos, no Rio de
Janeiro
Em dezembro de 1922, Jacinto
Ribeiro dos Santos publicou Os
Bruzundangas, com uma nota afirmando que se tratava do último
livro que Lima Barreto havia revisado: o prefácio, contudo, indicava que o
manuscrito fora completado em 1917. Além deste, também foram publicados Bagatelas,
em 1923, e Clara dos
Anjos, serializado entre 1923 e 1924 na revista “Santa Cruz”,
mas escrito entre dezembro de 1921 e janeiro de 1922.
A maior parte de seus
escritos, tais como Cemitério dos Vivos, Diário Íntimo e parte da
correspondência pessoal, foram publicados postumamente entre as décadas de 1940
e 1950, a partir de pesquisas de Francisco de Assis Barbosa, um de seus
principais biógrafos.
As obras de Lima Barreto
apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor
satírico e humorístico presente em seus escritos. São pautadas, em grande
parte, na temática social, expressando muitas injustiças como preconceito e o
racismo. Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do
Positivismo. Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o
nacionalista ufanista então (e ainda hoje) vigente.
As principais obras de Lima
Barreto incluem:
Romances: Recordações do Escrivão Isaías
Caminha (1909); Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911);
Numa e a
Ninfa (1915); Clara dos
Anjos (1922/1948), póstumo.
Novelas: O Subterrâneo do Morro do Castelo (1905/1997),
póstumo; As Aventuras do Dr. Bogoloff (1912/1950),
póstumo; Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919).
Teatro: Casa de Poetas (1951), póstumo; Os
Negros (1951), póstumo.
Coletâneas de contos: Histórias e Sonhos (1920); O homem que sabia javanês e outros contos (1997),
póstumo.
Coletâneas de crônicas: Bagatelas (1923), póstumo; Os
Bruzundangas (1923), póstumo; Feiras e Mafuás (1953), póstumo; Marginália (1953), póstumo; Vida Urbana (1953), póstumo; Coisas do Reino de Jambon (1956), póstumo; Impressões de Leitura (1956),
póstumo; Sátiras e outras subversões:
textos inéditos (2016), póstumo; Memórias
e correspondência Diário Íntimo (1953), póstumo; Cemitério dos Vivos (1956), póstumo e
inacabado; Correspondência (1956),
póstumo, 2 volumes.
Frases de Lima Barreto:
“O Brasil não tem povo, tem público.”;
“Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura
também acabam com as diferenças que a gente inventa.”;
“Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande
parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos,
embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias
noutros pontos do Rio de Janeiro.”;
“Ele alegrou os outros e nunca teve alegria.”;
“Esta vida é absurda e ilógica; eu já tenho medo de viver, Adelaide.
Tenho medo, porque não sabemos para onde vamos, o que faremos amanhã, de que
maneira havemos de nos contradizer de sol para sol... (...)
Além do que, penso que todo este meu sacrifício tem sido inútil. Tudo o que
nele pus de pensamento não foi atingido, e o sangue que derramei, e o
sofrimento que vou sofrer toda a vida, foram empregados, foram gastos, foram
estragados, foram vilipendiados e desmoralizados em prol de uma tolice política
qualquer...Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir;
passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a
sua brutalidade e fealdade.”;
“Esta nossa sociedade é absolutamente
idiota.”
Fontes consultadas: Wikipedia; site Toda Matéria; site eBiografia – Dilva Frazão; site Pensador)
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