Energia solar: o avanço da solar fotovoltaica

sábado, 20 de dezembro de 2014
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O Brasil é o país com o maior potencial de aproveitamento de energias renováveis em todo o mundo, dada sua extensão territorial e localização geográfica. Diferente de outros países que optaram por matrizes energéticas baseadas no petróleo, no carvão e no urânio, estruturamos nossa geração elétrica sobre a matriz renovável hidráulica. Ainda hoje, apesar de grande parte dos principais reservatórios da região sudeste estar com baixa capacidade de água, cerca de 70% da eletricidade consumida no país provêm desta fonte.
Energia renovável sempre foi a opção mais disponível para acionar a economia do país. Nos anos 1970, quando o preço do petróleo chegou a aumentar 400% em alguns meses, o governo implantou um dos maiores programas de combustível renovável em todo o mundo, o Proálcool. A exploração da cana-de-açúcar utilizada para produzir o álcool gera excedentes de biomassa – o bagaço de cana – que é utilizado pelas usinas para gerar eletricidade. Outra fonte renovável, o óleo vegetal, é a matéria prima principal do programa nacional do biodiesel, que hoje adiciona 7% de óleo ao diesel de petróleo, reduzindo importações de óleo mineral e emissões provocadas por sua queima.
Através de outra fonte energética renovável, o vento, o Brasil produz atualmente mais de cinco mil Megawatts (MW) de eletricidade. O parque eólico nacional está em rápida expansão, incentivado pela redução dos custos dos equipamentos, disponibilidade de financiamento privado e público para os projetos e leilões de compra de energia organizados pelo governo. Em 2014 o país tornou-se mundialmente o sétimo colocado em número de parques eólicos instalados, atrás apenas de China, Alemanha, Reino Unido, Índia, Canadá e Estados Unidos.
A energia solar fotovoltaica é a renovável que até o momento vinha recebendo pouco apoio do governo. A criação da figura do micro produtor de energia pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2012, e a eliminação de impostos na cadeia produtiva, pouco ajudaram a impulsionar este setor e aumentar a capacidade instalada – hoje em torno de 10 MW. No entanto, recentemente foi dado um importante passo, que poderá impulsionar o mercado de energia solar fotovoltaica da mesma forma como ocorreu com a energia eólica há cinco anos. Através do Leilão de Energia de Reserva foram contratados 889,7 MW de energia fotovoltaica – praticamente 80 vezes mais do que a capacidade atualmente instalada – para serem entregues até 2017. A iniciativa de compra de energia solar através de leilões já havia ocorrido em Pernambuco em 2013, e teve um impacto local. O leilão nacional ora realizado envolverá um numero maior de empresas, fortalecendo o setor no país. “Este é um passo importantíssimo para o fortalecimento da (energia) solar no Brasil. O volume contratado foi excepcional”, afirmou Bárbara Rubim, da campanha de Clima e Energia da ONG Greenpeace.


A energia solar fotovoltaica tem como vantagem sobre as outras renováveis seu baixo custo de instalação – o preço dos painéis solares vem caindo a cada ano – e a flexibilidade da geração descentralizada. Uma providência a ser tomada em curto espaço de tempo é a regulamentação da figura do micro produtor de energia, possibilitando que este possa suprir a rede e que seja remunerado, como acontece nos mercados de energia da Europa e dos Estados Unidos. 
(Imagens: fotografias de Jules Aaron)

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