Sobre o pano da mesa e nos jarros de um gosto improvável
colocaram flores e gestos de parentes extintos
que um microfone cuidadosamente disfarçado
irradiou toda a noite para muito longe.
João Cabral de Melo Neto - O cão sem plumas
No entanto, já faz algum tempo que muitos
economistas, políticos e ativistas perceberam que o PIB ou o PPC não eram
parâmetros ideais para medir o quanto um país havia crescido, já que eram
grandes generalizações que só focavam aspectos econômicos. Percebeu-se, por
exemplo, de que a maioria dos cidadãos de um país poderia ficar mais pobre e o
PIB mesmo assim apresentar um crescimento. Este quadro caracteriza um processo
de gradual concentração de renda; exatamente o que ocorreu no Brasil entre os
anos 1950 até a década de 1990.
Outro aspecto deste tipo de avaliação é que
o desmatamento de extensas áreas de floresta amazônica e de Cerrado,
substituídos pela cultura da soja e criação de gado, também foi computado como
crescimento do PIB. Uma análise econômica simplista considerava apenas a nova
riqueza que era gerada com o plantio e venda da soja e da carne, mas não levava
em conta a riqueza natural - a biodiversidade e os ecossistemas - destruídos
pela atividade agropecuária.
A partir dos anos 1990 a Organização das
Nações Unidas (ONU) mudou o foco na avaliação do grau de desenvolvimento dos
países, criando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esta estatística é
composta a partir de dados como: expectativa de vida ao nascer, educação e PIB
per capita. Sob a ótica do desenvolvimento humano, as nações são assim
classificadas em desenvolvidas, em desenvolvimento e subdesenvolvidas. O
Brasil, de acordo com estes parâmetros está situado em nível de desenvolvimento
médio (0,730), em uma lista que tem a Noruega como país com IDH mais alto
(0,955) e a República Democrática do Congo como menos desenvolvido (0,304).
Em uma avaliação independente, realizada recentemente pelo grupo financeiro suíço RobecoSAM, o Brasil ocupou a posição 45 em um ranking de 59 países. Os critérios utilizados pelos avaliadores incluíam 17 indicadores, divididos em: meio ambiente (status, riscos e energia); aspectos sociais (bem-estar, trabalho, igualdade, desenvolvimento humano, greves/gargalos); e governança (liberdade e desigualdade, competitividade, riscos políticos, eficiência, aplicação das leis, corrupção, estabilidade, qualidade regulatória, instituições, políticas para a terceira idade/demografia). Na América Latina o país ficou atrás da Argentina, Peru, Colômbia, Chile e no mundo a Suécia é a primeira colocada.
Em uma avaliação independente, realizada recentemente pelo grupo financeiro suíço RobecoSAM, o Brasil ocupou a posição 45 em um ranking de 59 países. Os critérios utilizados pelos avaliadores incluíam 17 indicadores, divididos em: meio ambiente (status, riscos e energia); aspectos sociais (bem-estar, trabalho, igualdade, desenvolvimento humano, greves/gargalos); e governança (liberdade e desigualdade, competitividade, riscos políticos, eficiência, aplicação das leis, corrupção, estabilidade, qualidade regulatória, instituições, políticas para a terceira idade/demografia). Na América Latina o país ficou atrás da Argentina, Peru, Colômbia, Chile e no mundo a Suécia é a primeira colocada.
A posição ocupada pelo Brasil nesta avaliação é
considerada péssima pelos especialistas e demonstra o quanto ainda estamos
atrasados social e ambientalmente em relação a outras nações. O incentivo
excessivo do consumo, sem olhar para outros aspectos, foi um dos enganos do
governo.
(Imagens: fotografias de Robert Doisneau)
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