Os atos e o tempo

sábado, 27 de maio de 2017


Os atos e o tempo

Qualquer fato marcante do passado lembrado. Ou não tão marcante; a brincadeira com um cão, as palavras de um pai, um acontecimento singelo. Estão no passado, estão em nossa memória. Mas só isso? Aquele momento engraçado ou triste, acabou definitivamente? O que é o passado, o que já passou? Desapareceu?

Não existimos mais a não ser em nossas memórias.
Para as religiões este atos ficam de alguma maneira gravados em Deus, no carma ou outra entidade/estrutura eterna.
Para os esotéricos, nossos atos ficam gravados - assim como nossas experiências - em uma dimensão espiritual.

Para a ciência, provavelmente nada fica para trás. As estruturas atômicas formadas por partículas e formadoras dos pensamentos e das emoções - através de interações - desaparecem.

Como no mundo atômico tudo é efêmero, as estruturas que formavam ou que através de reações propiciavam determinadas percepções, desagregam-se e formam outra coisa.

Não se sabe se "algo" se agrega a cada átomo, próton, nêutron ou elétron.

Meio ambiente e tecnologias de informação

sábado, 20 de maio de 2017
"Cinismo é o máximo de sofisticação filosófica. Só ele se aproxima da verdade."  -  Millôr Fernandes  -  A Bíblia do caos

As tecnologias de informação englobam toda a linha de produtos eletrônicos e de informática e representam um dos mais importantes setores industriais. No Brasil, as tecnologias de informação (TI) movimentaram cerca de R$ 192 bilhões em 2014. O mercado brasileiro de TI é o sétimo maior do mundo em número de consumidores, representando 46% do faturamento do mercado de informática da América Latina. Em 2017, segundo especialistas, este mercado deverá movimentar cerca de R$ 236 bilhões; um aumento de 2,9% em relação a 2016.
Os maiores fabricantes (montadoras) de equipamentos de TI no Brasil são as empresas Dell, HP, Lenovo, Acer, Positivo, entre as principais. A fabricação de equipamentos eletrônicos foi de 9,4 milhões de unidades de PCs e tablets e de 70,3 milhões de celulares em 2014. A recessão econômica fez com que esses números tivessem uma redução significativa a partir de 2015, acumulando uma queda de mais de 30% em 2016.
O descarte de produtos eletrônicos e de informática constitui o que se chama de resíduos eletrônicos. O Brasil produzia em 2015 cerca de 2,5 kg de resíduos eletrônicos por habitante/ano (para uma população de 205 milhões de habitantes em 2015). Segundo dados da ONU, o Brasil produziu cerca de 1,4 milhão de toneladas de lixo eletrônico em 2014. A estimativa de órgãos do setor é que apenas 4% deste volume eram reciclados e uma parte desconhecida era vendida para recicladores localizados na China, Malásia, Paquistão e outros países.
Os resíduos eletrônicos tem forte impacto no meio ambiente. Se não forem devidamente dispostos, podem contaminar o solo e o lençol freático com produtos químicos e metais pesados. Mesmo assim, a reuso ou a reciclagem destes materiais ainda é bastante limitada. Foi só recentemente, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), criada em 2010 e que começa a ser definitivamente implantada a partir de 2018, que os resíduos de TI receberam atenção especial. Assim, o setor de informática apresentou proposta de implantar projetos de logística reversa ao Ministério do Meio Ambiente, a exemplo de vários outros setores da indústria (indústria papeleira, indústria de bebidas, etc). Os projetos de logística reversa estão em fase de implantação e envolvem todos os fabricantes e importadores de produtos de informática.
No entanto, ainda é reduzido o número de locais onde se faz a reciclagem de IT. Como ainda não existe a obrigatoriedade da lei, grande parte da população ainda não adquiriu o costume de reciclar seus equipamentos. Na maior parte das vezes, os equipamentos acabam sendo depositados em aterros sanitários ou lixões; estes últimos simples depósitos de resíduos, sem qualquer tipo de controle técnico.

A TI Verde, além da reciclagem, também inclui os conceitos de eficiência energética, ou seja, o desenvolvimento de equipamentos com menos consumo de energia, o reuso e a reciclagem de materiais e o desenvolvimento de processos produtivos e materiais menos poluentes, entre outros. A TI Verde abrange todo o ciclo de vida dos produtos de informática, desde a extração das matérias primas - petróleo e minerais - até o descarte dos equipamentos usado. Os grandes produtores de TI nos Estados Unidos, Japão e Europa, estão preocupados em diminuir o impacto ambiental dos seus produtos durante todo o ciclo de produção e consumo. O grande indutor deste processo no Brasil seria a efetiva implantação da PNRS, fazendo com que fabricantes, comerciantes e consumidores sejam obrigados a adotar práticas mais sustentáveis.
(Imagens: pinturas de Liu Maoshan)

Percepções

sábado, 13 de maio de 2017
Percepções

Nossas percepções e ideias, incluindo a Ciência e nossa vida cotidiana, não são mais do que generalizações sobre uma realidade que intuímos, mas que foge definitivamente à nossa apreensão.

A cultura é uma sofisticada elaboração intelectual sobre nossa percepção do mundo.

Conclusão: pouco sabemos do “que é” e nos atemos apenas àquela pequena visão parcial, que temos através de nossa percepção e dos instrumentos desta.

Nova política industrial para montadoras

sábado, 6 de maio de 2017
"Grande é aquele que sobrepuja o temível. Sublime é aquele que, mesmo sucumbindo, não teme".  Friedrich Schiller  -  Do sublime ao trágico

Em abril último, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) lançou um novo programa de incentivo à inovação na indústria automobilística, que a partir de janeiro de 2018 deverá substituir o atual INOVAR-Auto. O novo mecanismo, batizado como Rota 2030, prevê, entre outras coisas, novos critérios na cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de veículos.  
O INOVAR-Auto, vigente entre janeiro de 2013 e dezembro de 2017, havia sido criado, principalmente, para defender a cadeia produtiva nacional dos carros importados chineses. Entre outros aspectos, o programa introduzia um adicional no IPI incidente sobre veículos, que seria descontado caso fossem utilizados componentes nacionais na montagem do automóvel. Caracterizado como barreira comercial, o INOVAR-Auto foi condenado pela Organização Mundial do Comércio.
O programa também previa incentivos tributários para empresas que fizessem mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), aumentassem os gastos em engenharia, tecnologia básica e capacitação de fornecedores. No entanto, ainda são bastante esparsas e limitadas as informações sobre os resultados efetivos do INOVAR-Auto. Em consulta ao site do "Sistema de Acompanhamento do INOVAR-Auto", não coseguimos obter qualquer informação preliminar sobre o andamento e os atuais resultados do programa. No site do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), (http://www.mdic.gov.br/competitividade-industrial/principais-acoes-de-desenvolvimento-industrial/brasil-produtivo/acordos-internacionais-3), na página referente ao programa, a aba "Avaliação do Programa INOVAR-Auto" também não consta qualquer tipo de informação. Mesmo assim, o governo afirma que com o programa foram realizados investimentos de R$ 13 bilhões em P&D no setor automobilístico.
Vale ressaltar que o programa pegou a indústria montadora de veículos do contrapé da crise econômica. A cadeia produtiva deste setor da economia é responsável por cerca de 22% do PIB industrial brasileiro, mas desde 2012 amarga uma queda de 42% na produção de veículos, teve que demitir cerca de 35,9 mil trabalhadores e opera com uma ociosidade de mais de 50% de seu parque produtivo.
A nova política industrial para as montadoras, a ser lançada através do programa Rota 2030, estabelecerá metas mais ambiciosas para a indústria, segundo declarações do Mdic. Os investimentos em P&D deverão ser dirigidos para segmentos específicos, como o da eletrônica embarcada, onde o Brasil não tem fabricantes locais. Também será estimulada a vinda de novos fornecedores, a fim de cobrir áreas nas quais a indústria brasileira ainda tem lacunas tecnológicas.

Uma das mais importantes providências do Rota 2030 é a federalização da inspeção veicular, tarefa que atualmente vinha sendo desempenhada - em pouquíssimos lugares - pelos governos estaduais e municipais. Seguindo aquele velho princípio de administração, que diz que só se controla o que se mede, a providência é mais que urgente. O Brasil tem hoje uma frota de mais de 51 milhões de veículos, com idade média de oito anos. Apesar de não ser um item significativo no cômputo geral das emissões de gases do país, as emissões veiculares contribuem significativamente para piorar a qualidade do ar nas áreas metropolitanas, indiretamente causando milhares de mortes a cada ano.
(Imagens: pinturas de Lesser Ury)