Enrico Bianco (1918-2013)

terça-feira, 31 de janeiro de 2023


 Conheça mais sobre a vida e obra do artista no link GUIA DAS ARTES abaixo:

https://www.guiadasartes.com.br/enrico-bianco/obras-principais


Quem ganha com o garimpo ilegal?


 

Garimpo destruidor

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 


A água limpa está se tornando rara em todo o mundo. Países cuidam de seus recursos hídricos. Já no Brasil dos irresponsáveis...

Leituras diárias



“Saussure foi o primeiro a chamar a atenção para o fato de que não há entre as palavras e as coisas, entre o significado e o significante, uma correspondência de um por um. Ao contrário, o significado tende a escorregar por baixo do significante, isto é, o significante, longe de simples e honestamente espelhar os fatos, tem, ao contrário, o hábito de defini-los ou de construí-los. Ele acrescentou que, sem palavras, todo pensamento é uma massa disforme e indistinta. Enquanto o projeto do Iluminismo tinha assumido que são os fatos que determinam a maneira pela qual nós pensamos sobre eles, Saussure propôs que são nossas palavras que determinam o modo pelo qual nós pensamos sobre os fatos. Rorty, em nossos próprios dias, repetiu esta visão ao propor que os fatos são sentenças em forma de coisas. Nietzsche foi mais longe que o linguista suíço. Saussure achava que sem palavras há apenas ‘pensamento caótico’, mas ficou para Nietzsche a incumbência de descobrir que mesmo ‘com’ palavras não há representação direta da realidade. Foi ele o primeiro pensador a questionar radicalmente esta confiança na transparência da linguagem.” (Vaitsman e Girardi)

 

 

Jeni Vaitsman e Sábado Girardi, A ciência e seus impasses: debates e tendências em filosofia, ciências sociais e saúde

Fernando Pedreira (1926-2020)

domingo, 29 de janeiro de 2023


 

Fernando Pedreira (Rio de Janeiro3 de março de 1926 - Petrópolis21 de abril de 2020) foi um jornalista e escritor brasileiro. Frequentou o curso de Direito da Faculdade Nacional de Direito (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), porém abandonou o curso no último ano.

Foi militante da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre as décadas de 1940 e 1950 junto com Roberto Herbster Gusmão e foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Rompeu com os ideais comunistas em 1956, após a Revolução Húngara ter sido suprimido pela União Soviética.

Iniciou sua carreira no jornalismo no jornal “Diário de S. Paulo”, do qual depois se transferiu para o “Ultima Hora”. Estava em Brasília, no dia do golpe militar (1 de abril de 1964). Em 1965 estudou como intercambista na Universidade de Columbia nos Estados Unidos.

Entre os anos de 1971 e 1977 foi diretor-geral do jornal paulista “O Estado de S. Paulo”. Boa parte de sua gestão foi marcada pela censura imposta pela ditadura militar brasileira (1964-1985). Como protesto, no lugar das partes censuradas do jornal colocava grandes trechos de “Os Lusíadas” de Luís de Camões, para o público perceber que o jornal foi censurado. Sempre posicionou-se contra a prisão dos jornalistas presos pelo regime.

Em 1977, decidiu voltar ao Rio de Janeiro e para isso demitiu-se do” Estadão”. Após, sua volta para o Rio, trabalhou como diretor do “Jornal do Brasil”. Trabalhou também para a “Veja” e para “O Globo”.  Em 1995, a convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso, assumiu o cargo de Representante Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, permanecendo no cargo até 1999.

Foi casado com Monique Duvernoy por 48 anos e faleceu em Petrópolis em 2020.

Entre seus livros, estão: América, Mito e Violência (1968); A Liberdade e a Ostra (1976); Impávido Colosso (1982); O Quebra-Cabeças (1998); Um Cavalo de Chinelos (1999); Summa cum laude: um ensaio sobre o sentido do século (1999). Em 2016, lançou seu livro de memórias, intitulado Entre a lagoa e o mar lançado pela editora Bem-Te-Vi.


Frases de Fernando Pedreira


Num pais ainda tão pobre, entre massas inumeráveis de uma população frequentemente miserável, criaram-se ilhas fabulosamente ricas, fortemente protegidas nos seus privilégios e vantagens consagrados em lei: burocracias estatais, cartórios profissionais, oligopólios industriais, reservas de mercado.” (Artigo A grande vilania, publicado no jornal O Estado de São Paulo em 4/09/1988);


Sou um tímido, sempre serei. Escondi-me por trás da palavra escrita. Suo muito nas palmas das mãos, demais. Muitas vezes, antes de dar a mão a um interlocutor, um recém-chegado, tento enxugá-la disfarçadamente nas calças, ou na aba do paletó, para ocultar o vexame; às vezes, emudeço, já não sei o que dizer; me torço e retorço por dentro, sem motivo nenhum”. (Trecho do livro de Fernando Pedreira Entre a Lagoa e o Mar – Reminiscências)

 

 

(Fontes: Wikipedia; Site do Jornal Opção; Site do Senado; Jornal O Estado de São Paulo)

Terceiro governo Lula e a agenda sustentável

sábado, 28 de janeiro de 2023

 

"Quem observa o vento jamais semeará; quem examina as nuvens nunca segará."   -   Eclesiastes, 11,4          


Depois de um hiato de praticamente dez anos, o Brasil volta a retomar sua agenda ambiental. Foi durante os dois governos do presidente Lula (2003-2011) que o Brasil teve seus maiores avanços na área ambiental. Na área da energia renovável, por exemplo, o governo Lula modificou e ampliou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA), criado no final do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Na área da infraestrutura o governo Lula criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destinando grande volume de recursos aos projetos de infraestrutura, como geração de energia, telecomunicações, transportes, beneficiando especialmente a área de saneamento; o tratamento de água e esgotos.

A proteção da floresta amazônica do Cerrado também teve importantes avanços neste período. A nível internacional, o governo assinou acordos de cooperação técnica para proteção e desenvolvimento da floresta com vários países, sendo o maior deles o Fundo Amazônia, assinado com a Noruega e a Alemanha, recentemente retomado, com previsão de investimentos de R$ 2,2 bilhões. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal (PPCDAm), lançado em 2004, contribuiu para que durante o governo Lula a taxa de desmatamento caísse em 80%.

Em 2010 o governo Lula regulamentou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estruturando a legislação anterior sobre o tema e ordenando a questão da gestão de resíduos urbanos, atribuindo responsabilidades aos geradores e gestores. Os avanços feitos pelos municípios nesta área foram limitados. Os cinco principais objetivos do marco legal – proteção da saúde pública; reduzir, reutilizar e reciclar; adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo; desenvolvimento de tecnologias limpas; incentivo à indústria da reciclagem – ainda estão em fase de implantação na maioria da cidades.

Em seu terceiro governo, Luís Inácio Lula da Silva encontra uma realidade na área ambiental bem diferente daquela que deixou para sua sucessora, Dilma Rousseff em 2012. Se, já devido à crise econômica iniciada em 2014, Dilma não pode fazer grandes avanços neste setor, os governo Temer, e principalmente, o governo de Bolsonaro, representaram um retrocesso. Projetos paralisados, acordos de cooperação interrompidos, órgãos de coordenação e controle ambiental desestruturados, técnicos demitidos, funcionários alocados em outras áreas, equipamentos danificados e desatualizados. O desafio agora é bem maior do que 2003, quando Lula recebeu um governo com a área ambiental estruturada e funcionando.

Com a volta de Marina Silva no ministério do Meio Ambiente, o governo pretende implantar 15 propostas elaboradas durante a campanha, para voltar a colocar a questão ambiental entre os principais temas do governo. Conta também o fato de que agora, em 2023, o meio ambiente e a preservação da floresta amazônica são temas muito mais importantes na agenda dos países, do que há 20 anos. A questão da mudanças climáticas não é mais discutida como sendo somente uma teoria; tornou-se consenso geral, fazendo-se notar na prática. Os temas aos quais, pelo menos numa primeira fase, será dada prioridade pelo governo, são (Fonte: Site Colabora, jornalista Oscar Valporto):

1. Controle do desmatamento na Amazônia e outros biomas;

2. Fortalecer os sistemas de meio ambiente, recursos e os órgãos ambientais;

3. Retomar o Acordo de Paris (metas de redução de emissões) e a Política do Clima (Plano Nacional sobre Mudança do Clima);

4. Apoiar a economia da sociobiodiveridade (povos e comunidades tradicionais com foco em atividades econômicas sustentáveis e ligadas à biodiversidade);

5. Dar destino às áreas públicas de floresta da União, priorizando povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais;

6. Concluir a demarcação de terras indígenas de quilombolas e outras comunidades tradicionais;

7. Ampliar e consolidar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC);

8. Restauração ecológica de áreas degradadas;

9. Cidades sustentáveis: integrar planejamento e gestão urbana à gestão ambiental e climática;

10. Proteger o sistema marino-costeiro;

11. Educação ecológica, difundindo novos conceitos, como o dos direitos dos animais;

12. Preservar e desenvolver a Amazônia retomando programas de gestão e cooperação;

13. Mercado de Carbono (negociação de créditos de carbono) como instrumento da Política Nacional do Clima;

14. Transição energética e energias limpas (renováveis);

15. Transporte com baixa emissão de carbono.

Trata-se de uma agenda ambiciosa e de lenta implantação, que no atual governo poderá apenas ser impulsionada. Para que tenha sucesso, é imprescindível que em governos futuros estas iniciativas sejam levadas avante.

O Brasil é um dos países com maior potencial de aproveitamento de seus biomas de modo sustentável, através da implantação de projetos de pesquisa (química, medicina, cosméticos), de turismo ambiental e de geração de renda (agricultura sustentável, artesanato de comunidades tradicionais). O potencial de implantação de projetos de pesquisa e produção de energias renováveis (eólica, solar, biomassa, hídrica, biogás), com a consequente geração de créditos de carbono, é outra área a ser desenvolvida, baseada no potencial ambiental do país. 


(Imagens: gravuras de Jacob Pins) 

"Máquina de moer gente" (Darcy Ribeiro)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023


(Fonte: Shutterstock)
 

O boneco ventríloco do capital

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

 


(Fonte: Shutterstock)

Primeiros socorros

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023


Hotel California - Eagles

 As melhores músicas do rock


The Eagles

Album: Hotel California (1976)

Música: Hotel California 




https://www.youtube.com/watch?v=hHnlWkjmsb8


Eagles é uma banda norte-americana de rock, formada em 1971 em Los AngelesCalifórnia por Glenn FreyDon HenleyBernie Leadon e Randy Meisner. Os Eagles são uma das bandas mais rentáveis da indústria musical dos EUA. O seu álbum Their Greatest Hits (1971–1975) vendeu mais de 29 milhões de cópias, número recorde naquele país, e 41 milhões no mundo. No total, os Eagles já venderam cerca de 150 milhões de álbuns e singles mundialmente, sendo 100 milhões só nos Estados Unidos. Seu hit mais famoso é "Hotel California", gravado no Criteria Studios, Miami & The Record Plant, Los Angeles.

Formado em 1971, por Randy Meisner (baixo), Bernie Leadon (guitarra), Don Henley (bateria e vocais) e Glenn Frey (guitarra e vocais) lançaram o LP de estreia em 1972, com excelente e imediata aceitação. Depois do terceiro LP, o guitarrista e vocalista Don Felder uniu-se ao grupo. Em 1976, Bernie Leadon deixou a banda, sendo substituído por Joe Walsh. Mas ao contrário do que se poderia esperar, a alteração não prejudicou o sucesso do Eagles. Em 1980 fizeram uma série de shows com ótima aceitação por parte do público e ganharam seis Grammy.

Glenn Frey, guitarrista e vocalista desde a primeira formação, faleceu em 18 de janeiro de 2016, aos 67 anos, devido a complicações decorrentes de artrite reumatóide, pneumonia e durante a recuperação de uma cirurgia gastrointestinal. Menos de dois meses após sua morte, a banda anunciou o seu fim, em entrevista à BBC.

O que era para ser um fim definitivo após a morte de Frey, foi apenas um pequeno hiato de um ano e meio. Os Eagles voltaram a se apresentar em julho de 2017, com uma formação composta, além de Henley, Walsh e Schmit, pelo astro country Vince Gill e pelo filho de Glenn Frey, Deacon Frey, ambos nas guitarras e vocais. Além de Will Henley, filho de Don Henley, como guitarrista de apoio.

 

(Fonte do texto: Wikipedia) 

Amadeu Luciano Lorenzato (1900-1995)

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 


Conheça mais sobre a vida e obra do artista no link GUIA DAS ARTES abaixo:

Leituras diárias

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 


“A ideia de um governo providencial é tão vigorosamente combatida pela Academia quanto pelos epicuristas. Se Deus tivesse feito o mundo para o bem do homem, por quê ele colocou nele feras selvagens, vermes nocivos, plantas venenosas, todos igualmente prejudiciais ao homem? A razão é chamada de dom mais nobre de Deus ao homem. Quando vemos como os homens abusam de sua razão, nos sentimos mais dispostos a acreditar na imprevidência do que na providência, a nos perguntar por que Deus nos deu, o que é abusado tanto.” (MacColl, pág. 41)

 

“Todos os crimes e as tragédias de nossa raça têm sido obra de seres possuídos de razão, e não teriam sido possíveis sem a ajuda da razão. Você pode jogar a culpa nos vícios e erros dos homens, mas por que não dar-lhes uma razão que excluiria vícios e erros? Se todas as coisas são resultados de causas antecedentes, todas as coisas são apenas elos de uma cadeia de causas e efeitos, e a necessidade é toda poderosa: mas isso não é assim, pois algumas coisas estão em nosso próprio poder, e nossa vontade não é o resultado de causas antecedentes e externas.

Parece quase impossível conciliar qualquer uma dessas posições com o resto do que sabemos da filosofia de Carnéades, e certamente a conjectura de Zeller, de que ele considerava a liberdade da vontade como apenas provável, parece opor-se à pouca informação de que dispomos sobre o assunto. No que diz respeito à conduta da vida, não achamos que Carnéades dogmaticamente selecionou e propôs um Bem Maior como o objetivo da vida.” (MacColl, págs. 52 e 53)

 

 

Norman MacColl, Os céticos gregos: de Pirro a Sexto Empírico (original em inglês)

Fernando Sabino (1923-2004)

domingo, 22 de janeiro de 2023



Fernando Sabino (1923-2004) foi um escritor, jornalista e editor brasileiro. Recebeu diversos prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti pelo livro "O Grande Mentecapto" e o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Foi condecorado com a Ordem do Rio Branco, no grau de Grã-Cruz, pelo governo brasileiro. Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, no dia 12 de outubro de 1923. Em 1930, após aprender a ler com a mãe, ingressou no Grupo Escolar Afonso Pena. Fez o curso secundário no Ginásio Mineiro. Ao final do curso conquistou a medalha de ouro como o primeiro aluno da turma.

Em 1936, Fernando Sabino teve seu primeiro conto policial publicado na revista "Argus", da Secretaria de Segurança de Minas Gerais. Em 1938, ajudou a fundar um jornal "A Inúbia", no Ginásio Mineiro. Começou a colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos nas revistas "Alterosas" e "Belo Horizonte". Em 1941 iniciou o curso superior na Faculdade de Direito de Minas Gerais.

Nesse mesmo ano reuniu seus primeiros contos no livro Os Grilos não Cantam Mais. Colaborou com o jornal literário do Rio, "Dom Casmurro", com a revista "Vamos Ler" e com o "Anuário Brasileiro de Literatura". Nesse período, conheceu e passou a conviver com Marques RebêloGuilhermino César e João Etienne Filho. Formava, com Hélio PellegrinoOtto Lara ResendePaulo Mendes Campos e Wilson Figueiredo, um grupo literário, apelidado por Etienne, de Grupo dos Vintanistas, devido ao fato de todos estarem na casa dos vinte anos.

Em 1942, Fernando Sabino foi admitido como funcionário da Secretaria de Finanças de Minas Gerais. Lecionou Português no Instituto Padre Machado sendo também nomeado oficial de gabinete do secretário de agricultura. Fez estágio de três meses como aspirante no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, período que serviria de inspiração para hilariantes episódios no livro O Grande Mentecapto.

Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se firmou como colaborador de diversos jornais. Em 1946 formou-se em Direito e embarcou com Vinícius de Moraes para os Estados Unidos. Instalado em Nova York, trabalhou no Escritório Comercial do Brasil e depois no Consulado Brasileiro. Em 1947, enviou crônicas de Nova York para os jornais "Diário Carioca" e "O Jornal", do Rio, que foram transcritas por diversos jornais do resto do país. Realizou uma série de entrevistas com Salvador Dali e faz reportagem sobre Lasar Segall.

De volta ao Brasil em 1948, Fernando Sabino assumiu o cargo de escrivão da Vara de Órfãos e Sucessões. Em 1949, colaborou com diversos jornais e com a revista "Manchete".

Em 1956, Fernando Sabino publicou o romance O Encontro Marcado, um grande sucesso de crítica e de público, além de fazer adaptações teatrais no Rio e em São Paulo. Em 1959 compareceu ao lançamento do livro, em Lisboa. Em 1962 o livro foi publicado na Alemanha. Encontro Marcado é uma narrativa longa que conta a história de um jovem em desesperada procura de si mesmo e da verdadeira razão de sua vida. A obra leva o leitor a passear pelas ruas de Belo Horizonte conhecendo um pouco das gerações que por elas passaram e marcaram a cidade. É uma história da adolescência e juventude, dos prazeres fugidos, desespero, cinismo, desencanto, melancolia e tédio que se acumulam no espírito do jovem escritor Eduardo Marciano, um homem que amadurece em um mundo, desorientado. O jovem caminha pela procura incessante da felicidade e pelo desejo profundo de encontrar respostas para a grande pergunta sobre a existência de Deus.

Em 1960 Fernando Sabino foi para Cuba, como correspondente do “Jornal do Brasil”. Faz reportagem sobre a revolução cubana.

Com o livro A Revolução dos Jovens Iluminados, inaugura a "Editora do Autor", fundada em sociedade com Rubem Braga e Walter Acosta. Em 1965 se desfaz da sociedade e fundou a Editora Sabiá. Em 1964, durante o governo João Goulart, foi contratado para exercer as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em Londres. Nesse período, escreveu o argumento, roteiro e diálogos do filme dirigido por Roberto Santos, de sua obra, O Homem Nu (1966).

Em 1975, Fernando Sabino deixou o “Jornal do Brasil”, onde permaneceu por 15 anos. Iniciou, em 1977, a publicação de crônica semanal sob o título de "Dito e Feito" no jornal "O Globo". Sua colaboração se prolongou por 12 anos, sendo reproduzida no "Diário de Lisboa" e em oitenta jornais no Brasil.

Dentre as principais obras do autor, estão: Os grilos não cantam mais - contos (1941 - Pongetti); A marca - novela (1944 - José Olympio); A cidade vazia - crônicas e histórias (1950 - NY); A vida real - novelas (1952, Editora A Noite); Lugares comuns - dicionário (1952, Record); O encontro marcado - romance (1956, Civilização Brasileira); O homem nu - crônicas (1960, Editora do Autor); A mulher do vizinho - crônicas (1962, Editora do Autor); A companheira de viagem - crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1965, Editora do Autor); A inglesa deslumbrada - crônicas (inclusive crônicas de viagens) (1967, Sabiá), entre outros.

Fernando Sabino faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro de 2004.

 

Frases de Fernando Sabino

 

"O otimista erra tanto quanto o pessimista, mas não sofre por antecipação.";

"No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.";

"Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um.";

"Não posso responsabilizar ninguém pelo destino que me dei. Como único responsável só eu posso modifica-lo. E vou modificar.";

"Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!";

De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”;


 

(Fontes: eBiografia – Dilva Frazão; Pensador; Portal da Crônica Brasileira – Humberto Werneck;  Wikipedia) 

Franco Berardi (1949 -)

sábado, 21 de janeiro de 2023

Leia o livro Asfixia - Capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem, do filósofo e escritor italiano Franco "Bifo" Berardi. 


Baixe o livro no link www.baixacultura.org abaixo: 


https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/03/Asfixia-%E2%80%93-capitalismo-financeiro-e-a-insurreicao-da-linguagem-by-Franco-Berardi.pdf


Os famintos (33 milhões)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

 


(Fonte: Cartoon Movement)

Rico e pobre

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

 


(Fonte: Cartoon Movement)

Arriving somewhere but not here - Porcupine Tree

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

 As melhores músicas do rock 


Porcupine Tree

Álbum: Deadwing (2005)

Música: Arriving somewhere but not here







Porcupine Tree é uma banda britânica formada em Hemel Hempstead, HertfordshireInglaterra. É o projeto musical de maior sucesso e projeção do músico Steven Wilson, como evidenciado pela popularidade da banda. É constituída por uma mistura de rock progressivorock psicodélico, experimentalismo avant garde e heavy metal. Atualmente a banda se encontra inativa, já que seu líder, Steven Wilson, está focado em sua carreira solo. O último show do Porcupine Tree foi realizado em 14 de outubro de 2010, em Londres. A banda lançou ao todo dez álbuns de estúdio.

Porcupine Tree começou em 1987 como um projeto solo de Steven Wilson, e, de certo modo, nasceu como uma brincadeira. Wilson cita que foi iniciado logo quando ele possuía dinheiro suficiente para comprar seu próprio equipamento para estúdio. No início de 1989, Steven classificou algumas de suas gravações para compilar uma fita de oitenta minutos intitulada Tarquin's Seaweed Farm, que era acompanhada de um encarte de 8 páginas com informações sobre membros obscuros da banda, como Sir Tarquin Underspoon, Timothy Tadpole-Jones e Linton Samuel Dawson.

Wilson enviou cópias da compilação para pessoas que ele julgava interessadas no projeto. Uma delas se dirigiu a revista britânica underground Freakbeat, dirigida por Richard Allen e Ivor Trueman. Desconhecidos de Steven na época, eles estavam em processo de criar seu próprio selo musical. Apesar de terem feito críticas negativas ao álbum na revista, eles convidaram o Porcupine Tree para contribuir em uma música para seu primeiro lançamento, um álbum de compilações dos melhores grupos de música psicodélica no meio underground.

Em 1990, Wilson pode tornar a música sua carreira, quando seu outro projeto No-Man assinou contrato com gravadoras de respeito. Este projeto recebeu boas críticas da imprensa. Livre de seu antigo trabalho, Steven começou a distribuir a música do Porcupine Tree através da fita sucessora, The Nostalgia Factory, acompanhado novamente de livretos com uma história imaginária sobre a banda e outras informações de fantasia. As fitas provocaram interesse no meio underground. O próximo álbum da banda foi Up the Downstair. A partir desse momento o perfil do Porcupine Tree era grande o suficiente para apresentações ao vivo. Tanto que em dezembro de 1993 a banda começou a se apresentar em shows com Steven na voz e guitarra, Colin Edwin no baixo, Chris Maitland na bateria e Richard Barbieri no teclado. Todos os três novos membros do grupo trabalharam com Steven em vários projetos antecedentes. Essa nova formação formou uma boa química, como ilustrada posteriormente pelo álbum Spiral Circus, em 1997.

Lançado em 1995, o terceiro álbum da banda The Sky Moves Sideways se tornou um sucesso entre fãs do progressivo, com a banda sendo ovacionada como o Pink Floyd dos anos 1990. O álbum era uma experimentação melódica do rock.

Em 2007, outra boa surpresa: a banda lança, depois de dois anos de espera para os fãs, seu novo álbum intitulado Fear of a Blank Planet. Seu lançamento foi alvo de boas críticas, sendo indicado ao Grammy Award para "Melhor álbum em Surround Sound". A revista Reason escolheu Fear of a Blank Planet como melhor álbum em 2007.O álbum ainda estreou na posição 59 na Billboard 200 e 31 nas paradas do Reino Unido e é considerado por muitos como o melhor álbum da banda, lançando conhecidas músicas como "Anesthetize"(música que possui a duração de 17 minutos) e "Way Out of Here".

Depois de encerrar temporariamente as atividades em 2009, a banda voltou a se reunir para gravar um novo álbum (Closure/Continuation) em junho de 2022.



(Fonte do texto: Wikipedia e editor do blog) 

Frederico Nasser (1945-2020)

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

 


Conheça mais sobre a vida e obra do artista no link da ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL abaixo:


Leituras diárias

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 



“Qual será nessas novas condições a obra por excelência dos homens de boa vontade? Substituir as alucinações por observações precisas, substituir as ilusões do paraíso que prometiam aos famélicos pelas realidades de uma vida de justiça social, de bem-estar, de trabalho harmonioso; encontrar para os fiéis da religião humanitária uma felicidade mais substancial e mais moral do que aquela com a qual os cristãos contentam-se atualmente.

Aquilo de que estes necessitavam era não ter o penoso trabalho de pensar por si mesmos e buscar em sua própria consciência o móbile de suas ações; não tendo mais fetiche visível como nossos ancestrais selvagens, esforçam-se para possuir um fetiche secreto que trate de suas feridas de amor-próprio, que os console de suas tristezas, que lhes torne as horas de enfermidade menos longas e assegure-lhes inclusive uma vida imortal, isenta de toda preocupação. Mas tudo isso para eles pessoalmente. Sua religião não leva em consideração os infelizes que continuam perigosamente a dura batalha da vida; assim como os espectadores da tempestade dos quais fala Lucrécio, é-lhes doce ver, da praia, os gestos dos náufragos lutando contra as ondas. Eles podem reler nos Evangelhos essa vil parábola de Lázaro, “deitado no seio de Abraão”, e recusando-se a molhar a ponta de seu dedo na água para refrescar a língua dos maus ricos (Lucas XVI).

Nosso ideal de felicidade não é em absoluto esse egoísmo cristão do homem que se salva vendo perecer seu semelhante e que recusa uma gota de água a seu inimigo. Nós, anarquistas, que trabalhamos pela emancipação completa do indivíduo, colaboramos por isso mesmo para a liberdade de todos os outros, inclusive aquela do mau rico, quando o tivermos aliviado de suas riquezas, e tivermos lhe assegurado o benefício solidário de cada um de nossos esforços.

Nossa vitória pessoal não se concebe de modo algum sem que ela se torne, ao mesmo tempo, uma vitória coletiva; nossa busca da felicidade não pode imaginar-se de outro modo senão na felicidade de todos: a sociedade anarquista não é um corpo de privilegiados, mas uma comunidade de iguais, e será para todos uma felicidade muito grande, da qual não temos hoje nenhuma ideia, viver num mundo em que não veremos crianças surradas por suas mães recitando o catecismo, sem famélicos pedindo uma moeda, sem prostitutas entregando-se para se alimentar, sem homens válidos fazendo-se soldados ou mesmo policiais, porque não têm outros meios para ganhar suas vidas.

Reconciliados porque os interesses de dinheiro, de casta, de posição, não farão deles inimigos natos uns dos outros, os homens poderão estudar juntos, tomar parte, segundo suas afinidades pessoais, das obras coletivas da transformação planetária, da redação do grande livro dos conhecimentos humanos, em resumo, viver uma vida livre, cada vez mais ampla, poderosamente consciente e fraternal, escapando assim das alucinações, da religiosidade e da Igreja.” (Reclus, págs. 44-46)

 

 

Elisée Reclus, Anarquia pela educação

 


Rubem Braga (1913-1990)

domingo, 15 de janeiro de 2023

 



Rubem Braga foi um escritor e jornalista brasileiro, nascido em 12/01/1913 em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo. Rubem Braga nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, no dia 12 de janeiro de 1913. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e depois mudou-se para Niterói, Rio de Janeiro, onde concluiu o ginásio no Colégio Salesiano.

Em 1929, Rubem Braga escreveu suas primeiras crônicas para o jornal “Correio do Sul”, do qual seu pai era proprietário. Ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, transferindo-se para Belo Horizonte, onde concluiu o curso, em 1932. Nesse mesmo ano, iniciou uma longa carreira de jornalista, que começou com a cobertura da Revolução Constitucionalista de 1932, para os “Diários Associados”.

A seguir, foi repórter do “Diário de São Paulo”. Fundou a “Folha do Povo”, o semanário “Comício” e, trabalhou no “Diretrizes”, semanário de esquerda dirigido por Samuel Wainer. Em 1936, Rubem Braga lançou seu primeiro livro de crônicas, “O Conde e o Passarinho”.

Com 26 anos, casado com a militante comunista Zora Seljjan, não era filiado ao partido, mas militava ativamente na Aliança Nacional Libertadora (ALN). Depois de envolver-se em um caso amoroso impossível, decide mudar de cidade e de emprego.

Quando o cronista mudou-se para Porto Alegre, o Brasil vivia a ditadura de Getúlio Vargas e o mundo preparava-se para entrar em 2ª Grande Guerra. Ao chegar a Porto Alegre foi preso, por suas crônicas contra o regime. Graças à pronta intervenção de Breno Caldas, dono do “Correio do Povo” e da “Folha da Tarde”, logo foi solto. Durante os quatro meses em que ficou em Porto Alegre, Rubem Braga publicou 91 crônicas na “Folha da Tarde”, que foram publicadas postumamente em “Uma Fada no Front" (1994). Os escritos mostram um cronista engajado contra a ditadura Vargas e o nazismo.

À época, a luta política foi a nota dominante das crônicas da “Folha”. Por isso, Braga teve que voltar ao Rio por causa das muitas pressões da polícia e dos círculos palacianos do Estado. Em 1944, Rubem Braga foi para a Itália, durante a 2ª Guerra Mundial, quando cobriu como jornalista as atividades da Força Expedicionária Brasileira. No início dos anos 50 se separou de Zora, que lhe deu um único filho Roberto Braga.

Rubem Braga foi sócio da "Editora Sabiá", e exerceu cargos de chefia do escritório comercial do Brasil no Chile, em 1955, e de embaixador no Marrocos, entre 1961 e 1963. Nos últimos tempos, publicava suas crônicas aos sábados no jornal “O Estado de São Paulo”. Foram 62 anos de jornalismo e mais de 15 mil crônicas escritas, que reunia em seus livros.

Rubem Braga dedicou-se exclusivamente à crônica, que o tornou popular. Como cronista mostrava seu estilo irônico, lírico e extremamente bem humorado. Sabia também ser ácido e escrevia textos duros defendendo os seus pontos de vista. Fazia crítica social, denunciava injustiças, a falta de liberdade da imprensa e combatia governos autoritários. Entre suas principais obras estão: “O Morro do Isolamento” (1944); “Um Pé de Milho” (1948); “O Homem Rouco” (1949); “A Borboleta Amarela” (1956); “A Traição das Elegantes” (1957); “Ai de Ti Copacabana” (1960); “Recado de Primavera” (1984); “Crônicas do Espírito Santo” (1984); “O Verão e as Mulheres” (1986); “As Boas Coisas da Vida” (1988), entre outras.

Rubem Braga faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 19 de dezembro de 1990.

 

Frases de Rubem Braga

 

"Há um grande vento frio cavalgando as ondas, mas o céu está limpo e o sol muito claro. Duas aves dançam sobre as espumas assanhadas. As cigarras não cantam mais. Talvez tenha acabado o verão.";

"Sou um homem quieto, o que eu gosto é ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valiam a pena lembrar.";

"Desejo a todos, no Ano Novo, muitas virtudes e boas ações e alguns pecados agradáveis, excitantes, discretos e principalmente, bem sucedidos.";

"Acordo cedo e vejo o mar se espreguiçando; o sol acabou de nascer. Vou para a praia; é bom chegar a esta hora em que a areia que o mar lavou ainda está limpinha, sem marca de nenhum pé. A manhã está nítida no ar leve; dou um mergulho e essa água salgada me faz bem, limpa de todas as coisas da noite.";

Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo...”;

Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”.

 

 

(Fontes: eBiografia – Dilva Frazão; Portal da Crônica Brasileira – Humberto Werneck; Wikipedia; Pensador)

Praia, saneamento e privatização

sábado, 14 de janeiro de 2023


"As multidões não são fanáticas, mas impulsivas. O fanatismo exige primeiro um pensamento persistente e profundo amor pelas ideias."   -   Nicolás Gómez Dávila   -   Notas - Pensamentos Prematuros


“Houve uma intensa campanha contra as estatais nos meios de comunicação, verdadeira ‘lavagem cerebral’ da população para facilitar as privatizações. Entre os principais argumentos, apareceu sempre a promessa de que elas trariam preços mais baixos para o consumidor, ‘graças à maior eficiência das empresas privadas’. A promessa era pura enganação.” 

Aloysio Biondi, O Brasil privatizado – Um balanço do desmonte do Estado 

 

Todos os anos, durante as festas de final de ano e as sequentes férias de verão, milhões de turistas se deslocam do interior e, principalmente, da região metropolitana de São Paulo, para o litoral do estado. Esperam ter alguns dias de lazer, podendo esquecer os problemas financeiros, a falta de segurança e o custo de vida, entre outros pesares. O veranista, apesar de todas as contrariedades que enfrenta durante o ano é, antes de tudo, um forte e não desiste nunca. Carro abarrotado de coisas – já que o comércio local exagera nos preços nesta época – e algumas horas a mais ou a menos de calor e congestionamento depois, o estafado viajante chega ao seu destino final: a praia. Litoral Norte, Baixada Santista ou litoral Sul; são cerca de 800 quilômetros de praias em 16 municípios; de Ubatuba, até Cananéia, na divisa com o Paraná, numa região totalizando cerca de 2,2 milhões de habitantes. 

Tudo corre às mil maravilhas para o turista, salvo a falta de água em muitos bairros de vários municípios, entre os dias que antecedem e sucedem o Ano Novo. Vez ou outra, pode também ocorrer uma virose, provocada por águas contaminadas. Em final de 2022 o litoral de São Paulo apresentava 12 praias impróprias para o banho, a maioria delas no Litoral Norte. Não por acaso, dados publicados em agosto de 2022 pelo Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte (CBH-LN) informavam que a situação dos quatro municípios da bacia hidrográfica (São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba) é preocupante em termos de saneamento. Segundo o comitê, 51% da população da região não dispõe de tratamento de esgoto, principalmente devido a problemas de regularização fundiária. 

A contaminação por vírus, protozoários ou bactérias ocorre frequentemente nas praias, quando estas estão poluídas por esgotos sanitários. Nestes ambientes pode-se contrair cerca de 250 diferentes doenças, transmitidas por águas e alimentos contaminados. O fato ocorre com maior ou menor frequência em todos os municípios do litoral paulista, comprometendo a qualidade dos rios e a balneabilidade das praias. Além da contaminação por esgoto, as praias e rios também são infectados pela poluição difusa por fezes de animais e resíduos sólidos levados pelas chuvas, pelos sistemas inadequados de drenagem e pela poluição trazida por águas pluviais que desaguam diretamente na orla. 

A cidade de Santos, a maior do litoral paulista com quase 440 mil habitantes, dispondo do maior porto da América Latina, é uma exceção a esta regra. O município está colocado em primeiro lugar entre as 20 cidades brasileiras com melhor índice de tratamento de esgoto, tendo 100% de sua água tratada, 99,93% de seu esgoto coletados e 97% tratados. A cidade, porto economicamente importante desde o século XIX com as exportações de café, que vinha principalmente do interior do estado de São Paulo, é modelo de saneamento. Já no início do século XX iniciou investimentos nesta área, baseados em um plano elaborado pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (1864-1929). A medida saneou a cidade e o entorno, diminuindo ou eliminando várias doenças ligadas à insalubridade comuns à época, como disenteria, febre tifoide, cólera, leptospirose, hepatite, entre outras. Entre 2000 e 2045 a SABESP, a agência de saneamento do estado, deve investir R$ 450 milhões na modernização e ampliação do saneamento da cidade. 

Por outro lado, permanece a pergunta sobre como a SABESP planeja ampliar a coleta, o tratamento de esgoto e, principalmente, o suprimento de água potável no restante da Baixada Santista. O crescimento populacional da região, entre 2019 e 2020, foi superior à média nacional (0,74%) e à do estado de São Paulo (0,64%), alcançando um aumento de 0,84%. Considerando que a cada ano também cresce o número de turistas na região, principalmente nos meses de verão – na média as cidades do litoral chegam a triplicar ou quadriplicar suas populações nesta época –, como a região será abastecida com água potável de qualidade em 15, 30 ou 40 anos? De onde virá essa água? 

Por sua vez, o Plano Estadual de Saneamento Básico de São Paulo (PESB/SP) – Relatório de Formulação de Diretrizes, Prioridades e Estratégias 2022 (https://smastr16.blob.core.windows.net/pesbsp/sites/258/2022/07/ri08a-h0r-rf-001-0-cp-5.pdf), estabelece uma diminuição no consumo de água na região, entre 2023 e 2050 (tabela à pág. 79), baseada principalmente na “redução de vazamentos na linha de distribuição e na conscientização da população” (medidas citadas em trecho anterior do relatório). A providência parece fazer sentido e vai de encontro às ações empreendidas pela maioria das companhias de saneamento em várias partes do mundo. No entanto, é preciso levar em consideração o fato de que o atual governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, influenciado pela ultrapassada ideologia neoliberal, pretende privatizar completamente a companhia estadual de saneamento, a SABESP. 

Nos anos 1980 e 1990 esta era uma tendência mundial: privatizar serviços fornecidos por empresas públicas (eletricidade, gás, telefonia, etc.), entre os quais os de saneamento; o tratamento de água e esgoto doméstico. Empresas privadas, lembremos, podem ser mais ágeis e abertas às mudanças do que empresas públicas em geral, mas têm por objetivo principal a geração de lucros para seus acionistas. Esta é a “cláusula pétrea” de uma empresa privada atuando em uma economia capitalista; como afirmou Milton Friedman, economista da Universidade de Chicago e um dos maiores defensores do neoliberalismo, durante uma entrevista à revista Time: “O único propósito de uma empresa é gerar lucro para seus acionistas.” Nestas condições, será que os acionistas da SABESP teriam interesse em investir altos valores na redução das perdas de água nas tubulações, quando o que eles visam mesmo é o lucro? Perdida ou não, o eventual aumento no custo da distribuição da água é de toda maneira repassado ao consumidor (lembrando que as agências reguladoras brasileiras que deveriam fiscalizar as empresas privadas de setores estratégicos, são praticamente inertes). 

O reverso da moeda mostra uma outra imagem. Várias empresas de saneamento municipais, estaduais ou federais, em vários países, privatizadas pelo poder público, foram novamente estatizadas. Uma reportagem publicada no jornal inglês The Guardian em 2015 (https://www.theguardian.com/global-development/2015/jan/30/water-privatisation-worldwide-failure-lagos-world-bank) informa que: 

um relatório feito pelo Transnational Institute (TNI), a Public Services International Research Unit (Unidade Internacional de Pesquisa de Serviços Públicos) e o Multinational Observatory (Observatório Multinacional) informa que 180 cidades e comunidades, em 35 países, incluindo Buenos Aires, Johannesburgo, Paris, Accra, Berlim, La Paz, Maputo e Kuala Lumpur, ‘remunicipalizaram’ seus sistemas de tratamento de água na década passada. Mais de 100 das (cidades) ‘retornadas’ estavam nos Estados Unidos e França, 14 na África e 12 na América Latina. Aquelas nos países em desenvolvimento eram cidades maiores do que aquelas em países ricos.” (The Guardian 30/01/2015 – tradução nossa)  

Parece que em todo o mundo já se percebeu que a privatização de serviços públicos – neste caso o saneamento – não costuma dar certo, tendo como consequência a necessidade de sua “desprivatização”. O site americano Food & Water Watch em seu artigo Water Privatization: Facts and Figures (Privatização da Água: Fatos e Números) (https://www.foodandwaterwatch.org/2015/08/02/water-privatization-facts-and-figures/) apresenta dados e números sobre a privatização do setor. São informações pouco citadas aqui no país e raramente divulgados pela grande mídia brasileira – a maior parte dela comprometida com a política privatista. Alguns pontos importantes citados pelo site dizem: 

A privatização pode piorar o serviço. Há ampla evidência de que atrasos na manutenção, desperdício de água, derramamento de esgoto e pior serviço geralmente seguem a privatização. De fato, o baixo desempenho é a principal razão pela qual os governos locais revertem a decisão de privatizar e retomar a operação pública de serviços anteriormente contratados. Leia nosso relatório: Dinheiro pelo ralo: como o controle privado desperdiça recursos públicos.” (Food & Water Watch) 

Os operadores privados podem cortar custos. Quando os operadores privados tentam cortar custos, as práticas que eles empregam podem resultar em pior qualidade do serviço. Eles podem usar materiais de construção de má qualidade, atrasar a manutenção necessária ou reduzir a força de trabalho. Essas estratégias podem prejudicar o atendimento ao cliente e retardar as respostas às emergências.” (Food & Water Watch) 

Com isso, fica a pergunta, se caso a SABESP efetivamente for privatizada, assumindo o modus operandi usual das empresas privatizadas, visando o lucro, o citado Plano Estadual de Saneamento Básico ainda será totalmente implantado, garantindo no futuro o abastecimento regular de água na Baixada Santista? A resposta, para a tranquilidade dos moradores e dos turistas – ou dos eventuais futuros acionistas da companhia –, está com o governador eleito Tarcísio Freitas. 


(Imagens: gravuras de Jacob Steinhardt)