Leituras diárias

quarta-feira, 11 de setembro de 2024


 

“Trazendo a questão ao Brasil, numa tentativa de iluminar o debate sobre religião e política na América Latina, fica claro que pobres evangélicos pentecostais tendem a não votar em candidatos com propostas redistributivas. Em grande medida, isso pode ser explicado pelo eficiente trabalho de mobilização realizado por pastores e lideranças religiosas nas igrejas pentecostais. Concentrados nas áreas pobres urbanas, seus fiéis tendem a ser menos escolarizados, menos informados e mais conservadores do que os eleitores católicos, que constituem o núcleo de apoio dos candidatos com propostas redistributivas nas disputas presidenciais brasileiras. É um comportamento mais consistente que o dos evangélicos históricos, sendo a rejeição deste último grupo aos candidatos de esquerda consideravelmente menor na comparação com seus pares pentecostais.” (Araújo, pág. 81).

 

“Mesmo sendo o Brasil um país com uma altíssima desigualdade de renda, os incentivos para que os políticos eleitos enfrentem esse problema tendem a ser cada vez menores. Em um contexto onde a maioria dos eleitores se orienta por temas e discussões morais, plataformas eleitorais que enfatizem o papel do Estado como agente promotor de desenvolvimento e indutor de gastos sociais tenderão a atrair uma parcela cada vez menor do eleitorado de baixa renda. Com o avanço acelerado da transição religiosa, o futuro do Brasil deverá ser de mais desigualdade e menos pressão por redistribuição de renda.” (Araújo, pág. 87).

 

Victor Araújo, A religião distrai os pobres? : O voto econômico de joelhos para a moral e os bons costumes

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