Carro a diesel, quem ganha com isso?

sábado, 30 de julho de 2016
"Que, se os homens se dessem às coisas úteis com o mesmo fervor, com que se dão às coisas que lhe são impróprias, de nenhum proveito, e até mui perigosas, regeriam mais a fortuna, que a eles,  e subiriam tal grandeza, que de mortais os tornaria eternos a fama."  -  Salústrio  -  Guerra Jugurtina

Tramita na Câmara projeto que autoriza a fabricação e a venda de carros leves a diesel no Brasil. O projeto já foi rejeitado pelos deputados Sarney Filho (PV-MA) e Mendonça Filho (DEM-PE), respectivamente ministros do Meio Ambiente e da Educação do atual governo. Em 2015 o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criou uma comissão especial e depois de cinco anos de tramitação trouxe o tema novamente para votação. O relator do projeto, deputado Evandro Roman (PSD-PR) pretende levar o projeto a votação até meados de junho. Assim, quando este artigo for publicado, o resultado da votação já será conhecido.
Para discutir o projeto, foram realizadas diversas audiências públicas, com a participação de montadoras, fabricantes de autopeças, produtores de combustíveis, órgãos ambientais, além dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia, a Agência Nacional de Petróleo, Petrobrás e outros. De uma maneira geral, a maior parte dos especialistas se colocou contra o projeto.
Mesmo com as medidas de controle de emissões estabelecidas pelo governo, os veículos a diesel ainda emitem mais material particulado e óxidos de nitrogênio do que os automóveis rodando com gasolina ou etanol. Os padrões de emissão dos motores a diesel ainda estão acima daqueles recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar de ter preço abaixo do de outros combustíveis, o diesel é mais poluente - especialmente o brasileiro que ainda tem um teor de enxofre mais alto do que o diesel dos EUA e Europa - além de ser importado.

O relator do projeto defende que o consumidor deve ter direito de escolha, já que carros a diesel tem consumo menor de combustível. A situação, no entanto, não se resume apenas a uma suposta liberdade de escolha do consumidor. O diesel tem um preço menor porque não tem a mesma tributação dos outros combustíveis, sendo utilizado por caminhões que fazem o transporte de cargas. Se o combustível vier a ser utilizado por automóveis de passageiros, aumentará o volume consumido e, consequentemente, suas importações. Com isso o governo precisará aumentar os impostos sobre o diesel, encarecendo os custos de todo o setor de transportes.
Outro aspecto refere-se ao meio ambiente e à saúde. É fato que o diesel é um dos combustíveis mais poluentes. Mesmo a Europa, depois do escândalo dos carros da Volkswagen (a montadora declarava determinado nível de emissão de gases, quando efetivamente os carros emitiam muito mais) já está começando a rever sua política ambiental com relação aos automóveis movidos a diesel. "A Europa começa a discutir a restrição desses carros, culpando o diesel pela poluição das regiões metropolitanas. E nós vamos receber o lixo tecnológico que vai ser proibido lá?", cometa ao jornal O Estado de São Paulo o deputado Bruno Covas, ex secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo e opositor do projeto.


O Brasil, assim como todos os países emissores de gases de efeito estufa, acordou metas de redução de emissões durante a Conferência Mundial do Clima de Paris, em dezembro último. A liberação dos motores a diesel para veículos de passeio aumentaria consideravelmente as emissões de gases no país, além de piorar os microclimas e a poluição das nossas grandes cidades. No balanço geral o projeto trará muitas desvantagens e algumas poucas vantagens. Estas últimas principalmente para o setor automotivo.
(Imagens: pontes romanas)

Combustíveis e emissões de gases

sábado, 23 de julho de 2016
"A vida não é um bem, nem um mal: é ocasião para o bem e para o mal."  -  Lucílio  -  Pensamento estoico

O setor de transportes é um dos que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo, representando aproximadamente 20% do volume total das emissões. O mesmo ocorre no Brasil, onde grande parte dos transportes de produtos e mercadorias é feita através de caminhões. Na falta de um moderna infraestrutura de transportes de massa, parte significativa da população dos grandes centros urbanos brasileiros se utiliza do próprio automóvel, contribuindo mais ainda para o aumento das emissões de GEE.
Apesar da queda no consumo de combustíveis no Brasil entre 2014 e 2015 - 4,7% no caso do diesel e 7,3% no da gasolina - o aumento na queima dos combustíveis foi uma constante ao longo dos últimos 20 anos. A crise econômica deve refrear esta tendência ainda por mais um ou dois anos, mas logo que a economia mostrar uma pequena melhora e a produção e a distribuição voltarem a acelerar, a curva do uso de combustíveis voltará a subir. Por outro lado, apesar de ter reconquistado recentemente a autossuficiência volumétrica na produção do petróleo, o país ainda importa óleo diesel e outros derivados, dada a falta de capacidade para refino.

Do óleo diesel utilizado no Brasil, 75% do combustível é queimado pelo setor de transportes. Um volume considerável, que faz com que o país seja o segundo maior mercado mundial de consumo de diesel. A qualidade deste óleo combustível sempre foi bastante baixa, com altos índices de enxofre, o que aumentava a presença da fuligem resultante da queima do combustível. Desde 2013 o padrão do diesel melhorou bastante com o lançamento dos óleos tipo S-10 e S-50, propiciando considerável redução de enxofre. Outro aspecto na melhora da qualidade do diesel refere-se à sua composição; atualmente 7% de seu volume é constituído por biodiesel (óleo de origem vegetal). Este percentual deverá se elevar para 8% em 2017 e crescer 1% a cada ano até 2019, quando chegará aos 10% do volume do diesel.
A qualidade da gasolina brasileira, no que se refere à emissão de poluentes especialmente enxofre, era bastante baixa. A partir de janeiro de 2014, com nova formulação, a presença do enxofre na gasolina foi bastante reduzida, caindo de 800 ppm (partes por milhão) para 50 ppm. A adição de 25% de etanol anidro (álcool) à gasolina, faz com que 1/4 do combustível seja de origem renovável, não adicionando novas quantidades de GEE à atmosfera quando queimado. O programa brasileiro do etanol é único em todo o mundo (na quantidade em que é adicionada à gasolina), e é importante que o novo governo tenha na recuperação deste programa uma de sua principais metas de sua política energética.

A emissão de GEE pelo setor de transportes tem impacto direto sobre a saúde da população urbana, segundo diversos estudos já realizados. No entanto, entre 2003 e 2011 as emissões do setor de transportes aumentaram 17,8% na cidade de São Paulo, segundo dados da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Em 2013 63,1% das emissões de GEE na cidade eram originadas pelo setor de transportes. Destas, 51% gerados por automóveis; 17% por veículos comerciais leves e caminhões; 13% por ônibus e 3% pelas motocicletas, entre outros. Por isso, é importante melhorar a eficiência dos motores, inclusive através de programas de controle de emissões, e melhorar a qualidade ambiental dos combustíveis.
(Imagens: fotografias de pontes)

Aves urbanas

sábado, 16 de julho de 2016
"Para White (antropólogo Leslie White), cultura é um sistema integrado formado por três subsistemas distintos: o tecnológico, o sociológico e o ideológico. Esses três subsistemas estão interrelacionados e reagem mutuamente entre si."  -  Walter Neves  -  Antropologia ecológica

O Brasil abriga 1.833 espécies de aves, cerca de 20% do total mundial. Este número, no entanto, continua crescendo, já que são constantes as descobertas novas espécies nas diversas regiões do país, até nos arredores de grandes cidades como São Paulo e Curitiba. O número de variedades de pássaros habitando a região metropolitana de São Paulo (RMSP) gira em torno de 400, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Somente na área do Parque do Ibirapuera, já foram observados 159 tipos de aves, cujo número aumenta em direção à Serra da Cantareira, na região Norte da cidade, e do parque Capivarí-Mono, no extremo sul da cidade, nos contrafortes da Serra do Mar.
Muitos dos habitantes antigos das cidades da região têm a impressão de que as espécies e o número de aves urbanas, as aves sinantropicas (que sendo selvagens se beneficiam da presença humana), vêm crescendo ao longo das últimas décadas. Mais plantio de árvores frutíferas e floríferas, aumento das áreas verdes e praças, conscientização em relação à proteção das aves (as crianças nem conhecem mais os estilingues e as arapucas); são alguns dos motivos que parecem ter atraído mais pássaros para áreas urbanas da RMSP. Tal interpretação é defendida pelo engenheiro e ornitólogo brasileiro Johan Dalgas Frisch, um dos maiores estudiosos das aves brasileiras.
Impressão ou não, o fato é que quanto maior o número de aves urbanas em nossas cidades, tanto melhor. Os pássaros, além dos seus cantos e de suas belas cores, prestam-nos serviços ambientais como o controle biológico de pragas (insetos, pequenos vertebrados), a polinização de flores e a disseminação de sementes. As aves também são um indicador ambiental; quanto maior a presença e a variedade de pássaros, melhor a qualidade do ambiente. Por isso é importante que os habitantes e os administradores municipais façam o plantio de árvores frutíferas e floríferas, atraindo grande número e tipos de aves para os ambientes urbanos.
As aves mais comuns na RMSP são o pardal e o pombo doméstico (ambas as espécies trazidas da Europa durante os primeiros anos de colonização), o sabiá da terra, sabiá laranjeira, tico-tico, saíra, sanhaço, bem-te-vi, cambacicas, beija-flor, coleirinha, corruíra, periquito, joão de barro, pica-pau anão, coruja buraqueira, entre outros.
Para aqueles que querem alimentar as aves urbanas, especialistas recomendam recipientes colocados em árvores ou lugares abertos, contendo frutas como mamão, laranja, banana, tangerina, maçã, pêra, carambola; e sementes como o girassol, painço, quirera de milho e alpiste.
As cidades brasileiras, em geral, ainda têm grandes deficiências de infraestrutura, urbanismo e meio ambiente. Córregos poluídos por esgotos, loteamentos semiclandestinos sem arruamento e construídos em áreas de risco, falta de parques e arborização nas ruas; são problemas comuns a todos os municípios, há muitas décadas. Para modernizar o país é preciso que novas gerações de vereadores e prefeitos, devidamente preparados, tomem a si a tarefa de melhorar o padrão de habitabilidade de todos os bairros de nossas cidades, distribuindo democraticamente os benefícios do desenvolvimento econômico e tecnológico. Quando esta época chegar, será talvez o número e as espécies de aves urbanas que se avistam em cada rua, um dos fatores que definirá o padrão de desenvolvimento de cada município.
(Imagens: fotografias de igrejas medievais)   

Newsletter julho/agosto

sábado, 9 de julho de 2016
"A imagem primária (urtümliches Bild) que denominei 'arquétipo' é sempre coletiva, isto é, comum a pelo menos povos inteiros ou a períodos da história. Os principais temas mitológicos de todos os tempos e raças são muito provavelmente dessa ordem..."  -  Carl Gustav Jung citado por Joseph Campbell em As máscaras de Deus

Publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br

O processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff ainda tramita no Senado. Apesar do pouco entusiasmo com o governo interino de Temer por parte da maioria da população, segundo as pesquisas, é pouco provável que haja um retrocesso na situação. O interino acertou, segundo a esmagadora maioria dos economistas e empresários, na escolha da equipe econômica, formada por profissionais tarimbados no mercado e na política. Causou bom impacto a ideia de colocar limites aos gastos do governo; este Moloque ávido por aumentos de impostos. Fica a expectativa sobre outras medidas de efeito, que possam tirar o país do atoleiro econômico em que o meteram as administrações anteriores.
No campo político continua a ação salutar da operação Lava Jato, mirando em empresários, principalmente. Espera-se, com grande expectativa, que também políticos - aposentados e em exercício -, com contas a acertar com a Polícia Federal, sejam convocados ou visitados pelos eficientes agentes da instituição.
Para o ministério do Meio Ambiente o presidente interino Michel Temer convocou o deputado Sarney Filho (PV-MA), para ocupar a cadeira. Político experiente e deputado federal desde 1982, Zequinha (como é chamado pelos amigos) participou e participa de diversas comissões que discutem temas ambientais. Sarney Filho é advogado e já ocupou o mesmo ministério entre 1999 a 2003, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Sua indicação foi bem aceita por instituições ligadas ao setor do meio ambiente.
Logo no início de suas atividade, Sarney Filho criticou o acordo entre a empresa Samarco e os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, afirmando que a população da região, mais afetada pelo desastre de Mariana, não havia sido suficientemente consultada. Outro fato que deverá, já no início do mandato, trazer dores de cabeça ao ministro é a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2012, apresentada pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO) e relatada pelo senador – e atual ministro da agricultura – Blairo Maggi (PR-MT). A PEC pretende trazer mais agilidade ao processo de licenciamento. Assim, a partir da apresentação de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) nenhuma obra poderá mais ser cancelada ou suspensa. Na prática, isso significa que o processo de licenciamento ambiental, realizado sob a supervisão de um órgão de controle ambiental, e que analisa se um empreendimento é factível ou não baseado em seus impactos socioambientais, deixa de existir. Se por um lado a aprovação de um empreendimento pode se tornar menos burocrática, também beneficiará os empreendedores mal intencionados. Tratava-se de um controle que a sociedade tinha sobre os impactos ambientais das atividades econômicas e do qual - graças a expoentes brilhantes de nosso Legislativo - agora abriu mão.

Outras áreas ambientais como o saneamento e a gestão de resíduos dificilmente terão algum avanço até as próximas eleições presidenciais. No caso do saneamento, faltam recursos às companhias estaduais, à Caixa Econômica Federal e ao BNDES. Investimentos privados, muitos dos quais realizados no passado por consórcios de empreiteiras agora envolvidas na Lava Jato, serão difíceis na prática. Consórcios internacionais, mesmo contando com parceiros locais, não deverão participar de eventuais licitações antes do final do atual mandato presidencial, quando então os rumos da economia ficarem mais claros. Na área da gestão de resíduos a situação é semelhante: prefeituras, bancos estatais de fomento e setor privado estão sem recursos, aliado ao fato de que a legislação nesta área também é confusa para os investidores estrangeiros.
No momento em que escrevemos esta newsletter a Câmara ainda não havia dado seu parecer final sobre o Projeto de Lei 2013/2011, que libera o uso do diesel em carros de passeio no país. Enquanto a Europa começa a rever o uso do diesel em automóveis e a Volkswagen é condenada a pagar multa bilionária nos Estados Unidos, por problemas de excesso de emissão em alguns de seus veículos, querem introduzir a tecnologia por aqui. A quem interessa o carro a diesel na terra do etanol?
(Inagens: prédios modernos)

Prazos para o lixo

sábado, 2 de julho de 2016
"O paradoxo da imaginação reside no fato de que o imaginário nada é e jamais parece. O olhar direto faz os deuses morrerem."  -  Alain  -  As ideias e as épocas

Em pouco mais de dois anos, em agosto de 2018, o país deverá estar preparado para colocar em funcionamento um dos maiores projetos de gestão de resíduos em todo o mundo - pelo menos teoricamente. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que deveria entrar em vigor a partir de agosto de 2014, foi postergada para 2018 e para prazos mais longos dependendo do município. Assim, as capitais e os municípios de região metropolitana terão prazo até 31 de julho de 2018 para acabar com lixões, substituindo-os por aterros sanitários construídos de acordo com padrões técnicos aprovados. Já os municípios de fronteira e aqueles que contavam com mais de 100 mil habitantes de acordo com o censo de 2010, terão até julho de 2019 para realizarem as mesma obras. As cidade com 50 a 100 mil habitantes, terão um prazo ampliado para julho de 2020. Finalmente, para os municípios com menos de 50 mil habitantes (base 2010) o prazo final para construírem seus aterros, será 31 de julho de 2021.
Com prazos tão esticados é pouco provável que os atuais prefeitos - e até os futuros - estejam muito preocupados com a questão da gestão dos resíduos em suas cidades. A distribuição dos habitantes nos municípios brasileiros nos dá uma indicação disso. O país tem 5.299 cidades com menos de 100 mil habitantes; 252 municípios com população entre 100 mil e 1 milhão de pessoas; e 14 cidades com mais de um milhão de habitantes (base 2008). Sendo assim, grande parte dos municípios (95%) terá tempo até 2020, praticamente até o final do mandato dos prefeitos eleitos em 2016, para colocarem em prática projetos de coleta seletiva, organizarem as partes envolvidas e construírem aterros sanitários. Da maneira como conhecemos nossas administrações públicas e a tolerância com que a Justiça trata prefeitos infratores, é pouco provável que mesmo estes prazos, tão alongados, sejam mantidos. Mas, até é possível milagres acontecerem.  
A questão da correta gestão dos resíduos - da coleta até a disposição final - é um dos grandes desafios do Brasil moderno. Em 2014 o país gerou 78,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais 90,6% foram coletados. Quase 10% do lixo brasileiro acaba sendo enterrado em quintais, queimado em terrenos baldios ou simplesmente espalhado em ruas e avenidas, dando aos lugares aparência de sujeira, atraso e abandono. Do lixo efetivamente coletado 58,4% são direcionados aos aterros sanitários e 41,6% são depositados em aterros controlados (eufemismo para lixo compactado sem nenhum tratamento) e lixões. Em termos gerais é possível depreender que a situação do lixo no Brasil continua ruim.

Projetos de reciclagem em andamento ainda são poucos. Cerca de 1 mil cidades brasileiras têm implantados projetos de tamanhos variados, mas o volume total do material reciclado não passa dos 8% do total dos resíduos urbanos. Empresas de alguns setores se organizaram e assinaram acordos setoriais com o Ministério do Meio Ambiente, planejando implantar projetos logística reversa, para recolher seus resíduos - embalagens, restos de produtos, baterias, etc.
Grande parte do lixo, no entanto, ainda espera por uma destinação correta. São as prefeituras que darão início ao processo, instituindo a separação obrigatória do lixo, organizado catadores e construindo aterros sanitários. Os prazos foram dados, será que os prefeitos estão preocupados?
(Imagens: fotografias de templos maias)