Notas rápidas (homenagem a G. C. Lichtenberg)

quarta-feira, 8 de abril de 2020



"Deus criou o homem segundo sua imagem. Possivelmente isto significa: o homem criou Deus segundo a sua."

(G. C. Lichtenberg)



E depois do coronavírus, Brasil?


A toda hora se escuta falar da “volta à normalidade”, depois que passar a crise do coronavírus. Muitos provavelmente esperam que em alguns meses suas vidas voltem a ser exatamente do jeito que eram. Uma crise econômica, talvez, mas com rápida recuperação e retorno à antiga rotina.

O estrago do corona vírus será maior do que muitos imaginam. Economistas já preveem recessão na economia mundial e provavelmente lenta recuperação. Falências e desemprego, com estados fazendo o possível para ajudar a colocar a atividade econômica novamente em marcha em seus países.

Em consequência desta situação virão muitas mudanças, como as que abordamos recentemente em artigo publicado neste blogue (http://ricardorose.blogspot.com/2020/04/coronavirus-tempos-interessantes.html).

O capitalismo, provavelmente, mais uma vez se adaptará às novas condições e passará por mudanças. A começar por uma grande ironia da história, que parece se desenhar no horizonte: com a crise econômica nos Estados Unidos provocada pelo coronavírus, a maior economia do sistema capitalista será a de uma país que ainda se diz comunista, a China.

Qual será o papel do Brasil neste nesta nova disposição de forças no mundo? O atual governo começou como grande aliado dos Estados Unidos. O presidente Bolsonaro fez quatro visitas a Trump, desde que assumiu o mandato em janeiro de 2019. Para poder entrar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o governo brasileiro atendeu a mais de 100 requisitos impostos – alguns beneficiando diretamente a economia americana.

Por outro lado, é necessário lembrar que o maior parceiro comercial do Brasil ainda continua sendo a China – pelo menos até pouco antes da crise provocada pela pandemia. Nas últimas semanas, no entanto, são cada vez mais frequentes os ataques à China por parte de membros da família Bolsonaro e de ministérios do governo brasileiro. Nas redes sociais circulam fake news, estranhamente com o mesmo discurso de ataque à China e sua cultura. 

Depois de mais uma ofensa feita àquele país, desta vez pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, nota divulgada pela embaixada da China nas redes sociais diz o seguinte: "deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil."

Será que estes senhores ainda não se deram conta para onde caminha a economia mundial? Qual o papel este senhores imaginam, terá o Brasil na nova ordem mundial do período pós-coronavirus? 

A recuperação da economia brasileira não será tarefa fácil. Pior ainda, se associado a estas dificuldades estivermos também com problemas de relacionamento com nosso maior cliente.  

(Imagem: G. C. Lichtenberg)

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