Jorge Luis Borges

sábado, 2 de setembro de 2017

(publicado originalmente na página do Facebook da Academia Peruibense de Letras)

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (1899-1986), conhecido como Jorge Luis Borges, foi contista, ensaísta, poeta e tradutor argentino. Descendente de uma tradicional família de políticos, foi educado em casa até os onze anos de idade, quando se tornou fluente em inglês. Em 1914 a família muda para a Suíça, onde o futuro escritor frequenta a escola e aprende também o francês. Durante sua permanência no país também aprende a língua alemã e desde cedo lê os filósofos alemães, ao mesmo tempo em que tem acesso ao que de mais moderno se produzia à época na literatura mundial.


Em 1921 retona à Argentina onde publica seu primeiro livro de poemas "Fervor de Buenos Aires" e inicia atividade de jornalista e escritor no jornal "Prisma", do qual é um dos fundadores. A partir dos anos 1930 começa sua carreira de ficcionista, escrevendo em um estilo batizado à época de "irrealidade"; mais tarde conhecido como "realismo mágico". Com influências da fenomenologia e do existencialismo, filosofias em voga à época, Borges começa a publicar contos e ensaios em diversas revistas literárias da Argentina e do exterior.

Em 1955 Borges fica completamente cego e nunca chegou a aprender o braille. Mesmo assim, torna-se diretor da Biblioteca Pública Nacional e professor de literatura inglesa na universidade de Buenos Aires. Entre 1967 e 1968 foi também professor na universidade de Harvard. A partir dessa época passa a ganhar notoriedade internacional, tendo seus textos traduzidos para várias línguas e recebendo premiações de diversas instituições. Borges faleceu na Suíça, na companhia de sua companheira e secretária, Maria Kodama.

A literatura de Borges é a literatura filosófica e fantástica; é uma misto de ideias e referências filosóficas, literárias, históricas, fazendo alusões a mitos, religiões e relatos de povos do mundo inteiro. Entre suas principais obras estão "História universal da infâmia" (1935), "Ficções" e "O Aleph", publicados na década de 1940; "O livro dos seres imaginários" (1967), "O informe de Brodie" (1970), "O livro de areia" (1975), entre outros. Borges também escreveu centenas de ensaios sobre diversos assuntos, alguns deles reunidos no livro "Outra inquisições" (1952). Deste livro, publicado em 2007 pela Companhia de Letras, ressaltamos as seguintes passagens:


"As ilusões do patriotismo não têm limite. Nos século primeiro de nossa era, Plutarco zombou daqueles que afirmavam que a lua de Atenas seria melhor do que a lua de Corinto; Milton, no século XVII, notou que Deus tinha o costume de se revelar primeiro para Seus ingleses; Fichte, no início do XIX, declarou que ter caráter e ser alemão é, evidentemente, a mesma coisa."

"Com efeito, se o mundo for sonho de Alguém, se houver Alguém que agora esteja nos sonhando e que sonha a história do universo, como prega a doutrina da escola idealista, a aniquilação das religiões e das artes, o incêndio geral das bibliotecas não será muito mais importante do que a destruição dos móveis de um sonho. A mente que alguma vez os sonhou voltará a sonhá-los; enquanto a mente continuar sonhando, nada se terá perdido."

"No oitavo livro da Odisséia, lê-se que os deuses tecem desgraças para que às futuras gerações não falte o que cantar; a afirmação de Mallarmé 'O mundo existe para chegar a um livro' parece repetir, uns trinta séculos depois, o mesmo conceito de uma justificação estética dos males."
(Imagens: fotografias de portas na cidade de Iguape, SP, de Ricardo E. Rose)

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