“Finalmente
podemos ter uma visão do que permitiu aos Neandertais sobreviver! Se
atravessaram eras glaciais e sobreviveram a cataclismos climáticos foi porque
sua cultura e as restrições exteriores os levam a adotar uma estratégia de
mobilidade logística assim que as condições o permitirem, por exemplo, na boa
estação. Essas migrações aos saltos favoreciam os encontros com outros clãs.
Decerto, não devemos imaginar esses encontros como hostis, mas sim como festas
de trocas... culturais e genéticas. No resto do tempo, quando as condições eram
ruins, os Neandertais se fechavam sobre si mesmos, mantinham suas práticas,
reproduziam-se no interior do clã e exploravam o território numa escala mais
reduzida, residindo em cavernas mais do que ao ar livre. Se as culturas Neandertais
conseguiram se manter a longo prazo, foi provavelmente por serem extremamente
tradicionalistas, isto é, rígidas (a inovação era proscrita; procedia-se sempre
do mesmo jeito) e hiperespecializadas (cada um se limitava a seu papel) como as
dos inuítes. Os Neandertais não deveriam ter sobrevivido, mas, graças a essas
particularidades, sobreviveram.” (Condemi & Savatier, págs. 134 e 135)
Silvana Condemi e François Savatier, Neandertal, nosso irmão – Uma breve história do homem
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