José Veríssimo (1857-1916)

domingo, 9 de abril de 2023

 


José Veríssimo Dias de Matos nasceu em Óbidos (PA) em 8 de abril de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1916. Foi jornalista, educador, escritor, estudioso da literatura brasileira e membro da Academia Brasileira de Letras. Filho de José Veríssimo de Matos e Ana Flora Dias de Matos estudou as primeiras letras em Manaus e Belém. Em 1869 muda-se para o Rio de Janeiro, para continuar os estudos. Mas, adoecendo, retorna ao estado natal.

Em Belém, colaborou em jornais locais, como o “Liberal do Pará” e, posteriormente, como fundador e dirigente da “Revista Amazônica” (1883-84). Também atuou no magistério e foi o fundador do Colégio Americano. Em 1880 viaja para a Europa, para participar de um congresso literário internacional que se realizava na cidade de Lisboa, em Portugal. Voltou à Europa em 1889, indo tomar parte, em Paris, no X Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, quando fez uma comunicação sobre o homem de Marajó e a antiga história da civilização amazônica. Sobre a rica Amazônia são também os ensaios sociológicos que escreveu nessa época, Cenas da vida amazônica (1886) e A Amazônia (1892).

Em 1891 é empossado como diretor de instrução do Pará (cargo hoje equivalente a Secretário de Educação). Ainda neste ano volta ao Rio, onde leciona na então Escola Normal atual Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro do qual foi diretor.

No Rio de Janeiro Veríssimo aprofunda suas pesquisas sobre a literatura brasileira, republicando a “Revista Brasileira” - órgão que reunia o melhor das letras no país - e em cuja sede passaram a reunir-se os intelectuais que formaram o núcleo fundador da Academia Brasileira: Lúcio de MendonçaMachado de Assis (de quem foi grande amigo e defensor), Visconde de Taunay, entre outros.

Criada a pasta da educação pública, logo após a proclamação da República, o seu primeiro ministro, Benjamin Constant, organizou a reforma do sistema geral de ensino público. José Veríssimo discutiu, no “Jornal do Brasil” do primeiro semestre de 1892, as reformas introduzidas, delas fazendo uma crítica magistral, que depois ele acresceu como Introdução da 2ª edição (1906) de seu livro A educação nacional.

Afiliado ao Naturalismo, foi um dos expoentes na crítica literária e na historiografia das letras no Brasil. Como educador, teceu importantes análises sobre os problemas do sistema educacional do país na jovem República, herdeira de problemas como a recente escravidão, e tantos outros.

Veríssimo foi mais que um fundador da Academia Brasileira de Letras. Foi, talvez, seu idealizador, ao lado de Lúcio de Mendonça. A todas as reuniões preparatórias fez-se presente e foi um dos seus mais assíduos membros. Defendia uma academia voltada exclusivamente à literatura e, por seus pares haverem eleito um não-escritor (o político Lauro Müller), afasta-se da instituição de forma definitiva em 1912.

Ao lado de Sílvio Romero e Araripe Júnior, seus contemporâneos, Veríssimo foi um dos primeiros e maiores historiadores da literatura brasileira. De sua obra História da Literatura Brasileira assoma a crítica e, em especial, uma constante preocupação em se definir um caráter tipicamente nacional dos escritores do país. Referido sempre como o fundador da “Revista Brasileira”, José Veríssimo, na verdade, dirigiu a sua terceira fase (a primeira foi de Cândido Batista de Oliveira, de 1857 a 1860; a segunda, de Nicolau Midosi, durou de 1879 a 1881). A terceira “Revista Brasileira” começa em 1895 e vai até 1899, completando vinte volumes em cinco anos. Veríssimo teve o dom de agremiar toda a literatura nacional na Revista.

As obras publicadas por José Veríssimo foram: Quadros Paraenses, 1878; As Primeiras Páginas, 1878; Cenas da Vida Amazônica, 1886; Estudos Brasileiros, 1889; A Educação Nacional, 1890; Dos Pequenos Estudos Sobre Emilio Litreé e Carlos Gomes, 1881; Estudos da Literatura Brasileira, 1900; Homens e Cousas Estrangeiras, 1911; Interesses da Amazônia, 1915; A Amazônia, Aspectos Econômicos, 1892; A História da Literatura Brasileira, 1916; A Educação Pública e a Imprensa, 1900; Estudos Sobre Camões e os Lusiadas; 1899; O Século XIX, 1899; A Pesca na Amazônia, 1895; Questões dos Limites do Pará e do Amazonas, 1899; As Obras Poéticas de Basílio da Gama, 1912; Em publicação póstuma, Letras e Literatos, 1936.

 

Frases de José Veríssimo

 

As crianças – a quem o digo eu - não são nem em geral boas, nem em geral más. Como todos os seres orgânicos elas podem trazer pela iniludível lei da hereditariedade psicológica os germens do mal e do bem, conforme foram bons ou maus os seus progenitores próximos e remotos de quem herdam as qualidades físicas. É cruel, talvez, que assim seja, mas é verdade, a lei a cada passo verificável e verificada.”;

Para reformar e restaurar um povo, um só meio se conhece, quando não infalível, certo e seguro, é a educação, no mais largo sentido, na mais alevantada acepção desta palavra. Nenhum momento mais propício que este para tentar esse meio, que não querem adiados os interesses da pátria... Nós tivemos a reforma radical no governo, cumpre-nos completar a obra da revolução pela reforma profunda da nossa educação nacional.”;

O hábito de mandar, desde a tenra infância, por sua vez, bem longe de fortificar o caráter, o deprime, não só porque perverte a noção da autoridade que faz arbitrária e apenas no privilegio fundada, como porque desabitua a atividade própria e fia tudo da energia alheia.”;

Um escritor não pode ser bem entendido na sua obra e ação senão visto em conjunto, e não repartido conforme os gêneros diversos em que provou o engenho.".

 

 

(Fontes consultadas: Wikipedia; Academia Brasileira de Letras; www.Obidense.com.br; JOSÉ VERÍSSIMO (1857-1916) E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA REPUBLICANA: RAÍZES DA RENOVAÇÃO ESCOLAR CONSERVADORA – Tese de doutorado de Maria do Perpetuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França na Universidade Estadual de Campinas -2004)

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