Newsletter março/2016

sábado, 12 de março de 2016
"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os animais, o tempo - e o próprio conteúdo."  -  Paul Valéry  -  citado por Roger Shatulin em Pessoas, Livros e Sensações

Publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br

Começa o mês de março e pouca coisa mudou no país. Para ser mais exato, a situação piorou em relação aos meses anteriores. Cresceu a taxa de desemprego, a inflação, a dívida do governo, o número de estabelecimentos fechados, e não há perspectivas de uma recuperação durante este ano. No plano político os impasses continuam e em alguns aspectos têm-se aprofundado.
Se, por um lado, o governo já não conseguia apoio de sua base aliada e menos ainda da oposição, agora é o próprio PT que se coloca em posição contrária à implantação das medidas de ajuste, que vêm sendo discutidas desde o início do ano passado. O primeiro impasse já ocorre na discussão da reforma da Previdência, medida necessária para não comprometer o benefício no futuro. A posição do partido governista coloca a presidente em situação ainda pior, ainda mais depois da recente prisão do marqueteiro João Santana, por suspeita de irregularidades durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014.
A falta de rumo claro na política tem grande influência também na economia. Empresas estão segurando investimentos e reduzindo suas atividades. Estrangeiras de pequeno e médio porte, estabelecidas no país durante o crescimento da economia na era lulista, estão revendo suas estratégias e, em alguns casos, fechando suas filiais brasileiras.
Governo sem recursos e setor privado sem vontade de investir; não sobrou muito mesmo para o setor ambiental. E o resultado se mostra nos noticiários diários: dengue, chicungunha e a temida zica, avançam dia a dia. O aumento exponencial destas doenças, transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, é resultado direto da falta de saneamento, além de uma correta gestão de resíduos no país. Décadas de descaso com a questão da captação e do tratamento de esgotos; a coleta e a destinação correta do lixo urbano levaram-nos à situação na qual nos encontramos atualmente.

Pouco provável que medidas pontuais como a visita às residências por militares, operações catabagulhos e limpeza de terrenos e ruas façam alguma diferença no médio e longo prazo. Enquanto o país não tiver uma política efetivamente implantada para o saneamento e a correta gestão dos resíduos – e legislação específica para isso não falta – continuaremos a ser considerados um dos “cantos sujos” do mundo. Os comentários da imprensa internacional sobre a situação da baía da Guanabara, às vésperas das Olimpíadas, é um sinal disso.
(Imagens: pinturas de Paul Cézanne)

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