C 40: prefeitos debatem clima nas metrópoles

terça-feira, 7 de junho de 2011
"Matamos o tempo, o tempo nos enterra"  -  Machado de Assis  -  Memórias póstumas de Brás Cubas

Realizou-se recentemente em São Paulo a Cúpula dos Prefeitos das Cidades C40. Trata-se do encontro dos administradores das 40 cidades que mais emitem gases de efeito estufa, causadores das Mudanças Climáticas. Estes encontros de prefeitos já vêm se realizando há alguns anos em outras cidade do globo e tem como principal objetivo discutir e avaliar ações que possam contribuir para a redução das emissões - e de suas fontes geradores - nestes grandes centros urbanos. Um dos pontos altos do evento foi o anúncio do presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, comunicando a criação de um fundo para financiamento de iniciativas de redução de emissões, que pode chegar a 50 bilhões de dólares. Segundo Zoellick, o Bird tem atualmente R$ 6,5 bilhões para estas iniciativas e já teria investido US$ 15 bilhões nos municípios que integram a iniciativa C40. O encontro foi o primeiro sediado em uma cidade da América Latina. A de São Paulo foi escolhida tendo em vista as ações que está realizando para o combate das Mudanças Climáticas; como a Política Municipal de Mudanças Climáticas, a implantação da inspeção veicular e a criação do programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis na frota de ônibus municipais.
É cada vez maior a importância das grandes cidades no contexto da economia global. Atualmente, mais de 50% da população mundial vive em cidades; no Brasil quase 85% da população já é urbana. As aglomerações urbanas, apesar de ocuparem um espaço bastante limitado em relação à área total da Terra, provocam grandes impactos ambientais de efeito local, poluindo o solo e a água; e de abrangência global, caso das emissões causadoras das Mudanças Climáticas. É por essa razão que as grandes metrópoles estão se associando e procurando colocar em prática soluções conjuntas. Tecnologias e projetos já testados e utilizados em uma região do globo podem ser adaptadas e aplicadas em outras, não há necessidade de se inventar a roda novamente. A interdependência da economia mundial, somada as tecnologias de comunicação presentes na vida dos cidadãos, empresas e instituições, faz com que hoje os centros urbanos se vejam cada vez mais inseridos em um cenário mundial. Os problemas que afetam Mumbai, na Índia, podem afetar São Paulo, Bogotá na Colômbia e Lagos na Nigéria. Ao mesmo tempo, uma solução criativa de moradia popular desenvolvida por uma ONG de Johannesburgo, na África do Sul, por exemplo, também pode ser aplicada no Rio de Janeiro ou Buenos Aires.
A parceria entre as grandes cidades deve ser incentivada. É importante que o grau de cooperação - seja no aspecto ambiental, social, tecnológico e cultural - ocorra cada vez mais. O mundo precisa se preparar para as próximas décadas, quando a população urbana deverá aumentar mais ainda e assim provocar o crescimento da demanda por produtos e serviços nos grandes centros. Com isso, os governos serão forçados a aumentar seus investimentos em infraestrutura. Todavia, o compartilhamento de tecnologias e de outros tipos de conhecimento e práticas sustentáveis, pode reduzir o custo das inovações que necessariamente terão que ser introduzidas.
(imagens: Gustave Courbet)

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