Antonio Carlos Rocha
Villaça nasceu no Rio de Janeiro em
31 de agosto de 1928, filho de Joaquim Ortigão Villaça e Dora Rocha Villaça e
faleceu na mesma cidade em 29 de maio de 2005. Escritor, jornalista, conferencista
e tradutor, Villaça é um dos mais importantes memorialistas da literatura
brasileira.
Cursou
o curso primário e ginasial no Colégio Tijuca Uruguai e no clássico no
Instituto Lafayette (1937-1946). Cursou dois anos de Direito (1947-1948) na
PUC, ainda na Rua São Clemente. Aos dezesseis anos, em abril de 1945, estreou
como autor publicando o ensaio Perfil
de um Estadista da República, sobre o Barão do Rio Branco, que lhe valeu a Medalha
Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1946).
Em
1949, Villaça volta-se à vida monástica, ingressando no mosteiro de São Bento.
Lá toma contato com a filosofia e a literatura religiosa, lendo livros e mais
livros de espiritualidade beneditina, patrística e de história do monaquismo. Em 1950 transfere-se para o Convento dos
Dominicanos, em São Paulo, onde viveu um ano. Em seguida volta para o Rio de
Janeiro, onde cursa Filosofia no Seminário São José.
Em 1954
começa sua carreira de jornalista, colaborando em vários órgãos da imprensa, entre
os quais o “Diário de Notícias”, “Correio da Manhã”, “Tribuna da Imprensa”, “O Jornal” e “Jornal do
Brasil”. Neste último, manteve uma coluna diária sobre assuntos
religiosos de 1958 a 1961. Como conferencista, Villaça viajou por todo o país e
visitou também os Estados Unidos e o Canadá. Sobre esta fase de sua vida,
escreve: "Eu estava muito leve,
muito moço, andava muito por aquilo tudo. Queria conhecer, queria ver gente,
queria ler, queria ir a cinema, ir a teatro, estava muito disponível, muito
livre." Visitou o filósofo católico Jacques Maritain em Princeton
e o escritor e monge trapista Thomas Merton, na abadia Trapista de Gethsemani.
Em 1966 foi para a Europa onde viveu um ano, sobretudo em Paris. Retorna ao Rio
de Janeiro em 1967, onde foi morar no Hotel Bela Vista, em Santa Teresa. "Fui para uns dias apenas. Acabei passando
dezessete anos e meses. Sempre no mesmo quarto, terceiro andar”, declara em
uma entrevista.
A
partir dos anos 1970 começa a publicar as obras que o tornaram famoso como escritor
de estilo característico, voltado à literatura memorialística e aos ensaios, muito
bem recebido pela crítica. O Nariz do
Morto (1970 – Prêmio Jabuti de Literatura), O Anel (1972), O
Livro de Antônio (1974) e Monsenhor (1975
Em
1972 volta à Europa para entrevistar Jacques Maritain para o “Jornal do
Brasil”. Como ensaísta, lançou em 1974 a História da Questão Religiosa e em 1975 O Pensamento Católico do Brasil. Seus
estudos críticos foram publicados nos livros Encontros (1974), Literatura
e Vida (1976), Tema e
Voltas (1976) e Místicos,
filósofos e poetas (1976). Mesmo não tendo permanecido no sacerdócio, Villaça
tornou-se um importante representante do pensamento católico brasileiro, com grande atuação
no Centro Dom Vital, que era dirigido pelo
escritor e pensador católico Alceu Amoroso Lima.
Bastante
articulado no meio literário brasileiro, Villaça foi membro do Conselho
Estadual de Cultura do Rio de Janeiro de 1975 a 1983. Em 13 de maio de 1976
tomou posse no PEN Clube do Brasil, sucedendo o poeta e
escritor Murilo Mendes, onde em 1979 se tornaria
vice-presidente. A partir de junho de 1984 passou a morar num quarto na sede do
clube, na Praia do Flamengo, que em seu livro Degustação denominou
"o mirante do Flamengo", por causa da vista, e onde permaneceria até
pouco antes de falecer.
Em
1981 recebeu o prêmio Estácio de Sá e no ano seguinte visita Portugal a convite
de instituições portuguesas, tornando-se membro da Academia Brasileira de
Arte. Em 1983 recebeu a Ordem das Palmas Acadêmicas da França. Em 21
de novembro de 1984 tomou posse como membro do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro e em 1989 proferiu a conferência inaugural da Academia Brasileira de Filosofia,
da qual foi membro fundador e secretário-geral. Em 2003 recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo
conjunto de sua obra.
Sobre
a missão do escritor, escreveu Villaça em carta a Edmílson Caminha: "Ser escritor é antes e acima de tudo uma
posição diante da vida. Independentemente do ato de escrever. Uma opção. Uma
escolha. Um estilo. Ser artista é não
aliar-se nunca às forças poderosas deste mundo, é ser livre. É dizer não, non
possumus, às forças do dinheiro, do poder, da mediocridade."
Antonio
Carlos Villaça é autor das seguintes obras: Perfil
de um Estadista da República (Ensaio biográfico sobre o Barão do Rio Branco) (1945); Junqueira Freire (1962); O Nariz do Morto (1970); O Anel (1972); Encontros (1974); História da Questão Religiosa (1974); O Livro de Antonio (1974); Monsenhor (1975); O Pensamento Católico no Brasil (1975); Tema e Voltas (1975); Literatura e Vida (1976); Místicos, Filósofos e Poetas (1976); Rui, sua casa e seus livros, o ninho da
Águia (1981);
O Senador Cândido Mendes (1981); O Desafio da Liberdade : a vida
de Alceu Amoroso Lima (1983); Manuel
Bandeira: prosa (1983); A Descoberta do Morro (1983); Alceu Amoroso Lima (1984); Introdução a Debret (1989); Introdução a Rugendas (1984); O Duelo com o Ser (ensaio-entrevista de
André Pestana) (1992);
Os seios de Jandira (com André
Pestana) (1993);
Estudos para cada um dos romances
de José Lins do Rego (1994); Degustação: Memórias (1994); Os Saltimbancos da Porciúncula (1996); Diário de Faxinal do Céu (1998); José Olympio:
O Descobridor de Escritores (2001); O Livro dos Fragmentos (2005, póstumo).
Antonio
Carlos Villaça faleceu em 29 de maio de 2005 na Casa São Luís no Caju. “Viveu modestamente e modestamente se foi.
Enfrentou com paciência monástica privações e necessidades. Mas foi riquíssimo
em amigos. Fez amizade com praticamente toda a literatura brasileira do século
XX”, escreveu o tradutor e professor Gabriel Perissé
Frases
de Antonio Carlos Villaça
“Ainda tenho certa voluptuosidade em face da
vida. E em face da morte. Agora, continuo a amar a vida. Léon Bloy, que parecia
um grande angustiado, dizia que tudo que acontece é adorável e tinha uma grande
curiosidade diante da morte. A morte é sedutora.”;
“Maritain disse que o mundo precisava mais de
metafísica do que de carvão. Podemos dizer hoje que o mundo precisa mais de
poesia do que de petróleo. A poesia é de fato a emoção reelaborada na
tranquilidade. É, assim, a síntese da emoção e da paz.”;
“Mestre Graça não teve o que merecia da vida.
Sendo um escritor de primeira ordem, um clássico da sua língua, um mestre da
arte de escrever, ocupou sempre posições inferiores a seus dons de estilista e
criador. Os homens de seu tempo não lhe deram a situação social que o grande
homem realmente merecia.”;
“(...)
Em suma, o que Machado de Assis estranhou
nos cristãos do seu tempo é o que os homens lúcidos estranham sempre nos
cristãos de todos os tempos: que sejam tão pouco o que pretendem ser.”;
“Quando eu chegar ao Céu, de manhã, de tarde
ou de noite, não sei, pedirei para ir à biblioteca de Deus, onde curiosamente
bisbilhotarei – com respeito – algumas obras.”;
“A grande arte
exige amor e ódio.”.
(Fontes: Wikipedia; Site Citações e
Frases Famosas; Site itaucultural; Site Tiro de Letra; Blog Sopa no mel; livro “Encontros”
e “Os saltimbancos da Porciúncula”; site KDFrases)
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