Aves urbanas

sábado, 16 de julho de 2016
"Para White (antropólogo Leslie White), cultura é um sistema integrado formado por três subsistemas distintos: o tecnológico, o sociológico e o ideológico. Esses três subsistemas estão interrelacionados e reagem mutuamente entre si."  -  Walter Neves  -  Antropologia ecológica

O Brasil abriga 1.833 espécies de aves, cerca de 20% do total mundial. Este número, no entanto, continua crescendo, já que são constantes as descobertas novas espécies nas diversas regiões do país, até nos arredores de grandes cidades como São Paulo e Curitiba. O número de variedades de pássaros habitando a região metropolitana de São Paulo (RMSP) gira em torno de 400, segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Somente na área do Parque do Ibirapuera, já foram observados 159 tipos de aves, cujo número aumenta em direção à Serra da Cantareira, na região Norte da cidade, e do parque Capivarí-Mono, no extremo sul da cidade, nos contrafortes da Serra do Mar.
Muitos dos habitantes antigos das cidades da região têm a impressão de que as espécies e o número de aves urbanas, as aves sinantropicas (que sendo selvagens se beneficiam da presença humana), vêm crescendo ao longo das últimas décadas. Mais plantio de árvores frutíferas e floríferas, aumento das áreas verdes e praças, conscientização em relação à proteção das aves (as crianças nem conhecem mais os estilingues e as arapucas); são alguns dos motivos que parecem ter atraído mais pássaros para áreas urbanas da RMSP. Tal interpretação é defendida pelo engenheiro e ornitólogo brasileiro Johan Dalgas Frisch, um dos maiores estudiosos das aves brasileiras.
Impressão ou não, o fato é que quanto maior o número de aves urbanas em nossas cidades, tanto melhor. Os pássaros, além dos seus cantos e de suas belas cores, prestam-nos serviços ambientais como o controle biológico de pragas (insetos, pequenos vertebrados), a polinização de flores e a disseminação de sementes. As aves também são um indicador ambiental; quanto maior a presença e a variedade de pássaros, melhor a qualidade do ambiente. Por isso é importante que os habitantes e os administradores municipais façam o plantio de árvores frutíferas e floríferas, atraindo grande número e tipos de aves para os ambientes urbanos.
As aves mais comuns na RMSP são o pardal e o pombo doméstico (ambas as espécies trazidas da Europa durante os primeiros anos de colonização), o sabiá da terra, sabiá laranjeira, tico-tico, saíra, sanhaço, bem-te-vi, cambacicas, beija-flor, coleirinha, corruíra, periquito, joão de barro, pica-pau anão, coruja buraqueira, entre outros.
Para aqueles que querem alimentar as aves urbanas, especialistas recomendam recipientes colocados em árvores ou lugares abertos, contendo frutas como mamão, laranja, banana, tangerina, maçã, pêra, carambola; e sementes como o girassol, painço, quirera de milho e alpiste.
As cidades brasileiras, em geral, ainda têm grandes deficiências de infraestrutura, urbanismo e meio ambiente. Córregos poluídos por esgotos, loteamentos semiclandestinos sem arruamento e construídos em áreas de risco, falta de parques e arborização nas ruas; são problemas comuns a todos os municípios, há muitas décadas. Para modernizar o país é preciso que novas gerações de vereadores e prefeitos, devidamente preparados, tomem a si a tarefa de melhorar o padrão de habitabilidade de todos os bairros de nossas cidades, distribuindo democraticamente os benefícios do desenvolvimento econômico e tecnológico. Quando esta época chegar, será talvez o número e as espécies de aves urbanas que se avistam em cada rua, um dos fatores que definirá o padrão de desenvolvimento de cada município.
(Imagens: fotografias de igrejas medievais)   

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