Leituras diárias

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 


“A ideia de um governo providencial é tão vigorosamente combatida pela Academia quanto pelos epicuristas. Se Deus tivesse feito o mundo para o bem do homem, por quê ele colocou nele feras selvagens, vermes nocivos, plantas venenosas, todos igualmente prejudiciais ao homem? A razão é chamada de dom mais nobre de Deus ao homem. Quando vemos como os homens abusam de sua razão, nos sentimos mais dispostos a acreditar na imprevidência do que na providência, a nos perguntar por que Deus nos deu, o que é abusado tanto.” (MacColl, pág. 41)

 

“Todos os crimes e as tragédias de nossa raça têm sido obra de seres possuídos de razão, e não teriam sido possíveis sem a ajuda da razão. Você pode jogar a culpa nos vícios e erros dos homens, mas por que não dar-lhes uma razão que excluiria vícios e erros? Se todas as coisas são resultados de causas antecedentes, todas as coisas são apenas elos de uma cadeia de causas e efeitos, e a necessidade é toda poderosa: mas isso não é assim, pois algumas coisas estão em nosso próprio poder, e nossa vontade não é o resultado de causas antecedentes e externas.

Parece quase impossível conciliar qualquer uma dessas posições com o resto do que sabemos da filosofia de Carnéades, e certamente a conjectura de Zeller, de que ele considerava a liberdade da vontade como apenas provável, parece opor-se à pouca informação de que dispomos sobre o assunto. No que diz respeito à conduta da vida, não achamos que Carnéades dogmaticamente selecionou e propôs um Bem Maior como o objetivo da vida.” (MacColl, págs. 52 e 53)

 

 

Norman MacColl, Os céticos gregos: de Pirro a Sexto Empírico (original em inglês)

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