Euclides da Cunha (1866-1909)

domingo, 30 de abril de 2023

 

Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866 e morreu em  15 de agosto de 1909 na mesma cidade. Era filho de Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha e Eudóxia Alves Moreira da Cunha.

Em 1883 ingressa no Colégio Aquino, onde foi aluno de Benjamin Constant, que muito influenciou a sua formação, apresentando-o à filosofia positivista. Em 1885, ingressa na Escola Politécnica, e no ano seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, onde novamente encontra Benjamin Constant como professor. Ingressou no jornal “A Província de S. Paulo” — hoje “O Estado de S. Paulo” — enquanto recebia título de bacharel e primeiro-tenente. Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclydes negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina. Em 1888, desligou-se do Exército.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu tornar-se primeiro-tenente e bacharel em MatemáticasCiências físicas e naturais. Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Sólon Ribeiro, um dos líderes da proclamação da República. Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Em 1897, tornou-se jornalista correspondente de guerra e cobriu alguns dos principais acontecimentos da Guerra de Canudos, conflito dos sertanejos da Bahia liderado pelo religioso Antônio Conselheiro contra o Exercito Brasileiro. Os escritos de sua experiência em Canudos renderam-lhe a publicação de “Os Sertões”, considerado uma obra notável do movimento pré-modernista que, além de narrar a guerra, relata a vida e sociedade de um povo negligenciado e esquecido pela metrópole.

Reconhecido por seu trabalho, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1903. Viajou para a região norte do Brasil em uma campanha de demarcação de suas fronteiras, a qual chefiou. Esta experiência resultou em sua obra póstuma “À Margem da História”, onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.

Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides prestou concurso para assumir a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides foi nomeado. Após a morte de Euclides, Farias acabaria ocupando a cátedra em questão.

Foi eleito em 21 de setembro de 1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18 de dezembro de 1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.

Seu casamento com Ana Emília Ribeiro foi marcado pela infidelidade de sua esposa, que teve dois filhos fora do casamento, frutos de seu caso extraconjugal com o militar Dilermando de Assis. Ao saber do caso, Euclydes tentou assassinar o amante de sua esposa, contudo foi morto por este em 15 de agosto de 1909, no que ficou conhecido como "Tragédia da Piedade".

Obras de Euclides da Cunha: Os Sertões, 1902; Contrastes e Confrontos, 1906; Peru Versus Bolívia, 1907; Castro Alves e o Seu Tempo, 1908; À Margem da História, 1909.

 

Frases de Euclides da Cunha

 

Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos.” Os Sertões;

Não há exemplo mais típico de um progresso às recuadas. Vamos para o futuro sacrificando o futuro, como se andássemos nas vésperas do dilúvio. Iludimos a crise financeira e o preço alto do carvão de pedra atacando em cheio a economia da terra, e diluindo cada dia no fumo das caldeiras alguns hectares de nossa flora.” Contrastes e confrontos;

Amazônia, ainda sob o aspecto estritamente físico, conhecemo-la aos fragmentos.” À margem da história;

A exploração capitalista é assombrosamente clara, colocando o trabalhador num nível inferior ao da máquina.” Contrastes e confrontos;

Há alguma coisa extraterrestre naquela natureza anfíbia, misto de água e de terras, que se oculta, completamente nivelada, na sua própria grandeza. E sente-se bem que ela permaneceria para sempre impenetrável se não se desentranhasse em preciosos produtos adquiridos de pronto sem a constância e a continuidade das culturas. As gentes que a povoam talham-se-lhe pela braveza. Não a cultivam, aformoseando-a: domam-na.” À margem da história;

O sertão é o homizio. Quem lhe rompe as trilhas, ao divisar à beira da estrada a cruz sobre a cova do assassinado, não indaga do crime. Tira o chapéu, e passa.” Os Sertões.


 

Fontes consultadas: Wikipedia; site ebiografia - Dilva Frazão; site Academia Brasileira de Letras; livros “Os sertões”, “À margem da história”; “Migalhas de Euclides da Cunha” e Site Pensador)

Evolução e agricultura

sábado, 29 de abril de 2023

 

"A vida resumida do homem é um capítulo instantâneo da vida de sua sociedade..."   -   Euclides da Cunha   -   Os Sertões        


Em qualquer comunidade as pessoas defendem prioritariamente seus interesses. Isso é natural, ligado ao instinto de preservação do indivíduo, da família ou do grupo social a que pertença – o clã, a tribo, o clube de futebol, o partido político, a igreja, o bairro onde mora, etc. Por vezes é possível até aderir às causas de outros grupos, desde que haja uma coincidência de interesses. Como, por exemplo, numa guerra na qual diversas tribos, povos ou países se aliam, para derrotar um adversário comum, e depois da vitória voltarem à defesa de seus objetivos específicos – muitas vezes combatendo aliados de há pouco. É assim que as sociedades funcionam desde milênios.

No passado remoto, no período Paleolítico, quando os sapiens ainda não haviam inventado a agricultura e viviam em bandos de caçadores-coletores, esta luta por conflitos de interesses era menor. Os primeiros passos do homem na dominação da natureza muito provavelmente começaram com o uso de paus e pedras para acuar e abater sua caça. Gradualmente, ao longo de dezenas ou centenas de milhares de anos, não sabemos, nossos antepassados descobriram que lascando pedras era possível obter pontas de lanças e objetos cortantes eficientes para fatiar a carne. Em paralelo a este desenvolvimento tecnológico deve ter ocorrido a dominação do fogo, aproximadamente em torno de um milhão de anos no passado.

Diferentemente do que imaginamos, baseados no ritmo das mudanças em tempos modernos, tais avanços tecnológicos no uso das ferramentas ocorriam muito vagarosamente. Silvana Condemi, paleoantropóloga e François Savatier, jornalista especializado em ciências, em seu livro Neandertal, nosso irmão – Uma breve história do homem escrevem que “a modelagem dos utensílios de pedra neandertais era complicada e sutil (...)” e que “(...) Curiosamente, o conjunto dessas técnicas - a que os pré-historiadores nomeiam indústria musteriense – se manteve quase idêntico por 300.000.” Os aperfeiçoamentos das ferramentas ocorriam de forma bastante vagarosa, ao longo de centenas de gerações. Assim, durante milênios, nossos antepassados – para a formação do homem moderno contribuíram diversas espécies de hominídeos do grupo homo – foram aperfeiçoando, através da prática, a eficácia de suas técnicas de sobrevivência.

Dentro destes antigos agrupamentos hominídeos e humanos, os bandos, quase não havia pelo que lutar, já que inexistiam propriedades e quase tudo era de uso comunitário. É o comunismo primitivo, ao qual Friedrich Engels faz referência em sua obra A origem da família, da propriedade privada e do Estado mostrando a ausência de Estado e das classes sociais. Outro autor a tratar do tema, é o cientista político americano contemporâneo Francis Fukuyama, que em seu livro As origens da ordem política escreve:

“Dentro de um grupo local de bando não há nada que se assemelhe às trocas econômicas modernas, nem nada parecido com o individualismo moderno. Não havia nenhum Estado para tiranizar as pessoas nesta fase do desenvolvimento político; na verdade os seres humanos experimentavam aquilo que o antropólogo social Ernest Gellner chamou de ‘tirania dos primos’. Isto é, seu mundo social se limitava aos círculos de parentes que determinavam o que fazia, com quem se casava, como adorava Deus e praticamente tudo o mais na vida. As atividades de caça e coleta são realizadas por famílias ou grupos de famílias.” (Fukuyama, pág. 72).

Premido pelo gradual desaparecimento de caça, que começa a rarear e se afastar para regiões setentrionais mais frias com o final do último período glacial há cerca de 10 mil anos, os humanos, provavelmente as mulheres destes bandos, inventaram ou descobriram a agricultura. Presume-se que este processo ocorreu através da observação do crescimento de plantas, cujas sementes coletavam e consumiam. Onde no verão passado tinham deixado cair sementes de um vegetal; trigo, arroz, sorgo ou painço, agora haviam plantas destas mesmas gramíneas. Assim, o que fizeram, foi repetir o procedimento em escala maior com o objetivo de obter grande número de sementes, o que funcionou. No período de cerca de 10.000 AEC até 4.000 AEC, segundo o biólogo Edward O. Wilson em seu livro The social conquest of Earth (A conquista social da Terra), a agricultura e a domesticação de animais foram inventadas de maneira independente em oito locais do planeta. Nas Américas, entre os indígenas do Leste dos Estados Unidos, aproximadamente em 4.000 AEC; na Mesoamérica em 8.000 AEC e na costa Oeste da América do Sul em cerca de 7.000 AEC. Na África subsaariana por volta de 7.000 AEC e no Oriente Médio em 9.000 AEC. Na Ásia entre 8.000 e 7.500 AEC (na China, em dois locais) e em 6.500 AEC na Oceania (Nova Guiné). Sobre esta segunda revolução (a primeira foi o domínio do fogo) na história da espécie humana escrem os especialistas Mazoyer e Roudart:

Entre 10.000 e 5.000 anos antes da nossa Era, algumas dessas sociedades neolíticas tinham, com efeito, começado a semear plantas e manter animais em cativeiro, com vistas a multiplica-los e utilizar seus produtos. Nessa mesma época, após algum tempo, essas plantas e esses animais especialmente escolhidos e explorados foram domesticados e, dessa forma, essas sociedades de predadores se transformaram por si mesmas, paulatinamente, em sociedades de cultivadores.” (Mazoyer & Roudart, pág.70).

Em algumas localidades do planeta, notadamente na China, no Oriente Médio e na Mesoamérica, a invenção da agricultura levou também à formação de grandes centros urbanos. A partir do V milênio AEC a região situada entre os rios Tigris e Eufrates, na Mesopotâmia (atual região compreendendo o Iraque, parte da Síria e do Irã), viu o aparecimento de dezenas de cidades que ao longo dos séculos seguintes evoluíram para cidades-estados. Nelas, em paralelo ao desenvolvimento político, a religião também tomou formas mais sofisticadas: surgiram as divindades protetoras das cidades, em torno das quais se organizou um corpo de sacerdotes que gerenciava toda produção agrícola, sua armazenagem e distribuição. Os religiosos também detinham o monopólio do conhecimento da época, como a matemática, a medicina a astronomia e a arquitetura da construção de templos. As cidades-estados também instituíram os primeiros exércitos formados por guerreiros profissionais, mantidos pelo Estado. Em suma, uma estrutura politico-administrativa cujo objetivo era manter a hegemonia da elite governante e da elite religiosa, através do trabalho do povo na agricultura e outros serviços necessários à cidade (oleiros, marceneiros, pedreiros, carregadores, balseiros, etc.). Desta estrutura político-social e econômica, que se espalhou por outras regiões do globo, evoluíram os primeiros impérios e se desenvolveram novas tecnologias agrícolas, de construção, de metalurgia, navegação, bélicas, etc., e avançaram os conhecimentos teóricos, ao longo da história humana até hoje. Tudo começou com a invenção da agricultura.

No entanto, há historiadores que apontam para o fato de que a invenção da agricultura não trouxe somente benefícios para a humanidade. Escreve o historiador Yuval Noah Harari em seu clássico Uma breve história da humanidade:

“Os caçadores-coletores conheciam os segredos da natureza muito antes da Revolução Agrícola, já que sua sobrevivência dependia de um conhecimento íntimo dos animais e das plantas que coletavam. Em vez de prenunciar uma nova era de vida tranquila, a Revolução Agrícola proporcionou aos agricultores uma vida em geral mais difícil e menos gratificante dos caçadores-coletores. Estes passavam o tempo com atividades mais variadas e estimulantes e estavam menos expostos à ameaça de fome e doença. A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram em uma dieta melhor ou mais lazer.” (Harari, pág. 89).

Ficam algumas perguntas que, baseados nos conhecimentos que hoje temos das ciências podemos fazer, como:

A humanidade teria sobrevivido se não tivéssemos desenvolvido a agricultura?

Na condição de nômades caçadores-coletores, teríamos desenvolvido uma tecnologia sofisticada, aumentando as possibilidades de sobrevivência?

Por quanto tempo a espécie homo teria perdurado, já que as fontes de alimentação estariam cada vez mais escassas, como provam extinções de animais provocadas por nossos antepassados?

Sem a invenção da agricultura, muito provavelmente não estaríamos aqui hoje.


Fontes consultadas:

Silvana Condemi e François Savatier. Neandertal, nosso irmão – Uma breve história do homem. Editora Vestígio. São Paulo: 2018, 236 p.

Fukuyama, Francis. As origens da ordem política. Editora Rocco. Rio de Janeiro: 2013, 589 p.

Wilson, E.O. The social conquest of Earth. Liveright Publishing Corp. New York, NY: 2012, 331 p.

Mazoyer, M. Roudart L. História das agriculturas no mundo – Do neolítico à crise contemporânea. Editora Unesp. São Paulo: 2008, 567 p.

Harari, Noah Yuval. Sapiens – Uma breve história da humanidade. L&PM Editores. Porto Alegre: 2012, 459 p. 


(Imagens: pintura primitivista americana)

A moeda mais poderosa

sexta-feira, 28 de abril de 2023


(Fonte: Getty Images)

Como o dólar se tornou a moeda mais usada no mundo? Leia o artigo Dólar: por que é a moeda mais poderosa do mundo e entenda:

https://inteligenciafinanceira.com.br/siga/videos/dolar-moeda-mundial/

Foi nisso que deu a "Reforma" Trabalhista"!

quinta-feira, 27 de abril de 2023

 


(Fonte: Blog da KikaCastro)

The sky is crying - Crow

quarta-feira, 26 de abril de 2023

 As melhores músicas do rock


Crow

Album: Mosaic (1971)

Música: The sky is crying




https://www.youtube.com/watch?v=WqwhV7m2XmY


Crow foi uma banda de rock norte-americana formada em 1968 em Minnesota. A formação "histórica" é composta por Dave Wagner (vocais), Dick Wiegand (guitarra), Dave "Kink" Middlemis (teclados), Larry Wiegand (baixo) e Denny Craswell (bateria). Posteriormente, houve numerosas mudanças na banda, e em 1972 a banda acabou. Em 1972/1973 Dave Wagner gravou um disco solo.

A banda é conhecida pela canção Evil Woman adaptada por Black Sabbath em seu primeiro disco Black Sabbath. Outras músicas são: Cottage cheese, Don't try to lay no boogie woogie-on, the king of rock and roll, Easy street, Gone gone gone, and Slow down.

 

(Fonte do texto: EverybodyWiki)

Geraldo de Barros (1923-1998)

terça-feira, 25 de abril de 2023



Conheça mais sobre a vida e obra do artista no link GUIA DAS ARTES abaixo:

https://www.guiadasartes.com.br/geraldo-de-barros/obras-principais

Leituras diárias

segunda-feira, 24 de abril de 2023


 

“Para Lévi-Strauss, a antropologia deve buscar as propriedades fundamentais que subjazem à imensa variedade dos produtos culturais, já que, se eles são produzidos por cérebros humanos, deve então haver entre eles, mesmo os das mais diferentes culturas, elementos comuns que compartilham num nível mais profundo, quer dizer numa estrutura lógica profunda que, escondida sob a superfície da variação e da diferença, a gera, prediz e explica sua transformação. São os universais que, como Chomsky, Lévi-Strauss também vai buscar nos estudos de Roman Jakobson, ligado à Escola de Praga e com quem ele conviveu nos anos 1940 na Nova Escola de Pesquisa Social de Nova York.” (Blanché, pág. 19)

 

Robert Blanché, Estruturas Intelectuais – Ensaio sobre a organização sistemática dos conceitos (do prefácio de Georges Davy)


Dia Mundial do Livro

domingo, 23 de abril de 2023


 

Lima Barreto (1881-1922)

 


Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de janeiro em 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade em 1 de novembro de 1922. Foi jornalista e escritor brasileiro, com larga e variada produção literária, publicada em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX.

A maior parte de sua obra foi redescoberta e publicada em livro após sua morte por meio do esforço do escritor e historiador Francisco de Assis Barbosa, que junto com outros pesquisadores levou Lima Barreto a ser considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. O escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948) também teve um importante papel na divulgação da obra de Lima Barreto.

Lima Barreto era filho de João Henriques de Lima Barreto, que ganhava a vida como tipógrafo, tendo aprendido a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o periódico "A Semana Ilustrada". Sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª série e que veio a falecer quando Lima Barreto tinha apenas seis anos. O pai do futuro escritor era monarquista, ligado ao visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. De sua infância, Lima Barreto traz lembranças de um período no Segundo Reinado de Dom Pedro II, bem como da participação da Princesa Isabel na Abolição da Escravatura. Estas impressões contribuíram para que Lima Barreto tivesse uma visão bastante crítica em relação ao regime republicano.

O futuro escritor cursou seus estudos secundários no Colégio Dom Pedro II. Mais tarde, foi cursar Engenharia na Escola Politécnica. No entanto, foi obrigado a abandonar o curso para ajudar sua família com as despesas. Lima Barreto também foi funcionário da Secretaria do Ministério da Guerra.

Em abril de 1907, Lima Barreto fez suas primeiras contribuições para uma revista de grande circulação, ao se tornar secretário da “Fon-Fon”, a pedido do poeta e jornalista Mário Pederneiras (1867-1915). Contudo, sua estadia na revista não durou muito, já que em junho do mesmo ano, sentindo-se desvalorizado, demite-se e, em outubro, lança a revista “Floreal”, da qual foi o diretor e principal contribuinte. Além destas, Barreto também contribuiu para as revistas “A.B. C”. e “Careta”.

Em 1911, Barreto publica seu romance Triste Fim de Policarpo Quaresma nas páginas do “Jornal do Commercio”, pagando do próprio bolso a edição em livro lançada em dezembro de 1915. Nessa época, tornaram-se mais agudas as crises de alcoolismo e depressão do escritor, o que provocou sua primeira internação no hospício em 1914. Em 1916, colaborou com a revista “ABC”, publicando alguns textos em periódicos de viés socialista. Passados quatro anos de sua primeira internação no Hospital dos Alienados, devido ao alcoolismo, seus problemas de saúde pioraram e Lima Barreto foi aposentado em dezembro de 1918. No ano seguinte, 1919, publicou o romance Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá pela editora Revista do Brasil, pertencente ao escritor Monteiro Lobato.

Os períodos de internação no hospício resultaram na composição de diversos diários e no romance inacabado Cemitério dos Vivos, do qual trechos foram publicados em 1921. No mesmo ano o autor apresentaria sua terceira candidatura à Academia Brasileira de Letras (nas duas tentativas anteriores, fora preterido; nesta última, o próprio escritor desistiria antes das eleições).

De 1909 a 1922 foi excluído da crítica oficial com um "silêncio implacável" quanto aos seus escritos. Em sua época não era fácil ter um original aceito pelos maiores editores do Rio, e ele, como vários outros, apelou para publicações em Portugal com sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Sua posição combativa e sua crítica custaram-lhe a marginalidade e a indiferença da então elite cultural. Com relação a este comportamento Lima Barreto respondia com sua famosa afirmação em artigo publicado no dia 6 de junho de 1922 na Revista Careta: "O Brasil não tem povo, tem público". Foi somente após sua morte que a obra deste grande escritor foi devidamente valorizada.

Com a saúde cada vez mais debilitada, Lima Barreto faleceu de um colapso cardíaco no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos, em sua casa, no bairro de Todos os Santos, no Rio de Janeiro

Em dezembro de 1922, Jacinto Ribeiro dos Santos publicou Os Bruzundangas, com uma nota afirmando que se tratava do último livro que Lima Barreto havia revisado: o prefácio, contudo, indicava que o manuscrito fora completado em 1917. Além deste, também foram publicados Bagatelas, em 1923, e Clara dos Anjos, serializado entre 1923 e 1924 na revista “Santa Cruz”, mas escrito entre dezembro de 1921 e janeiro de 1922.

A maior parte de seus escritos, tais como Cemitério dos VivosDiário Íntimo e parte da correspondência pessoal, foram publicados postumamente entre as décadas de 1940 e 1950, a partir de pesquisas de Francisco de Assis Barbosa, um de seus principais biógrafos.

As obras de Lima Barreto apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos. São pautadas, em grande parte, na temática social, expressando muitas injustiças como preconceito e o racismo. Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo. Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o nacionalista ufanista então (e ainda hoje) vigente.

 

As principais obras de Lima Barreto incluem:

Romances: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909); Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911); Numa e a Ninfa (1915); Clara dos Anjos (1922/1948), póstumo.

Novelas: O Subterrâneo do Morro do Castelo (1905/1997), póstumo; As Aventuras do Dr. Bogoloff (1912/1950), póstumo; Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919).

Teatro: Casa de Poetas (1951), póstumo; Os Negros (1951), póstumo.

Coletâneas de contos: Histórias e Sonhos (1920); O homem que sabia javanês e outros contos (1997), póstumo.

Coletâneas de crônicas: Bagatelas (1923), póstumo; Os Bruzundangas (1923), póstumo; Feiras e Mafuás (1953), póstumo; Marginália (1953), póstumo; Vida Urbana (1953), póstumo; Coisas do Reino de Jambon (1956), póstumo; Impressões de Leitura (1956), póstumo; Sátiras e outras subversões: textos inéditos (2016), póstumo; Memórias e correspondência Diário Íntimo (1953), póstumo; Cemitério dos Vivos (1956), póstumo e inacabado; Correspondência (1956), póstumo, 2 volumes.

 

Frases de Lima Barreto:

O Brasil não tem povo, tem público.”;

Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.”;

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.”;

Ele alegrou os outros e nunca teve alegria.”;

Esta vida é absurda e ilógica; eu já tenho medo de viver, Adelaide. Tenho medo, porque não sabemos para onde vamos, o que faremos amanhã, de que maneira havemos de nos contradizer de sol para sol... (...)
Além do que, penso que todo este meu sacrifício tem sido inútil. Tudo o que nele pus de pensamento não foi atingido, e o sangue que derramei, e o sofrimento que vou sofrer toda a vida, foram empregados, foram gastos, foram estragados, foram vilipendiados e desmoralizados em prol de uma tolice política qualquer...Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a sua brutalidade e fealdade.
”;

Esta nossa sociedade é absolutamente idiota.”

 

 

Fontes consultadas: Wikipedia; site Toda Matéria; site eBiografia – Dilva Frazão; site Pensador)

Giacomo Leopardi (1789-1837)

sábado, 22 de abril de 2023

 


Poeta, ensaísta e filósofo italiano. Seus textos refletem o pessimismo e o ceticismo deste grande autor da literatura italiana.


Citações de Giacomo Leopardi

 

O primeiro motivo por que se está disposto a ajudar outro nas devidas ocasiões é a alta apreciação que se tem de si mesmo.”;

Por minha própria natureza, não estou longe da dúvida mesmo sobre as coisas consideradas indubitáveis.”;

O mais sólido prazer desta vida é o prazer vão das ilusões.”;

A morte não é um mal: porque liberta o homem de todos os males, e ao mesmo tempo que o bem tira-lhe os desejos. A velhice é o pior dos males: porque priva o homem de todos os prazeres, deixando-lhe deles todos os apetites; e traz consigo todas as dores. Não obstante, os homens temem a morte e desejam a velhice.”;

Não apenas os homens, mas o gênero humano foi e sempre será necessariamente infeliz. Não apenas o gênero humano, mas todos os animais. Não apenas os animais, mas todos os seres a seu modo. Não os indivíduos, mas as espécies, os gêneros, os reinos, os sistemas, os mundos...”;

Natureza nobre é aquela / que tem coragem / de olhar nos olhos / o destino comum, e que com franca língua, / sem subtrair nada da verdade, / confessa o mal que nos foi dado como destino / e a condição baixa e frágil do homem.”;

Não há nada que demonstre tão bem a grandeza e a potência do intelecto humano, nem a superioridade e a nobreza do homem, como o fato de ele poder conhecer, compreender por completo e sentir fortemente a sua exiguidade.”;

Parece contraditório, mas é bastante verdadeiro: Como toda a realidade é um nada, não existe nada verdadeiro, nada que tenha duração neste mundo, além da imaginação.”;

Eu estava muito assustado por estar cercado pelo nada, um nada também eu mesmo. Me sentia como que sufocado, quando considerei e senti de que tudo é nada, o nada estabelecido.”;

Mesmo a variação das ações, das ocupações e dos sentimentos apesar de não nos libertar do tédio, porque não nos traz distração verdadeira, alivia-o, tornando-o menos pesado.”;

“(...) do mesmo modo que não fizeste esta casa para mim não precisarias ter-me convidado. Porém, uma vez que espontaneamente desejaste que eu morasse aqui, não te competia providenciar, na medida de tuas possiblidades, para que eu vivesse sem sofrimento e sem perigo? Ora digo que sei muito bem que não fizeste o mundo a serviço dos homens, ao contrário, creio que o tenhas feito e ordenado expressamente para atormentá-los. Então pergunto: por acaso te pedi que me pusesses no universo ou me intrometi nele violentamente contra a tua vontade? Mas, sem o meu conhecimento, de maneira que eu nada pudesse consertar ou recusar, tu por vontade própria, com as tuas mãos, me colocaste nele.”;

Mas como os mortais no primeiro momento de cada dia readquirem uma parte da juventude, assim envelhecem todos os dias e finalmente se extinguem; igualmente o universo no princípio de cada ano renasce e nem por isso deixa de continuamente envelhecer. Tempo virá em que ele e a própria natureza se apagarão. Assim como de grandes reinos e impérios humanos com seus movimentos maravilhosos, famosíssimos em outros tempos, nada resta hoje, de indícios ou fama; o mesmo, do mundo inteiro, dos acontecimentos infinitos e das calamidades das coisas criadas, não restará um vestígio sequer. Apenas um silêncio nu e uma altíssima quietude encherão o espaço imenso. Assim esse arcano admirável e espantoso da existência universal, antes de ser declarado ou compreendido, se extinguirá e perderá.”.

 

 

[Fontes dos textos: Site Pensador; livro "Zibaldone" (em alemão “Das Gedankenbuch” – tradução dos textos por Ricardo E. Rose); livro "Opúsculos morais"]

O eterno ciclo do consumo

sexta-feira, 21 de abril de 2023


 
(Fonte: iPiadas)

O que é nacionalismo?

quinta-feira, 20 de abril de 2023


 (Fonte: Pressenza)


Leia o artigo Nacionalismo: o que é? no link abaixo:

https://www.politize.com.br/nacionalismo/

Nascimento e morte - Banda Veludo

quarta-feira, 19 de abril de 2023

 As melhores músicas do rock


Banda Veludo

Álbum: Nascimento e morte (2023)

Música: Nascimento e morte




https://www.youtube.com/watch?v=mK7mwM0T2BU


Comparada a Os Mutantes, O Terço e Som Nosso de Cada Dia, Veludo esteve ativa no eixo Rio-São Paulo de 1974 a 1978. O grupo surgiu a partir dos grupos Antena Coletiva e Veludo Elétrico, esse último contava com Lulu Santos e Paul de Castro. As principais músicas do grupo foram reunidas em um CD relançado em 2023.

 

(Fonte: Jornal O Estado de Minas – Cultura e editor do blog)

Antonio Bandeira (1922-1967)

terça-feira, 18 de abril de 2023

 


Conheça mais sobre a vida e obra do artista no link GUIA DAS ARTES abaixo:

https://www.guiadasartes.com.br/antonio-bandeira/biografia

Leituras diárias

segunda-feira, 17 de abril de 2023


 

“Mas, perante a humanidade, perante o cristianismo, perante os direitos dos povos civilizados, perante as normas fundamentais de nosso regime, ninguém, por mais bárbaros que sejam seus atos, decai do abrigo da legalidade. Todos se acham sob a proteção das leis, que, para os acusados, assenta na faculdade absoluta de combaterem a acusação, articularem a defesa e exigirem a fidelidade à ordem processual. Esta incumbência, a tradição jurídica das mais antigas civilizações a reservou sempre ao ministério do advogado. A este, pois, releva honrá-lo, não só arrebatando à perseguição os inocentes, mas reivindicando, no julgamento dos criminosos, a lealdade às garantias legais, a equidade, a imparcialidade, e humanidade.” (Barbosa, pág. 32)

 

Rui Barbosa, O dever do advogado

Alberto Torres (1865-1917)

domingo, 16 de abril de 2023

 



Alberto de Seixas Martins Torres nasceu em Itaboraí (RJ) em 26 de novembro de 1865 e faleceu em 29 de março de 1917 em Rio de Janeiro.  Foi jornalista, político e advogado. Era filho de Manuel Martins Torres, que foi vice-presidente no governo de José Porciúncula.

Iniciou os seus estudos no Rio de Janeiro. Matriculou-se, em 1880, em Medicina e cursou por apenas dois anos, vindo a abandonar este curso. Mudou-se para São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito. Por essa época também deu início à sua atividade jornalística, escrevendo para jornais como "O Caiçara", "A Ideia", "O Constitucional" e "A República". Bacharelou-se pela mesma Faculdade de Direito de São Paulo em 1886.

Regressando ao Rio de Janeiro, trabalhou como advogado no escritório de dois renomados profissionais, doutores Tomás Alves e Ubaldino do Amaral. Em 1889 foi nomeado promotor público, mas não aceitou. No mesmo ano, foi candidato a deputado pelo quarto distrito, sendo derrotado.

Entusiasta dos ideais republicanos, Alberto Torres funda em 1889, juntamente com outros jornalistas, o jornal "O Povo". Após a Proclamação da República, Torres torna-se deputado da Assembleia Constituinte fluminense instalada em 1º de março de 1892, exercendo cargo de deputado estadual até o ano seguinte. Em 1894 é eleito e inicia seu mandato de deputado federal. Em 1895, o então presidente da RepúblicaPrudente de Morais nomeia Alberto Torres para o cargo de Ministro da Justiça e Negócios Interiores (30 de agosto de 1896 a 7 de janeiro de 1897), demitindo-se pouco tempo depois, em protesto pela intervenção na cidade de Campos dos Goytacazes decretada pelo vice-presidente Manuel Vitorino.

Casou-se em 1890 com Maria José Xavier da Silveira, tendo três filhos: Alberto Torres Filho, Maria Alberto Torres e Heloísa Alberto Torres.

Entre 31 de dezembro de 1897 e 31 de dezembro de 1900 exerceu o mandado de presidente (atual governador) do estado do Rio de Janeiro, sucedido por Quintino Bocaiuva. No ano seguinte, por decreto de 30 de abril de 1901, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo do qual se afastou em 1907, por motivos de saúde. Viajou à Europa e quando retornou ao Brasil foi concedida sua aposentadoria, por decreto de 18 de setembro de 1909, quando tinha 43 anos de idade.

Foi ainda membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) desde 1911 e ao abandonar a vida pública, Alberto Torres passou a dedicar-se exclusivamente ao estudo dos problemas políticos e sociológicos brasileiros. Em sua atividade intelectual, Alberto Seixas foi um pensador social brasileiro preocupado com questões da unidade nacional e da organização social brasileira. Teve importância substancial para a consolidação do nacionalismo brasileiro, com uma análise aprofundada do problema nacional e um programa pormenorizado de organização nacionalista do Brasil. Foi o inspirador de uma geração de nacionalistas da direita e da esquerda, influenciando decisivamente o pensamento de pensadores e ativistas como Plínio Salgado e Nelson Werneck Sodré. Além disso, foi o principal mentor do historiador e sociólogo Oliveira Viana, seu sucessor.

Em sua obra refutava as teses tanto do socialismo como do individualismo como incompatíveis à realidade brasileira e responsáveis por sua desagregação. Cumpria, ao seu entender, conhecer objetivamente a sociedade brasileira para que se pudesse propor mudanças pragmáticas e soluções aos problemas encontrados. Isto só se faria com o entendimento da realidade social enquanto unidade nacional, tendo um Estado forte à sua frente que conduzisse tais mudanças necessárias. Conservador em termos sociais, Alberto Torres libertava-se dos preconceitos raciais, com uma visão positiva da formação brasileira.

Entre novembro de 1910 e fevereiro de 1911 Alberto Torres publicou uma série de artigos na "Gazeta de Notícias", que posteriormente viriam a compor uma de suas mais importantes obras: A Organização Nacional, publicada em 1914. Outra obra importante de Alberto Torres, O Problema Nacional Brasileiro, foi elaborada a partir de artigos publicados no "Jornal do Comércio" em 1912 e de um discurso proferido no Instituto Histórico em 1911. Nessas obras Alberto Torres aborda uma ampla variedade de questões, entre as quais uma proposta de reforma da Constituição, o problema da formação da nacionalidade nos países colonizados, a natureza da política nas sociedades modernas, a crítica às teorias racistas predominantes em sua época, etc.

Ademais, atribui-se historicamente à sua obra A Organização Nacional (1914) a primeira menção no Direito brasileiro ao instrumento legal do "Mandado de Segurança", tratado por Alberto Torres como “Mandado de Garantia”, cujo objetivo era primordialmente respeitar preventivamente os direitos individuais ou coletivos, públicos ou privados, lesados por ato do Poder Público.

 

Frases de Alberto Torres

A vida dos homens que atravessam crises revolucionárias é toda feita, igualmente, de revoluções pessoais. Só quem haja acompanhado, dos primeiros movimentos a seus últimos refluxos os torvelinhos de uma época crítica, poderá conhecer e avaliar os abalos que a desordem geral vem produzindo em nossos destinos.”;

O nosso país precisa, de uma vez por todas, formar um espírito e uma diretriz prática, que o conduza, salvando-o do atravancamento das opiniões e das tendências particularistas e sistemáticas, em que está dividido, a organizar e pôr em movimento as suas próprias forças.”;

Na cultura, a decadência da sociedade nacional é evidente. Nunca chegamos a possuir cultura própria, nem mesmo uma cultura geral. As duas primeiras gerações que se seguiram à Independência eram, entretanto, formadas de espíritos a que o conjunto e equilíbrio do preparo davam certa solidez e firmeza. Mais variada, e muito mais vasta, a nossa ilustração é, hoje, vaga, fluida, sem assento, não a dominando nenhum interesse por habilitar os espíritos a formar juízos e a inspirar atos. No nível geral da sociedade, e com respeito às formas superiores do espírito, o diletantismo, a superficialidade, a dialética, o floreio da linguagem, o gosto por frases ornamentais, por conceitos consagrados pela notoriedade ou pelo único prestígio da autoridade, substituiu a ambição de formar a consciência mental para dirigir a conduta.”; 

Terminadas as festas da Independência, abandonamos os trabalhos de organização, passando, por sobre uma ligeira obra legislativa e administrativa de cópias e imitações apressadas — feitas com imenso dispêndio, em lutas e debates estéreis — a sonhar e tentar novas ideias, novas conquistas, novas glórias.”.

 

(Fontes consultadas: Wikipedia; Livro “O problema nacional brasileiro”; Artigo “Alberto Torres e a transplantação no Brasil” de José Alípio Goulart – Revista do Serviço Público, julho 1954)