Filósofo, ensaísta e escritor romeno, radicado na França. Pessimista, foi chamado de "arauto da miséria humana" por um jornal francês nos anos 1970.
Citações de Emil Cioran
“A história não passa de um desfile de falsos Absolutos, uma sucessão de
templos elevados a pretextos, um aviltamento do espírito ante o Improvável.
Mesmo quando se afasta da religião o homem permanece submetido a ela;
esgotando-se em forjar simulacros de deuses, adota-os depois febrilmente: sua
necessidade de ficção, de mitologia, triunfa sobre a evidência e o ridículo.”
(Genealogia do fanatismo em Breviário da Decomposição)
“Se todos os nossos atos – desde a respiração até a fundação de impérios
ou de sistemas metafísicos – derivam de uma ilusão sobre nossa importância, com
maior razão ainda o instinto profético. Quem, com a visão exata de sua
nulidade, tentaria ser eficaz e erigir-se em salvador?”
(O Antiprofeta em Breviário da Decomposição)
“Por que só podemos conhecer os homens nos grandes acontecimentos da
vida? Porque aqui a decisão e o cálculo racional não têm valor algum; tudo o
que deriva dos valores e critérios exteriores desaparece para dar lugar a
determinações mais profundas. É curioso que os homens exagerem o valor da
decisão, da atitude nos grandes acontecimentos, quando neles somos mais
irresponsáveis, estamos mais perto de nosso fundo irracional.”
(O Livro das Ilusões)
“Ninguém pode ser consolado, no momento da morte, pela ideia de sermos
todos mortais, assim como, num momento de sofrimento, ninguém encontra consolo
no sofrimento passado ou presente dos outros.”
(A medida do sofrimento em Nos cumes do desespero)
“Criar significa salvar-se provisoriamente das garras da morte.”
(Não poder mais viver em Nos cumes do desespero)
“Cada época tende a pensar que é, de algum modo, a última, que com ela
se fecha um ciclo ou todos os ciclos. Hoje, como ontem, concebemos mais
facilmente o inferno do que a idade de ouro, o apocalipse do que a utopia, e a
ideia de uma catástrofe cósmica nos é tão familiar quanto era para os budistas,
para os pré-socráticos ou para os estoicos.”
(Joseph de Maistre – Ensaio sobre o pensamento reacionário em Exercícios
de admiração)
“Há países que gozam de uma espécie de bênção, de graça: tudo lhes sai
bem, mesmo as desgraças, mesmo as catástrofes; há outros que não conseguem
cumprir-se, e cujos triunfos equivalem a fracassos. Quando querem afirmar-se e
dão um salto em frente, uma fatalidade exterior intervém para quebrar o seu
ímpeto e os reconduzir ao ponto de partida. Todas as oportunidades lhes são
subtraídas, mesmo a do ridículo.”
(Pequena teoria do destino em A tentação de existir)
“Essa espécie de mal-estar quando tentamos imaginar a vida cotidiana dos
grandes homens... Por volta das duas da tarde, o que fazia Sócrates?”
(O escroque de abismos em Silogismos da Amargura)
“O cético gostaria de sofrer, como o resto dos homens, pelas quimeras
que fazem viver. Não consegue: é um mártir do bom senso.”
(O escroque de abismos em Silogismos da Amargura)
“Un filósofo sólo puede evitar la mediocridad mediante el escepticismo o
la mística, essas dos formas de desesperación frente al conocimiento. La
mística es uma evasión fuera del conocimiento, el escepticismo um conocimiento
sin esperanza. Dos maneras de decidir que el mundo no es una solución.”
(De lágrimas y de santos)
“Cada um deve pagar pela
menor alteração que possa provocar em um universo criado para a indiferença e
para a estagnação: cedo ou tarde, ele se arrependerá de não tê-lo deixado
intacto. Isto é certo, no que se refere ao conhecimento, e mais certo ainda
quanto à ambição, pois atribuir-se direitos sobre os outros traz consequências
mais graves e mais imediatas do que tocar no mistério ou simplesmente na
matéria.”
(Escola dos tiranos em História e Utopia)
“Quando Mâra, o deus da
morte, busca por meio de tentações quanto ameaças arrancar do Buda o império do
mundo, este, para confundi-lo e desviá-lo de sua pretensões, lhe diz entre
outras coisas: “Terás sofrido pelo conhecimento?”Essa interrogação, a que Mâra
não podia responder, deveria ser sempre utilizada quando se quisesse medir o
valor exato de um espírito.”
(Máxima e retrato em Antologia do Retrato)
Fontes consultadas:
Cioran.
O Livro das Ilusões. Rio de Janeiro. Rocco Editora: 2014, 222 p.
Emil
Cioran. Nos cumes do desespero. São Paulo. Editora Hedra: 2012, 153 p.
Cioran.
Exercícios de admiração. Rio de Janeiro. Editora Guanabara: 1988, 128 p.
E.
M. Cioran. A tentação de existir. Lisboa. Relógios d’ Água Editores: s/d, 185
p.
Cioran.
Silogismos da Amargura. Rio de Janeiro. Rocco Editores: 1991, 93 p.
E.
M. Cioran. De lágrimas y de Santos. Buenos Aires.Tusquets Editores: 2008, 115
p.
Cioran.
História e Utopia. Rio de Janeiro. Editora Rocco: 1994, 142 p.
Cioran. Antologia do Retrato. Rio de Janeiro. Editora Rocco:1998, 251 p.
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