Leituras diárias

quarta-feira, 10 de junho de 2020

“Sem distorcer o mundo social, as classes dirigentes não podem fazer o trabalho sujo de se apropriar da riqueza social. Daí que os intelectuais e a imprensa façam, hoje em dia, o trabalho que os jagunços faziam – e ainda fazem – para os latifundiários do passado: facilitar, por meio da violência, a apropriação da riqueza coletiva.

A diferença é que a eliminação física foi substituída – desde que não se seja pobre ou negro – pelo sequestro da inteligência e da capacidade reflexiva dos homens e mulheres comuns, sob a forma de ideias que nos manipulam e nos fragilizam e tornam nosso comportamento prático hesitante e confuso. Afinal, nossa principal diferença em relação aos animais é o fato de nosso comportamento ser possibilitado e influenciado por ideias. É isso que permite que possamos aprender, desde que nos interroguemos acerca das ideias que influenciam nosso comportamento real e cotidiano.” (Souza, p. 49-50)


Jessé Souza, A classe média no espelho – Sua história, seus sonhos e ilusões, sua realidade

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