Brasil aumenta emissões de gases de efeito estufa

sábado, 13 de dezembro de 2014
..."por outro lado, a ideia de acaso é, talvez, dentre todas as que os homens puderam conhecer, a mais difícil de ser assumida por sua afetividade, pois implica a insignificância radical de todo acontecimento, de todo pensamento, de toda a existência."  -  Clement Rosset  -  A anti natureza elementos para uma filosofia trágica

As emissões brasileiras de gases de efeito estufa (GEE) aumentaram em 7,8% no último ano, segundo o estudo “Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2014”, divulgado pela rede de ONGs Observatório do Clima. A produção de gases poluidores – principalmente dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e perfluorcarbonetos – esteve em queda desde 2005, mas apresentou forte crescimento durante o ano de 2013. O aumento se deu em todos os setores da economia; da indústria ao transporte, passando pela agricultura e às mudanças no uso do solo. A ser mantido este ritmo de crescimento nas emissões, o Brasil não conseguirá cumprir as metas voluntariamente assumidas durante a Conferência sobre o Clima em Copenhague (2009), de reduzir a produção de gases entre 36% e 39% até 2020, em comparação com 1990.
O crescimento das atividades econômicas – apesar do baixo crescimento nos últimos anos – está colocando o Brasil entre as nações mais poluidoras do planeta. Nosso nível de emissão de GEE, medido em toneladas de dióxido de carbono (tCO²), está em 7,8 tCO² por habitante por ano; acima da média mundial de 7,2 tCO²/habitante/ano. Com isso, “estamos muito longe de uma economia de baixo carbono”, segundo Tasso Azevedo, coordenador do estudo, em declaração ao jornal Folha de São Paulo. Dois setores da economia foram os maiores responsáveis pelo aumento nas emissões de gases: mudança no uso da terra (leia-se desmatamento) e energia (incluindo os transportes). O primeiro contribuiu com 16,4% no incremento dos GEE, devido aos desmatamentos na Amazônia e no Cerrado. No setor de energia, aumentou a queima de óleo combustível e carvão usado nas usinas termelétricas e cresceu o consumo de diesel e gasolina no transporte.  
Em 2013 o país gerou aproximadamente 3% das emissões mundiais de GEE, ou seja, 1,56 bilhões de toneladas de CO² ou gás equivalente (1,56 GtCO²e). Para totalizar este volume de emissões, os setores econômicos contribuíram percentualmente da seguinte maneira: mudança de solo/desmatamento – 35%; energia/transportes – 30%; agropecuária – 27%; indústria – 6%; e gestão de resíduos – 3%. Para que possa atingir suas metas de emissão, o Brasil não poderá ultrapassar o volume de dois bilhões de toneladas de CO² equivalente (2,2 GtCO²e) anuais de emissão de gases em 2020.
Em Paris, no final de 2015, deverá ocorrer a 21ª Conferência sobre o Clima (COP 21), cujo grande objetivo será dar continuidade às discussões em torno do Protocolo de Kyoto, acordo internacional assinado em 1997 que visava reduzir as emissões mundiais de GEE. Diferente das conferências anteriores, a COP 21 será realizada em novo ambiente político. Os dois maiores emissores, os Estados Unidos e a China, responsáveis por 50% das emissões mundiais e sempre avessos a assumirem compromissos de redução de emissões no passado, estão trabalhando firmemente para baixarem suas emissões domésticas. Com isso, certamente virão à Paris com o objetivo de aceitar metas de redução e também de cobrá-las dos países em desenvolvimento – o chamado Grupo dos 77, entre os quais também se inclui o Brasil. O não cumprimento destas metas de redução negociadas, segundo especialistas, poderia implicar em sanções comercias às nações que não mantivessem o que prometeram. Em Paris não haverá mais espaço para bravatas e promessas sem compromisso em relação ao clima. 
(Imagens: fotografias de John Gutmann)

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