Novo relatório do IPCC ratifica mudanças climáticas

sábado, 19 de abril de 2014
"Considerando-se nossos cinco séculos de história, a extensão física e o volume populacional deste país, a nulidade de nossa contribuição espiritual chega a ser um fenômeno espantoso, sem paralelo na história do mundo."  -  Olavo de Carvalho  -  O mínimo que você precisa saber para não ser idiota

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão mundial para acompanhamento das mudanças do clima terrestre, publicou recentemente mais um documento. O estudo intitulado de “Mudanças Climáticas 2014: impactos, adaptação e vulnerabilidade”, contou com a colaboração de 309 cientistas de diversas áreas, de 70 nacionalidades. Elaboradas e divulgadas periodicamente, as pesquisas da instituição apontam novos fatos, que comprovam cada vez mais o aquecimento da atmosfera terrestre causado pela ação humana. Apesar de ainda existirem setores da economia, da política e da ciência que colocam em dúvida o aquecimento do planeta, Michel Garrand, secretário da Organização Meteorológica Mundial (OMN) afirma que “não há nenhuma dúvida de que o clima está mudando e que 95% destas mudanças devem-se à ação humana”.
Os autores dividem as mudanças em eventos que deverão ocorrer em médio prazo, até 2030 ou 2040, e os que podem ocorrer no longo prazo, entre 2080 e 2100. No final deste período, a temperatura média da Terra deverá ter aumentado de 2º a 4º Celsius. Já em médio prazo deverá aumentar gradativamente a acidez dos oceanos, fato que já começa a ser percebido atualmente. O fenômeno afetará a sobrevivência de diversos organismos marinhos e causará grandes estragos nas formações de corais. Com isso, será prejudicada uma diversificada fauna que vive nos corais, incluindo espécies que utilizam os bancos de corais como local de alimentação e procriação.
O impacto do aquecimento na produção de grãos também será bastante forte, podendo causar o aumento do preço dos alimentos e fome em várias regiões do globo. O estudo prevê que as culturas de milho, arroz e trigo – cereais que constituem a base alimentar de 80% da humanidade – serão cada vez mais afetados pelo calor e poderão apresentar quebras de safra de 25% até 2050.
Relatórios anteriores do IPCC já divulgaram aspectos das mudanças climáticas que se tornarão cada vez mais frequentes nas próximas décadas, como o derretimento de geleiras e a ocorrência de fenômenos climáticos extremos; furacões, secas e chuvas torrenciais. No mais novo relatório foi dado ênfase aos aspectos sociais do fenômeno, principalmente as migrações causadas por catástrofes climáticas. Falta ou excesso de água deverá forçar milhões de pessoas a deixarem suas regiões de origem, aumentando a pressão populacional sobre cidades e tornar extensas áreas de agricultura temporariamente improdutivas. Estes fenômenos ocorrerão principalmente em países localizados nas regiões tropicais do planeta que, coincidentemente, são as mais pobres e as mais populosas. Assim declara Kaisa Kosonen, ativista da ONG Greenpeace, que “pela primeira vez o IPCC tem um capítulo inteiro sobre segurança humana, que fala sobre conflitos violentos, migração. As mudanças climáticas não são só um problema para os ursos polares, recifes de corais e a floresta tropical, mas é sobre nós.”
A Europa já prepara um plano para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 40% até 2030. Segundo o cientista do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), José Antonio Marengo Orsini, o Brasil também precisa colocar a questão do clima em sua agenda política. No entanto, a depender da linha de atuação do atual governo, parece que uma política nacional de mudanças climáticas mais efetiva tem pouca importância.
(Imagens: fotografias de Ricardo E. Rose)

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