“No
passado, alguns autores clássicos refletiram sobre os graus de liberdade da
ação individual. Em O Príncipe, Nicolau Maquiavel conclui que a fortuna arbitra
metade das ações humanas, deixando a outra metade para o livre-arbítrio. Assim,
a circunstância, aquilo que não pode ser governado pelo homem, proporciona a
chave para o êxito da ação política, desde que o indivíduo saiba agir dentro
dos espaços abertos em uma dada situação concreta. Tempos depois, Karl Marx inicia
sua magistral análise sobre os acontecimentos que levaram ao golpe de Luís
Bonaparte afirmando que ‘os homens fazem sua própria história, mas não a fazem
como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas
com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado’. Nos
dois casos, é possível observar o peso das estruturas e das contingências
históricas sobre a capacidade de ação dos indivíduos.” (Nery, pág. 44)
Tiago Nery, A política externa brasileira e a UNASUL: geopolítica e expansão do capitalismo brasileiro na América do Sul
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