"Os poetas, idiotas como crianças, se extasiam diante dos vagalumes errantes do infinito. Para mim que não sou - por sorte ou azar - nem versificador nem místico, o céu é somente o velório sinistro em que leio toda noite a sentença da minha irremediável nulidade." - Giovanni Papini - Gog
Tratamento de esgoto ainda continua sendo
um problema no Brasil. Governos se sucedem a nível municipal, estadual e
federal, mas os avanços são lentos. Diz o ditado que "obra enterrada, que
não aparece, não dá votos". No entanto, administradores públicos que ainda
pensam desta maneira - e pelo ritmo e quantidade das obras parece que são
muitos - deveriam rever suas ideias. O tratamento de esgoto, segundo pesquisas,
está entrando na lista dos itens mais cobrados pela população, junto com a
melhoria da educação e do atendimento médico.
Recente estudo elaborado sobre o tema do
saneamento pelo Instituto Trata Brasil descobriu que 61,4% da população das 100
maiores cidades do País têm acesso à coleta de esgoto - enquanto a média
restante no Brasil continua sendo de 48,1%. Todavia, o volume de esgoto tratado
nestas mesmas 100 cidades alcançou 38,5%, enquanto no restante do País este
percentual é de 37,5%. Sobre este ponto o estudo conclui que "a lenta
velocidade de avanço nesses serviços compromete a possibilidade do País atingir
a universalização do saneamento nos próximos 20 anos, prazo contido no Plano
Nacional de Saneamento Básico do Governo Federal".
Outro problema que deveria ser prioridade
nos ministérios da Integração Nacional e das Cidades, por exemplo, é a questão
da disponibilidade de água potável. No Brasil em média 82,4% da população têm
acesso ao líquido, com percentuais menores nos estados do Norte de Nordeste.
Nas 100 maiores cidade do País este índice atinge os 92,2%.
Com relação à perda de água tratada - seja
por vazamentos na tubulação ou roubo - o prejuízo médio nas 100 maiores cidades
foi de 40,08%; maior do que a média do restante do País (38%). No total, apenas
quatro das 100 cidades apresentaram perda de água menor do que 15%. 22%
apresentaram índices entre 15% e 30%. Com isso, 74% das cidades têm perdas
maiores que 30% e 14 delas acima dos 60%.
O estudo realizado pelo Instituto Trata
Brasil foi feito baseados em dados de 2011, os mais atuais disponíveis no
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), do Ministério das
Cidades. Dentre as 100 maiores cidades brasileiras pesquisadas, o município
mineiro de Uberlândia é o que tem o melhor serviço de saneamento. A seguir vêm
as cidades de Jundiaí (SP), Maringá (PR); as paulistas Limeira, Sorocaba,
Franca, São José dos Campos, Santos e Ribeirão Preto, seguidas de Curitiba
(PR). A lista das cidades que oferecem o pior serviço de saneamento é
encabeçada por Ananindeua (PA), seguida por Santarém (PA), Macapá (AP),
Joboatão de Guararapes (PE), Belém (PA), Porto Velho (RO), Duque de Caxias
(RJ), São Luiz (MA), Teresina (PI) e Aparecida de Goiânia (GO).
O Brasil é um dos países com os mais baixos
índices de saneamento na América Latina. Muitas doenças, provocadas por águas
contaminadas, ainda vitimam milhares de crianças em todo o País. O problema não
é causado pela falta de recursos, já que bilhões de reais foram alocados para a
construção dos estádios e demais obras de infraestrutura destinadas à Copa Mundial
de Futebol em 2014. O que falta é priorizar o tema do saneamento; o que nos faz
pensar: "Será que obra enterrada, que não aparece, não dá votos no
Brasil?"
(Imagens: portas em Iguape, SP - fotografias de Ricardo E. Rose)
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