Lima Barreto (1881-1922)

domingo, 23 de abril de 2023

 


Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de janeiro em 13 de maio de 1881 e morreu na mesma cidade em 1 de novembro de 1922. Foi jornalista e escritor brasileiro, com larga e variada produção literária, publicada em periódicos, principalmente em revistas populares ilustradas e periódicos anarquistas do início do século XX.

A maior parte de sua obra foi redescoberta e publicada em livro após sua morte por meio do esforço do escritor e historiador Francisco de Assis Barbosa, que junto com outros pesquisadores levou Lima Barreto a ser considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. O escritor paulista Monteiro Lobato (1882-1948) também teve um importante papel na divulgação da obra de Lima Barreto.

Lima Barreto era filho de João Henriques de Lima Barreto, que ganhava a vida como tipógrafo, tendo aprendido a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o periódico "A Semana Ilustrada". Sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1ª à 4ª série e que veio a falecer quando Lima Barreto tinha apenas seis anos. O pai do futuro escritor era monarquista, ligado ao visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor. De sua infância, Lima Barreto traz lembranças de um período no Segundo Reinado de Dom Pedro II, bem como da participação da Princesa Isabel na Abolição da Escravatura. Estas impressões contribuíram para que Lima Barreto tivesse uma visão bastante crítica em relação ao regime republicano.

O futuro escritor cursou seus estudos secundários no Colégio Dom Pedro II. Mais tarde, foi cursar Engenharia na Escola Politécnica. No entanto, foi obrigado a abandonar o curso para ajudar sua família com as despesas. Lima Barreto também foi funcionário da Secretaria do Ministério da Guerra.

Em abril de 1907, Lima Barreto fez suas primeiras contribuições para uma revista de grande circulação, ao se tornar secretário da “Fon-Fon”, a pedido do poeta e jornalista Mário Pederneiras (1867-1915). Contudo, sua estadia na revista não durou muito, já que em junho do mesmo ano, sentindo-se desvalorizado, demite-se e, em outubro, lança a revista “Floreal”, da qual foi o diretor e principal contribuinte. Além destas, Barreto também contribuiu para as revistas “A.B. C”. e “Careta”.

Em 1911, Barreto publica seu romance Triste Fim de Policarpo Quaresma nas páginas do “Jornal do Commercio”, pagando do próprio bolso a edição em livro lançada em dezembro de 1915. Nessa época, tornaram-se mais agudas as crises de alcoolismo e depressão do escritor, o que provocou sua primeira internação no hospício em 1914. Em 1916, colaborou com a revista “ABC”, publicando alguns textos em periódicos de viés socialista. Passados quatro anos de sua primeira internação no Hospital dos Alienados, devido ao alcoolismo, seus problemas de saúde pioraram e Lima Barreto foi aposentado em dezembro de 1918. No ano seguinte, 1919, publicou o romance Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá pela editora Revista do Brasil, pertencente ao escritor Monteiro Lobato.

Os períodos de internação no hospício resultaram na composição de diversos diários e no romance inacabado Cemitério dos Vivos, do qual trechos foram publicados em 1921. No mesmo ano o autor apresentaria sua terceira candidatura à Academia Brasileira de Letras (nas duas tentativas anteriores, fora preterido; nesta última, o próprio escritor desistiria antes das eleições).

De 1909 a 1922 foi excluído da crítica oficial com um "silêncio implacável" quanto aos seus escritos. Em sua época não era fácil ter um original aceito pelos maiores editores do Rio, e ele, como vários outros, apelou para publicações em Portugal com sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Sua posição combativa e sua crítica custaram-lhe a marginalidade e a indiferença da então elite cultural. Com relação a este comportamento Lima Barreto respondia com sua famosa afirmação em artigo publicado no dia 6 de junho de 1922 na Revista Careta: "O Brasil não tem povo, tem público". Foi somente após sua morte que a obra deste grande escritor foi devidamente valorizada.

Com a saúde cada vez mais debilitada, Lima Barreto faleceu de um colapso cardíaco no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos, em sua casa, no bairro de Todos os Santos, no Rio de Janeiro

Em dezembro de 1922, Jacinto Ribeiro dos Santos publicou Os Bruzundangas, com uma nota afirmando que se tratava do último livro que Lima Barreto havia revisado: o prefácio, contudo, indicava que o manuscrito fora completado em 1917. Além deste, também foram publicados Bagatelas, em 1923, e Clara dos Anjos, serializado entre 1923 e 1924 na revista “Santa Cruz”, mas escrito entre dezembro de 1921 e janeiro de 1922.

A maior parte de seus escritos, tais como Cemitério dos VivosDiário Íntimo e parte da correspondência pessoal, foram publicados postumamente entre as décadas de 1940 e 1950, a partir de pesquisas de Francisco de Assis Barbosa, um de seus principais biógrafos.

As obras de Lima Barreto apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos. São pautadas, em grande parte, na temática social, expressando muitas injustiças como preconceito e o racismo. Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo. Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o nacionalista ufanista então (e ainda hoje) vigente.

 

As principais obras de Lima Barreto incluem:

Romances: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909); Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911); Numa e a Ninfa (1915); Clara dos Anjos (1922/1948), póstumo.

Novelas: O Subterrâneo do Morro do Castelo (1905/1997), póstumo; As Aventuras do Dr. Bogoloff (1912/1950), póstumo; Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919).

Teatro: Casa de Poetas (1951), póstumo; Os Negros (1951), póstumo.

Coletâneas de contos: Histórias e Sonhos (1920); O homem que sabia javanês e outros contos (1997), póstumo.

Coletâneas de crônicas: Bagatelas (1923), póstumo; Os Bruzundangas (1923), póstumo; Feiras e Mafuás (1953), póstumo; Marginália (1953), póstumo; Vida Urbana (1953), póstumo; Coisas do Reino de Jambon (1956), póstumo; Impressões de Leitura (1956), póstumo; Sátiras e outras subversões: textos inéditos (2016), póstumo; Memórias e correspondência Diário Íntimo (1953), póstumo; Cemitério dos Vivos (1956), póstumo e inacabado; Correspondência (1956), póstumo, 2 volumes.

 

Frases de Lima Barreto:

O Brasil não tem povo, tem público.”;

Não é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam com as diferenças que a gente inventa.”;

Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.”;

Ele alegrou os outros e nunca teve alegria.”;

Esta vida é absurda e ilógica; eu já tenho medo de viver, Adelaide. Tenho medo, porque não sabemos para onde vamos, o que faremos amanhã, de que maneira havemos de nos contradizer de sol para sol... (...)
Além do que, penso que todo este meu sacrifício tem sido inútil. Tudo o que nele pus de pensamento não foi atingido, e o sangue que derramei, e o sofrimento que vou sofrer toda a vida, foram empregados, foram gastos, foram estragados, foram vilipendiados e desmoralizados em prol de uma tolice política qualquer...Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a sua brutalidade e fealdade.
”;

Esta nossa sociedade é absolutamente idiota.”

 

 

Fontes consultadas: Wikipedia; site Toda Matéria; site eBiografia – Dilva Frazão; site Pensador)

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