Orígenes
Temudo Lessa nasceu em Lençóis Paulista (SP), em 12 de julho de 1903 e faleceu no Rio de
Janeiro em 13 de julho de 1986. Foi jornalista
e escritor, tendo sido membro da Academia Brasileira de Letras. Era filho
de Vicente Themudo Lessa, historiador,
jornalista e pastor presbiteriano pernambucano, e de Henriqueta Pinheiro
Themudo Lessa. Em 1906 mudou-se com a família para São Luís do Maranhão, acompanhando o pai
como missionário. Dessa sua na infância resultou o romance Rua do Sol. Em 1912, retornou a São Paulo.
Aos
19 anos, ingressou num seminário protestante,
do qual saiu dois anos depois. Em 1924 mudou-se para o Rio de
Janeiro, enfrentando grandes dificuldades financeiras, quando
começou a dedicar-se ao magistério. Terminou o curso de Educação Física, tornando-se instrutor de
ginástica do Instituto de Educação Física da Associação Cristã de Moços. Paralelamente
ingressou no jornalismo, publicando os seus primeiros artigos na seção Tribuna
Social-Operária de “O Imparcial”.
Em
1928 matriculou-se na Escola Dramática do Rio de Janeiro, dirigida então
por Coelho Neto.
No mesmo ano volta para a cidade de São Paulo, onde passou a trabalhar como
tradutor no Departamento de Propaganda da General
Motors, ali permanecendo até 1931. Em 1929, começou a escrever
no “Diário da Noite” de São Paulo e publicou a
primeira coleção de contos, O
escritor proibido, calorosamente recebida por Medeiros e Albuquerque, João Ribeiro, Menotti del Picchia e Sud Mennucci.
Seguiram-se a essa coletânea Garçon,
garçonnette, garçonnière, menção honrosa da Academia Brasileira de Letras,
e A cidade que o diabo esqueceu.
Em
1932 participou ativamente na Revolução Constitucionalista,
na qual foi aprisionado e transferido para o presídio de Ilha Grande, no Rio de
Janeiro, onde escreveu Não há de ser
nada, reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e Ilha Grande, jornal de um prisioneiro de
guerra. As duas obras projetaram Orígenes Lessa nos meios literários. Também em
1932 assumiu emprego de redator na N. Y. Ayer & Son, atividade que exerceu
durante mais de quarenta anos em sucessivas agências de publicidade.
Voltou
à atividade literária, publicando a coletânea de contos Passa-três, a novela O joguete e o romance O feijão e o sonho; obra que conquistou
o Prêmio Antônio de Alcântara Machado, tendo sucesso
extraordinário e foi adaptada como novela para a televisão.
Em
1942 mudou-se para Nova Iorque para trabalhar como redator na
rede NBC em
programas irradiados para o Brasil. Em 1943, retorna ao Rio de Janeiro, reunindo no volume Ok, América as reportagens e
entrevistas escritas nos Estados
Unidos. Também deu continuidade à sua atividade literária,
publicando novas coletâneas de contos, novelas e romances. A partir de 1970
dedicou-se também à literatura infanto-juvenil, chegando a publicar, nessa
área, quase 40 títulos, que o tornaram um autor conhecido pelas crianças e
jovens brasileiros.
Orígenes
Lessa foi ocupante da Cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 9
de julho de 1981, na sucessão de Osvaldo Orico e recebido pelo Acadêmico
Francisco de Assis Barbosa em 20 de novembro de 1981.
Foi
casado com a jornalista e cronista Elsie Lessa,
com quem teve um filho, o jornalista, cronista e escritor Ivan Lessa
(1935-2012). Também foi casado com Edith Thomas, com quem teve outro filho,
Rubens Lessa. Na ocasião de sua morte, estava casado com Maria Eduarda Lessa.
Foi sepultado em sua cidade natal, Lençóis Paulista, SP.
Recebeu
inúmeros prêmios literários: Prêmio
Antônio de Alcântara Machado (1939), pelo romance O feijão e o sonho; Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1955),
pelo romance Rua do Sol; Prêmio Fernando Chinaglia (1968),
pelo romance A noite sem homem; Prêmio Luísa
Cláudio de Sousa (1972), pelo romance O evangelho de Lázaro.
Orígenes
Lessa publicou as seguintes obras:
Contos,
romances e reportagens: O escritor
proibido, contos (1929); Garçon,
garçonnette, garçonnière, contos (1930); A cidade que o diabo esqueceu, contos (1931); Não há de ser nada, reportagem (1932); Ilha Grande, reportagem (1933); Passa-três,
contos (1935); O feijão e o sonho, romance (1938); Ok, América, reportagem (1945); Omelete em Bombaim, contos (1946); A desintegração da morte, novela (1948);
Rua do Sol, romance (1955); Oásis na mata, reportagem (1956); João Simões continua, romance (1959); Balbino, o homem do mar, contos (1960); Histórias urbanas, contos (1963); A noite sem homem, romance (1968); Nove mulheres, contos (1968); Beco da fome, romance (1972); O evangelho de Lázaro, romance (1972); Um rosto perdido, contos (1979); Mulher nua na calçada, contos (1984); O edifício fantasma, romance (1984); Simão Cireneu, romance (1986).
Ensaios:
Getúlio Vargas na literatura de cordel (1973);
O índio cor-de-rosa. Evocação de Noel
Nutels (1985); Inácio da
Catingueira e Luís Gama, dois poetas negros contra o racismo dos mestiços
(1982); A voz dos poetas (1984).
Literatura
infanto-juvenil (destaques): O sonho de
Prequeté (1934); Memórias de um
cabo de vassoura (1971); Napoleão
em Parada de Lucas (1971 ou 1972); Sequestro
em Parada de Lucas (1972); Memórias
de um fusca (1972); Napoleão
ataca outra vez (1972); A escada
de nuvens (1972); Confissões de
um vira-lata (1972); Aventuras
do Moleque Jabuti (1972); A floresta
azul (1972); Os homens de
cavanhaque de fogo (1972); O 13º
Trabalho de Hércules (1975); O
mundo é assim, Taubaté (1976); É
conversando que as coisas se entendem (1978); Tempo quente na floresta azul (1983).
Frases
de Orígenes Lessa:
“Fazer 80 anos significa apenas uma coisa:
que não se morreu antes.”;
"Eu reescrevo sempre. Anúncio, livro ou
conto. Não há linha no mundo que não possa ser melhorada.”;
“Hoje
não há mais ausência. Eu é que estive ausente Dele durante quase 50 anos. Mas
os problemas da vida me levaram a Ele. Foram problemas grandes, terríveis,
trágicos. E eu, já que não acreditava em mais nada, de repente vi que Ele
existia, que Ele atendia, que valeu a pena voltar a acreditar Nele";
“Literatura do Terceiro Mundo deve ser como a
literatura do quarto, do primeiro ou do quinto. Literatura é sempre a mesma
coisa. A postura da literatura em qualquer país deve ser acima de tudo, de
independência e de repulsa a qualquer forma de injustiça e manifestação de
corrupção...”;
"Para ser exato, devo dizer que
sofro de literatura hereditária ou adquirida, em segundo ou terceiro grau. Os
primeiros sintomas esboçaram-se muito cedo. Não se assuste! Meu primeiro livro,
eu escrevi aos oito anos e o pior é que foi em grego. Meu pai era professor de
grego no Liceu Maranhense.”;
"Não acredito em inspiração.
Acredito em mão-de-obra. Com facilidade maior ou menor, mas mão-de-obra.”.
(Fontes: Wikipedia; site Academia Brasileira de Letras; site Tiro de Letra)
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