Euclides da Cunha (1866-1909)

domingo, 30 de abril de 2023

 

Euclydes Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866 e morreu em  15 de agosto de 1909 na mesma cidade. Era filho de Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha e Eudóxia Alves Moreira da Cunha.

Em 1883 ingressa no Colégio Aquino, onde foi aluno de Benjamin Constant, que muito influenciou a sua formação, apresentando-o à filosofia positivista. Em 1885, ingressa na Escola Politécnica, e no ano seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, onde novamente encontra Benjamin Constant como professor. Ingressou no jornal “A Província de S. Paulo” — hoje “O Estado de S. Paulo” — enquanto recebia título de bacharel e primeiro-tenente. Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclydes negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina. Em 1888, desligou-se do Exército.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu tornar-se primeiro-tenente e bacharel em MatemáticasCiências físicas e naturais. Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Sólon Ribeiro, um dos líderes da proclamação da República. Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Em 1897, tornou-se jornalista correspondente de guerra e cobriu alguns dos principais acontecimentos da Guerra de Canudos, conflito dos sertanejos da Bahia liderado pelo religioso Antônio Conselheiro contra o Exercito Brasileiro. Os escritos de sua experiência em Canudos renderam-lhe a publicação de “Os Sertões”, considerado uma obra notável do movimento pré-modernista que, além de narrar a guerra, relata a vida e sociedade de um povo negligenciado e esquecido pela metrópole.

Reconhecido por seu trabalho, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1903. Viajou para a região norte do Brasil em uma campanha de demarcação de suas fronteiras, a qual chefiou. Esta experiência resultou em sua obra póstuma “À Margem da História”, onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.

Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides prestou concurso para assumir a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides foi nomeado. Após a morte de Euclides, Farias acabaria ocupando a cátedra em questão.

Foi eleito em 21 de setembro de 1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18 de dezembro de 1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.

Seu casamento com Ana Emília Ribeiro foi marcado pela infidelidade de sua esposa, que teve dois filhos fora do casamento, frutos de seu caso extraconjugal com o militar Dilermando de Assis. Ao saber do caso, Euclydes tentou assassinar o amante de sua esposa, contudo foi morto por este em 15 de agosto de 1909, no que ficou conhecido como "Tragédia da Piedade".

Obras de Euclides da Cunha: Os Sertões, 1902; Contrastes e Confrontos, 1906; Peru Versus Bolívia, 1907; Castro Alves e o Seu Tempo, 1908; À Margem da História, 1909.

 

Frases de Euclides da Cunha

 

Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos.” Os Sertões;

Não há exemplo mais típico de um progresso às recuadas. Vamos para o futuro sacrificando o futuro, como se andássemos nas vésperas do dilúvio. Iludimos a crise financeira e o preço alto do carvão de pedra atacando em cheio a economia da terra, e diluindo cada dia no fumo das caldeiras alguns hectares de nossa flora.” Contrastes e confrontos;

Amazônia, ainda sob o aspecto estritamente físico, conhecemo-la aos fragmentos.” À margem da história;

A exploração capitalista é assombrosamente clara, colocando o trabalhador num nível inferior ao da máquina.” Contrastes e confrontos;

Há alguma coisa extraterrestre naquela natureza anfíbia, misto de água e de terras, que se oculta, completamente nivelada, na sua própria grandeza. E sente-se bem que ela permaneceria para sempre impenetrável se não se desentranhasse em preciosos produtos adquiridos de pronto sem a constância e a continuidade das culturas. As gentes que a povoam talham-se-lhe pela braveza. Não a cultivam, aformoseando-a: domam-na.” À margem da história;

O sertão é o homizio. Quem lhe rompe as trilhas, ao divisar à beira da estrada a cruz sobre a cova do assassinado, não indaga do crime. Tira o chapéu, e passa.” Os Sertões.


 

Fontes consultadas: Wikipedia; site ebiografia - Dilva Frazão; site Academia Brasileira de Letras; livros “Os sertões”, “À margem da história”; “Migalhas de Euclides da Cunha” e Site Pensador)

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