A política, o sobrenatural e o folclórico

sábado, 30 de outubro de 2021

 
"O teatro trágico apresenta o grande inconveniente moral de conceder importância demais à vida e à morte."   -   Chamfort   -   Máximas e pensamentos 


Foi notícia pouco divulgada a reunião de membros de uma entidade esotérica com o Ministério das Minas e Energia para tratar, segundo se noticiou, do problema da falta de chuvas no País. A versão foi posteriormente negada por representantes do ministério. Segundo notícias publicadas no portal da revista Veja em 15/10/2021 (https://veja.abril.com.br/blog/veja-gente/cacique-cobra-coral-minas-energia-chuvas/), o encontro foi realizado dia 14/10, entre membros da equipe técnica do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e um integrante da Fundação Cacique Cobra Coral, Osmar Santos, representando a médium Adelaide Scritori. Scritori é uma médium conhecida pelos políticos, com declarada capacidade de incorporar o Cacique Cobra Coral, entidade espiritual que teria o poder de desviar chuvas e controlar o tempo. Segundo Guilherme Godoi, um dos técnicos do ministério que participou da reunião, “simplesmente ouvimos o que ele tinha a dizer, nosso trabalho é técnico.” Já Osmar Santos garantiu que a médium trará “muita chuva” para Minas Gerais, a partir do próximo mês (novembro).

Apelar ao esotérico, à espiritualidade e mesmo à magia, nunca foi incomum na política. Rosane Malta (ex Rosane Collor), ex-mulher de Fernando Collor, presidente do Brasil entre 1990 e 1992 antes de sofrer impeachment, revela em seu livro Tudo o que vi e vivi (2014) que Collor praticava rituais de magia negra (https://noticias.r7.com/brasil/ex-mulher-de-collor-diz-que-ele-fez-magia-negra-para-nao-concorrer-as-eleicoes-com-silvio-santos-30112014). No livro, Rosane descreve o “trabalho” que seu então marido teria encomendado à uma mãe no santo de Alagoas, para que o apresentador Silvio Santos não concorresse à disputa nas eleições de 1989. A candidatura de Silvio Santos foi impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pouco antes da data das eleições, por irregularidades no registro.

Parece que o plano astral exerce influência na vida das pessoas comuns, na condução da política nacional, mas também nas resoluções dos grandes líderes mundiais, cujas decisões podem impactar a vida de milhões ou bilhões de pessoas. Durante o governo do presidente americano Ronald Reagan (1981-1989), os astrólogos tornaram-se grande influenciadores, principalmente sobre sua esposa, Nancy Reagan (https://elpais.com/diario/1988/05/04/internacional/578700005_850215.html). O casal, especialmente Nancy, consultava regularmente astrólogos antes de viagens ou discursos, que podiam ser alterados, dependendo do que projetavam os mapas astrais. À época, quando a notícia começou a circular nos jornais, Ronald Reagan se defendeu, afirmando que nunca teria tomado uma decisão política baseada nas previsões de seus astrólogos.

No México, o jornalista e escritor José Gil Olmos lançou na década passada dois livros, Los brujos del poder 1 e Los brujos del poder 2, tratando da relação dos políticos de seu país com a magia e os bruxos, a fim de alcançarem seus objetivos políticos. Presidentes, governadores e ministros, utilizavam-se da ajuda do sobrenatural para alcançarem ou manterem seus cargos e tirarem eventuais concorrentes do caminho. No segundo livro, o jornalista relata como a então presidente do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Beatriz Paredes, recorreu aos préstimos do feiticeiro Wenceslao Flores Xala, conhecido como “El Gato Negro”, para afastar as “más vibrações” e recuperar seu poder político.

Na Tanzânia, onde segundo o centro de estudos Pew Research Center (https://www.pewresearch.org/) 93% da população acredita no poder da magia, a relação das práticas mágicas com a política são ainda mais fortes. Artigo publicado no jornal eletrônico da agência Aljazeera em julho de 2015 (https://www.aljazeera.com/features/2015/7/21/brutal-black-magic-in-tanzanias-election), mostra que são comuns os sacrifícios de animais, especialmente de gatos, feitos por feiticeiros locais a pedido de políticos e candidatos à função. Manyaunyau, um motorista de ônibus que passou a se dedicar à bruxaria, recebe muitos pedidos de “trabalhos” de seus clientes. “Quando chegam as eleições, é quando nós, feiticeiros, adquirimos muito respeito, porque todos estes políticos vêm correndo até nós”, diz Manyaunyau. Segundo a reportagem, há poucos feiticeiros que utilizam gatos em seus sacrifícios. Mais comum na Tanzânia é que em suas práticas os bruxos se utilizem de pessoas albinas – mutação congênita que faz com que olhos, cabelo e pele se tornem claros –, dos quais existem cerca de 1.400 indivíduos naquela nação. Vítimas em um país onde tais práticas mágicas são comuns, as pessoas albinas são sequestradas, mutiladas, assassinadas ou vendidas vivas para feiticeiros, que cobram uma pequenas fortuna para encantamentos feitos com partes de seus corpos. Alguns países africanos cultivam diversas crenças e mitos relacionados às pessoas albinas, o que faz com que estas corram constante perigo de vida, apesar das leis expressas para coibir tais práticas.

Além do uso dessas práticas mágicas, a política também inclui diversas crendices, reforçadas por acontecimentos posteriores, que se incorporaram ao folclore político. Candidatos a prefeito, por exemplo, adquiriram o costume de não se sentarem na cadeira do ocupante do cargo, antes de publicado o resultado das eleições. Que o diga Fernando Henrique Cardoso, que antes de ocupar a presidência do Brasil disputou a prefeitura de São Paulo, em 1985, quando era senador. Em visita à prefeitura o ainda candidato foi instado pelos jornalistas presentes a experimentar a cadeira do prefeito. Assegurado que a foto não seria publicada antes do resultado de pleito, FHC acomodou-se na poltrona e foi fotografado. Mas a fotografia vazou para a imprensa. Fernando Henrique perdeu a disputa para o ex-presidente Jânio Quadro, por um percentual reduzido – 34,1% a 37,5%. No dia da posse, Jânio Quadros, sempre teatral, borrifou inseticida na cadeira, dizendo ironicamente aos jornalistas: “A poltrona de prefeito foi ocupada por nádegas indevidas”.

Outra crença do folclore político bastante arraigada mas, posteriormente desmentida pelos fatos, é a de que candidatos à presidência não devem usar cocar de índios, antes de serem eleitos. Juarez Távora, que disputava a presidência em 1955, pousou com o adereço e perdeu as eleições. Mário Andreazza, na campanha presidencial de 1984, colocou um cocar na cabeça, mas perdeu a convenção de seu partido, o PDS. Tancredo Neves usou um cocar, ganhou as eleições de 1984, mas morreu sem tomar posse. O mesmo aconteceu com o deputado Ulysses Guimarães, que disputou e não se elegeu. A má sorte, segundo o folclore político, não vem do cocar, mas das penas do pássaro de que é feito. Se a ave depenada tiver morrido, o azar é maior ainda. Pelo sim, pelo não, o ex-presidente José Sarney nunca aceitou ostentar o adereço indígena que lhe foi oferecido em diversas ocasiões. Todavia Lula, Dilma e Bolsonaro não seguiram a recomendação dos antigos. Os três, em diversas cerimônias, aceitaram usar o cocar e, apesar disso, foram eleitos.

 

(Imagens: pinturas de Joaquin Sorolla y Bastida)

LIVROS

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 


EDUCAÇÃO

 


UK - In the dead of the night

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


UK

Album: UK (1978)

Música: In the dead of the night






UK foi um supergrupo britânico de curta duração ativo durante o final da década de 1970. Em setembro de 1976, o cantor e baixista John Wetton e o baterista Bill Bruford reuniram-se com o tecladista do Yes Rick Wakeman, um projeto da gravadora de Wakeman. Determinados a trabalharem juntos, Bruford e Wetton pediram para o guitarrista Robert Fripp para reformular o King Crimson, banda que Fripp deixou em dois anos antes. Quando Fripp recusou a proposta, Bruford e Wetton decidiram que cada um traria um músico de escolha própria para formar a banda.

Wetton trouxe o tecladista e violinista Eddie Jobson, de já conhecia de seu trabalho no Roxy Music em 1976. Já Bruford recrutou o guitarrista Allan Holdsworth (anteriormente do Soft Machine e do Gong). O UK lançou um álbum debut homônimo em 1978, chamando a atenção dos fãs do rock progressivo e do jazz fusion. Para o segundo álbum, após a saída de Bruford e Holdsworth, foi recrutado o baterista do cantor e compositor estadunidense Frank Zappa na época, Terry Bozzio. A banda encerrou as atividades no início de 1980, retornando em 2011.


(Fonte do texto: Wikipedia) 

Leituras diárias

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

 



A morte recalcada, a morte ‘presente’, mas tornada invisível e que deixou de ser temida ao ponto de se ter tornado inexistente, é, de agora em diante, poder e brutalidade sem sentido, tal como aparece ao novo tipo de homem quando se vê confrontado com ela. A morte surge apenas como catástrofe. Não é mais vivida de modo leal e consciente. E já ninguém mais sente e sabe que tem de morrer a sua própria morte.” (Scheler, pág. 43)

 

Max Scheler, Morte e sobrevivência


Voltaire - Micrômegas

sábado, 23 de outubro de 2021
 Faça download do conto filosófico "Micrômegas" de Voltaire!


No link abaixo:

Asia - Sole Survivor

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Asia

Album: Asia (1982)

Música: Sole Survivor 



https://www.youtube.com/watch?v=QOMD3oloFss


Após o término do King Crimson em 1974, vários planos para a formação de um supergrupo envolvendo o baixista John Wetton foram cogitados, incluindo o projeto British Bulldog com Bill Bruford e Rick Wakeman em 1976. Em 1977, Bruford e Wetton reuniram-se no UK junto com o guitarrista Allan Holdsworth e o tecladista e violinista Eddie Jobson. Seu álbum homônimo de estréia foi lançado em 1978. Em 1980, após o fim do UK e a saída de Wetton do Wishbone Ash, um novo supergrupo foi sugerido envolvendo Wetton, Wakeman, Carl Palmer e Trevor Rabin, mas Wakeman desistiu pouco antes. No ano seguinte Wetton e o guitarrista Steve Howe (recém saido do Yes, no início do mesmo ano) começaram a trabalhar juntos.

Howe e Wetton reuniram-se então com o tecladista do Yes e do The BugglesGeoff Downes. Pouco tempo depois, Carl Palmer (baterista do ELP) também se juntou ao projeto. Trevor Rabin também foi considerado para a banda e chegou a gravar alguns materiais junto, mas desistiu para aceitar a oferta de Chris Squire e Alan White no qual tornou-se o novo Yes.

As primeiras ofertas para a banda foram consideradas decepcionantes para os críticos e para os fãs do rock progressivo tradicional, que consideraram sua música muito mais próxima ao AOR. Entretanto a banda cativou fãs de bandas do começo da década de 1980 tais como JourneyBoston e Electric Light Orchestra (...).


(Fonte do texto: Wikipedia)

Mudanças climáticas

terça-feira, 19 de outubro de 2021


Leituras diárias

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 


“Evidentemente, a física moderna afirma que as correntes (de água) são compostas de átomos, que por sua vez são compostos de ‘partículas elementares’, tais como elétrons, prótons, nêutrons, etc. Mas, por um bom tempo, achava-se que esses últimos eram a ‘substância final’ de toda a realidade, e que todos os movimentos fluindo, tais como os dos rios, devem ser reduzidos a formas abstratas das movimentações através do espaço de grupos de partículas interagindo. Entretanto, foi descoberto que mesmo as ‘partículas elementares’ podem ser criadas, aniquiladas e transformadas, e isso indica que nem mesmo elas podem ser substâncias finais; ao contrário, elas também são formas relativamente constantes, abstraídas de algum nível mais profundo de movimento.” (Bohm, pág. 62)

 

David Bohm, Totalidade e a ordem implicada


Mudanças climáticas e algo mais

sábado, 16 de outubro de 2021

 

"O segredo do demagogo é se fazer passar por tão estúpido quanto sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele."   -   Karl Kraus   -   Citado por Ruy Castro em Mau humor - Uma antologia definitiva de frases venenosas


Entre 31 de outubro e 12 de novembro próximos ocorrerá a COP 26, realizada em Glasgow, na Escócia. A Conferência das Partes (COP) é um encontro anual que congrega 197 países, com o objetivo de discutir as mudanças climáticas e acordar medidas para combatê-las. As reuniões da COP foram estabelecidas em 1994, como um apêndice à Convenção-Quadros da Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Climate Change Framework Convention – UNFCC) e sua primeira reunião ocorreu em Berlim, em 1995. Desde então, os países vêm se reunindo anualmente para discutir providências, no sentido de que se diminuam as emissões de gases de efeito estufa, resultantes das atividades econômicas. A temperatura média do planeta já subiu 1,2º C desde o início da industrialização no século XVIII, continua aumentando e espera-se conservá-la abaixo de um aumento de 2º C, preferencialmente em torno de 1,5º C.

Os progressos feitos durante todos estes anos não foram muito grandes. Em diversas fases das negociações houve resistência de governos, de grandes grupos econômicos afetados pela necessidade de redução de emissões, de think tanks e ONGs, defendendo interesses de empresas ou associações. Atualmente, se bem que bastante reduzidos devido às evidências factuais e científicas, ainda existem grupos de pressão – notadamente nos Estados Unidos – e governos – caso do atual governo brasileiro – que colocam em dúvida as mudanças climáticas ou sua origem antrópica.

Os avanços que podem ser considerados como positivos, ocorreram principalmente na União Europeia, que até antes do governo Biden, nos Estados Unidos, tem sido a principal impulsionadora de medidas concretas, como aprovação de leis e normas técnicas, que visam diminuir a emissão de gases. Uso de energias renováveis, redução na geração de resíduos e gradual substituição da gasolina e do diesel nos veículos, são as principais áreas onde os governos europeus estão atuando. A China, atualmente o segundo maior emissor de gases, depois dos Estados Unidos, acordou para o problema da poluição atmosférica, por constantemente enfrentar altos níveis de contaminação em suas grandes cidades.

Os Estados Unidos, tradicionalmente, sempre se empenharam com as causas ambientais e de conservação da natureza. Foram o primeiro país a criar parques nacionais, desenvolveram e investiram em energia eólica antes da maioria dos países e criaram a energia solar fotovoltaica. Os americanos também foram os primeiros a organizarem movimentos ambientalistas, que através de sua pressão sobre o congresso daquele país conseguiram aprovar as primeiras leis sobre poluição atmosférica. Todavia, por sua posição crítica em relações aos organismos internacionais – ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial de Saúde), entre outros –, ciosos de sua autonomia no plano internacional, o governo e o congresso americanos sempre foram reticentes em aderirem ao Acordo Climático. Tanto, que seu último presidente, Donald Trump, saiu do acordo firmado na COP 21 em Paris. O atual dirigente americano, Joe Biden, voltou a incluir seu país no acordo. 


No que se refere às ações efetivas que ocorrem no plano das reduções de emissões, temos aproximadamente o seguinte quadro. Por um lado, publicam-se constantemente novos e mais acurados relatórios de cientistas e instituições internacionais alertando sobre os já perceptíveis efeitos das mudanças climáticas, como aumento da frequência e do volume de chuvas e nevascas, a maior incidências de estiagens, tornados e furacões. Por outro, persiste a imobilidade da maioria dos governos dos países não europeus, em dar início a programas de redução de emissões. Na maioria dos casos, especialmente nos países em desenvolvimento, trata-se, sobretudo, de falta de recursos financeiros e de conhecimento técnico para implantação de iniciativas concretas. Todavia, as elites de tais países, os latifundiários, os industriais e os políticos, também exercem considerável pressão, no sentido de barrar a aprovação de marcos legais que visem reduzir emissões, por representarem custo adicional nas atividades econômicas deste grupos.

Ao mesmo tempo, aumentaram consideravelmente nos últimos dez anos os projetos para o uso de energias renováveis em todo o planeta. A economia de escala e a pesquisa tecnológica, permitiram que o custo dos equipamentos para geração de energia solar fotovoltaica, tivessem uma redução em seu custo de quase 90% entre 2010 e 2020. No setor da energia eólica, o desenvolvimento da tecnologia, da engenharia financeira dos projetos e a escala de produção, também possibilitaram uma importante redução dos custos de implantação de projetos nos últimos dez anos. No Brasil, o setor de energia eólica já é responsável por cerca de 10% da energia da matriz energética, devendo chegar a 16% em 2026.

As maiores setores geradores de gases de efeito estufa são o de geração de energia, atividades agrícolas e a indústria. O setor de energia, que também inclui os transportes e a geração de calor, é responsável por cerca de 73% das emissões mundiais. Nos países do hemisfério Norte, a maior parte da eletricidade é produzida por usinas acionadas a carvão mineral, óleo combustível e gás natural; todos combustíveis geradores de gases de efeito estufa, principalmente o carvão. Além disso, em todo planeta rodam mais de 1,215 bilhão de veículos, entre automóveis, comerciais leves e veículos pesados. Além desses, há centenas de milhões de motocicletas e dezenas de milhares de aviões e navios de diversos portes.

A agropecuária é responsável por cerca de 12% das emissões de gases, principalmente por causa da fermentação entérica; o processo digestivo que ocorre em animais ruminantes, como gado, ovelhas e cabras. Além disso, o estrume deixado pelos animais no campo também é gerador do óxido nitroso, um gás de efeito estufa maior que o gás carbônico. O uso de fertilizantes e o cultivo de arroz, também contribuem para a formação de gases poluidores, da mesma forma como a derrubada e a queima de florestas, para início das atividades agrícolas.

O quadro geral do planeta em relação às mudanças climática, segundo os cientistas, é preocupante. No entanto, parece que o que diz a ciência e o que mostram os eventos climáticos – enchentes, secas, nevascas, aumento do nível dos mares, derretimento de geleiras – não está preocupando em demasia os principais agentes envolvidos com o problema: governos e empresas. Se os países desenvolvidos e industrializados procuram, de diversas formas, diminuir as emissões de suas atividades econômicas, nos países em desenvolvimento estas iniciativas são quase inexistentes. Exemplo disso, é a atuação na área ambiental do atual governo brasileiro. Desmantelou o órgão ambiental federal, flexibilizou leis e diminuiu a fiscalização ambiental em todas as áreas.


Mas o problema ambiental do planeta não se resume às emissões atmosféricas. A maior dificuldade a ser enfrentada pela civilização planetária nas próximas décadas, tem a ver com os rumos a serem dados ao nosso modo de produção, o capitalismo. Este sobrevive através da expansão; criação ou conquista de novos mercados, tendo como base a produção de mercadorias. No entanto, é conceito cada vez mais corrente nos estudos econômicos, que toda a atividade econômica humana ocorre dentro de um sistema mais abrangente, a natureza. Os recursos utilizados para manter a expansão do capitalismo, a energia e as matérias primas mais variadas, são limitados; alguns mais e outros menos. Sabemos também que diversos recursos naturais estão começando a rarear e que não podem ser substituídos por outros. Por outro lado, nenhuma matéria prima ou produto é reciclado em cem por cento, havendo sempre uma perda a cada ciclo de reciclagem. Assim, a tendência é que aos poucos comecem a faltar certas matérias primas básicas, insubstituíveis. Estaremos com isso correndo o risco de paralisarmos definitivamente este sistema econômico, por falta de insumos? Será este o fim do capitalismo como o conhecemos?


(Imagens: pinturas de Susan Weiss Rose)

LEIA!

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

 


Moto Perpétuo - Matinal

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Moto Perpétuo

Album: Moto Perpétuo (1974)

Música: Matinal



https://www.youtube.com/watch?v=gxBLb4dvJVc


Moto Perpétuo foi uma banda brasileira de rock progressivo e MPB que esteve em atividade de 1973 até 1975. O grupo ficou conhecido por ter revelado o cantorcompositor e pianista brasileiro Guilherme Arantes. Lançaram um único álbum autointitulado que, após sucessivos relançamentos nas décadas seguintes, tornou-se um clássico cult.

Em 1970, Guilherme Arantes foi assistir a peça Plug, produzida pelo seu primo Solano Ribeiro no Teatro Ruth Escobar e conheceu Diógenes Burani. Em pouco tempo, Guilherme (teclados), Diógenes (bateria e percussão) e Rodolfo Grani Júnior (baixo) estariam acompanhando Jorge Mautner em shows por São Paulo. Quando entrou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Guilherme conheceu outro músico: Cláudio Lucci. Quando Guilherme apresentou seus dois amigos - Diógenes e Cláudio - um ao outro, os três resolveram montar uma banda. Diógenes, por sua vez, tinha participado de um "embrião" do grupo que Rita Lee tentava montar com sua amiga Lucinha Turnbull, após a saída da primeira dos Mutantes, que se chamava Cilibrinas do Éden. Deste projeto, Diógenes havia conhecido Gerson Tatini (baixo) e Egídio Conde (guitarra), sugerindo seus nomes a Guilherme e Cláudio.  

Após um tempo da formação do grupo, chamam a atenção de Moracy do Valjornalista e produtor do álbum de estreia dos Secos & Molhados que começa a trabalhar na promoção da banda, conseguindo um contrato com a gravadora GEL para o lançamento de um álbum de estúdio pelo selo Continental - mesma gravadora do grupo de Ney MatogrossoJoão Ricardo e Gérson Conrad. Assim, em setembro e outubro de 1974 gravam - no Estúdio Sonima, em São Paulo - o seu álbum de estreia, Moto Perpétuo, produzido por Pena Schmidt e lançado em 11 de novembro de 1974 com uma apresentação no Theatro Treze de Maio. Alguns meses mais tarde, o grupo acabaria por divergências internas, com Guilherme Arantes querendo se afastar daquela sonoridade progressiva que ele considerava "elitista".

O álbum "Moto Perpétuo" é um dos mais bem produzidos álbuns do rock progressivo brasileiro. Vale a pena escutar todo o álbum!


(Fonte do texto: Wikipedia e autor)

Leituras diárias

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

 


“O hospital, em sua concepção moderna uma inovação social do Iluminismo do século XVIII, tem tido maior impacto na assistência médica do que muitos avanços em medicina. A administração, isto é, o ‘conhecimento útil’ que permite ao homem pela primeira vez, converter indivíduos produtivos, com habilidades e conhecimentos diferentes trabalhando juntos, em uma ‘organização’, é uma inovação deste século. Ela transformou a sociedade moderna em algo bem novo, alguma coisa, por sinal, para a qual não temos sequer uma teoria política ou social: uma sociedade de organizações.” (Drucker, pág. 41)

 

Peter Drucker, Inovação e espírito empreendedor

Ouse saber!

sábado, 9 de outubro de 2021

Faça download de clássicos da filosofia no blog do Prof. Dr. Marcos Fábio A. Nicolau (UVA), "que visa disponibilizar material didático on line das atividades docentes no semestre [aulas, cursos, oficinas, grupos de pesquisa], assim como a produção acadêmica [publicações, artigos, comunicações e palestras]"

Veja no link abaixo:

https://marcosfabionuva.wordpress.com/textos-classicos-da-filosofia/


Leituras diárias

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

 


“Qual é a agenda da nova direita? Na verdade, se a observarmos, ela é velha até cair de podre. No século XIII, os nominalistas separaram linguagem e mundo. E a teoria averroísta da dupla verdade cindiu religião e ciência. Mais tarde, Maquiavel sacralizou a ruptura entre moral e política. A nova direita, em seus surtos de integrismo católico ou de fundamentalismo evangélico, reconecta em uma mesma massa conceitual religião, natureza, ciência, política e moral. É, portanto, pré-nominalista e pré-maquiavélica.

No século XVIII, Kant fez a crítica do realismo metafísico, pois tudo o que existe, existe na mente. A nova direita afirma Deus, o mundo e as religiões como realidades. É portanto pré-kantiana. Antes do criticismo kantiano, Descartes fizera crítica da autoridade e da tradição, pois nenhuma delas pode fornecer fundamento aos nossos juízos. O que a nova direita mais ama além de tradição e autoridade? A nova direita é, portanto, pré-cartesiana e pré-racionalista.

Nos séculos XIX e XX, a psicanálise inseriu a sexualidade no âmago da atividade simbólica. Separou, radicalmente, sexo e gênero, anatomia e desejo. À medida que é sexista e naturalista, a nova direita é pré-freudiana. Quando fala em raças, a nova direita também é pré-darwinista, pois não compreendeu ainda a teoria da evolução das espécies feita pelo acaso e não por qualidades inerentes aos seres vivos. Por fim, quando defende valores universais, a nova direita demonstra que luta contra Marx sem ter compreendido sequer uma linha de Marx. Luta contra um fantasma. Agora que todo valor é um valor particular universalizado.”

 

Rodrigo Petronio, professor, escritor e filósofo, em O complexo de Bacamarte, publicado na revista Filosofia Ciência & Vida nº 146


FIQUE DE OLHO TAMBÉM!

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

 

Terreno Baldio - Primavera

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Terreno Baldio

Album: Além das lendas brasileiras (1977)

Música: Primavera 



https://www.youtube.com/watch?v=1eVorI6ZQvQ


Em 1973, João Kurk (vocais e flauta), Roberto Lazzarini (teclado) e Joaquim Correia (bateria) - ex companheiros de Islanders (cover de bandas de sucesso - 1966/1971), convidam Mozart Mello (guitarra) e João Ascenção (baixo) para formarem o Terreno Baldio, grupo de progressivo com forte inspiração na banda inglesa Gentle Giant.

Sua primeira apresentação notável ocorreu na noite de 28 de agosto de 1974, numa estrutura geodésica montada no Parque do Ibirapuera, especialmente para o evento "Festival do Cometa", que reuniu várias bandas de rock, entre elas a Jazzco. Em 1975, gravam o primeiro LP - Terreno Baldio, lançado pelo selo Pirata no ano seguinte, com prensagem de apenas 3.000 cópias.

Nesse mesmo ano, participam do festival Banana Progressiva, ocorrido no Teatro da GV, em São Paulo. O evento procurou apresentaro o que havia de progressivo na música brasileira como os grupos Vímana, Os Bolhas, O Terço, O Som Nosso de Cada Dia e Apocalypsis entremeados de outros grupos instrumentais e de vanguarda; tais como Hermeto Paschoal e grupo, Jazzco, A Barca do Sol - incluisive conta com a presença de Erasmo Carlos & Cia Paulista de Rock. Por essa época, a fitas-master de registro do primeiro álbum extraviam-se, inviabilizando novas tiragens.

O ecletismo sonoro da banda funde elementos eruditos aos jazzísticos e a ritmos e harmonias extraído da música popular e regional brasileira; tais como xaxado, baião, incluindo instrumentos de percussão típicos do nosso folclore. Os elementos poético remetem-se a temas daquele período e citam a liberdade, em oposição ao regime militar, a solidão e a poluição em alusão à vida em grandes cidades, como São Paulo.

No próximo registro, Além das Lendas Brasileiras - 1978, o tema conceitual do álbum foi encomendado pela gravadora (Continental/Warner) ao fechar contrato com o grupo. Naquele momento, Ascenção já havia sido substituído po Rodolfo Braga (ex-Joelho de Porco) no contrabaixo (início de 76). O novo repertório incluiu, além de temas do folclore nacional, a canção Passaredo, de Francis Hime e Chico Buarque, num arranjo original - tema vinculado à preservação da natureza. Ao final de 1979, o grupo dissolve-se em função do declínio do progressivo junto às mídias (...) 


Fonte:  last.fm 

(https://www.last.fm/pt/music/Terreno+Baldio/+wiki)

Leituras diárias

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

 



“No fundo, somos algo que não deveria existir: por isso, cessamos de existir. Na verdade, o egoísmo consiste no fato de que o homem limita toda realidade à sua própria pessoa, imaginando que exista apenas ela, e não as outras. A morte lhe mostra que ele está enganado, na medida em que suprime essa pessoa, de maneira que a essência do homem, que é sua vontade, doravante continuará a existir somente em outros indivíduos.” (Schopenhauer, pág. 28)

 

Arthur Schopenhauer, Sobre a morte – Pensamentos e conclusões sobre as últimas coisas

A "melhor idade"?

sábado, 2 de outubro de 2021

 
"É sábio ser cético sobre qualquer religião que diz não estar interessada em poder político. Dadas as circunstâncias propícias, a maioria das religiões não poderá resistir à tentação."   - Darrel W. Ray   -   O vírus de Deus - Como a religião infecta nossas vidas e nossa cultura    


Comemorou-se ontem, 1 de outubro de 2021, O Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Terceira Idade. A data foi criada em 1991 pela Organização da Nações Unidas (ONU), a fim de conscientizar as comunidades humanas da importância das pessoas idosas na estrutura social, e proporcionar aos anciãos uma vida mais proveitosa. Em dezembro de 2020 a Assembleia Geral da ONU declarou o período de 2021 até 2030 como a Década do Envelhecimento Saudável (https://www.paho.org/pt/noticias/14-12-2020-assembleia-geral-da-onu-declara-2021-2030-como-decada-do-envelhecimento). No Brasil, a data comemorativa foi instituída em 2006, durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva.  

Tecnicamente a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade nas nações desenvolvidas e acima de 60 anos nos países em desenvolvimento. No Brasil atualmente cerca de 15% da população – aproximadamente 31 milhões de pessoas – situam-se na categoria de idosos. A principal lei que rege sobre o tema é a Lei nº 10.741, o Estatuto do Idoso, aprovado em 1 de outubro de 2003 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm.). Em seu Artigo Segundo, o texto do documento legal define:

Art. 2º: O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.” 

No Artigo Terceiro o Estatuto estabelece que cabe à família, à comunidade, à sociedade e ao Poder Público garantir ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Ao idoso, segundo os termos da lei, ainda são assegurados outros direitos, como proteção contra negligência, discriminação e violência (Art. 4º); proteção da vida, pelo Estado (Art. 9º); atenção integral à saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS) (Art. 15); direito à educação, cultura, lazer, diversões, etc. (Art. 20º); direito ao exercício de atividade profissional (Art. 26º), entre outros. Recomendo a todos os idosos, ou àqueles que os tenham na família ou no círculo de amigos, que consultem a referida lei, para que possam conhecer melhor o Estatuto do Idoso. A conscientização do cidadão é fator importante para aumentar o grau de cidadania da população. Por isso, vale a pena conhecer os diversos Estatutos em vigor no Brasil – ao todo são 21 – tratando de variados temas de interesse (https://pt.wikipedia.org/wiki/Estatuto).  

Se a lei estabelece diversos direitos para as pessoas idosas, seja de acordo com as diretrizes dos órgãos internacionais nos quais o Brasil participa (ONU, OMS), ou através de legislação específica criada no país (Estatuto do Idoso), a situação real da maioria dos idosos no Brasil ainda deixa muito a desejar. A condição dos velhos, no acesso aos benefícios e direitos estabelecidos por lei, depende em grande parte de sua situação social; da classe econômica à que pertencem.

Enquanto que sêniores dos cerca de 20% mais ricos da população dispõem de recursos médicos, alimentação, moradia, lazer e outras vantagens, 80% dos restantes dos idosos brasileiros sobrevivem nas mesmas condições difíceis em que sempre viveram – ou, às vezes, em situações piores. Isto porque o valor médio das aposentadorias pagas no Brasil é baixo, (em novembro de 2020 o valor médio mensal do benefício pago pelo INSS era de R$ 1.349,05), em relação ao custo de vida no país. No entanto, as alterações nas aposentadorias de funcionários do setor privado e público, excluindo os militares, introduzidas pela Reforma da Previdência votada em 2020, deverá diminuir ainda mais os valores dos benefícios pagos pelo Estado brasileiro no futuro.    

Chamam a atenção as imagens de idosos de países europeus, viajando pelo mundo. A maioria recebe uma aposentadoria compatível com os antigos ganhos, quando ainda exerciam uma profissão. Também dispõem de assistência médica de qualidade fornecida pelo Estado, além de outros benefícios, facilitando o acesso à cultura e ao lazer. O Brasil, apesar de ser uma das maiores economias do mundo, com um considerável número de cidadãos milionários ou bilionários, não consegue oferecer estes benefícios a seus cidadãos. Novamente, assim como em várias outras áreas, as vantagens de uma sociedade econômica, social e culturalmente desenvolvida, ficam limitadas a uma parcela diminuta da população. No Brasil, cerca de 70% da população não possui planos de saúde privada, dependendo do SUS, e menos de 10% da população tem algum plano de previdência privada.

Voltamos novamente ao assunto que já abordamos por várias vezes em nossos artigos neste blog. Enquanto não se criarem condições de igualdade para todos, a começar por uma alimentação, assistência e educação de boa qualidade na fase da infância e juventude – pública, onde estudam os filhos do empresário e do empregado, como ocorre nas nações desenvolvidas – não poderá haver uma mudança nas condições socioeconômicas da maior parte da população. Esta assimetria social tem influências em todos os outros aspectos da sociedade: acesso a empregos melhor remunerados, cargos políticos, benefícios de diversos tipos, incluindo aposentadoria, assistência médica e vida mais digna na velhice (na “melhor idade”, eufemismo criado para escamotear uma realidade muitas vezes sórdida e cruel).

O Brasil, no entanto, sempre caminhou em direção contrária, comandado pelos grupos que dominam desde sempre a economia e, consequentemente a política. A própria estrutura do Estado é formada de modo a atender aos interesses apenas destes grupos e daqueles diretamente ligados a eles, as (cada vez menores) classes médias. 

A grande massa da população sempre teve que se contentar com as migalhas: a fila da vaga de emprego, a fila do SUS, a fila do auxílio emergencial, a fila do seguro-desemprego, a fila da distribuição de comida, etc., etc... Assim, o Dia do Idoso é apenas mais uma data comemorativa para celebrar um ideal, o qual ainda estamos muito longe de alcançar – pelo menos pela maior parte da população.     

 

 (Imagens: pinturas de Jyoti Bhatt)

ACORDE!

sexta-feira, 1 de outubro de 2021