Leituras diárias

sexta-feira, 26 de junho de 2020

“Freud não estava interessado em se submeter a uma ordem extra-humana, natural ou divina. Recusava as consolações dos estoicos, assim como as oferecidas pelos cristãos e seus discípulos, os humanistas que acreditam no progresso. Freud aceitava o caos como algo final, e nesse sentido era moderno. Ao mesmo tempo, é evidente sua distância em relação aos ideais modernos. Considera-se em geral que a psicanálise promove a autonomia pessoal, quando o contrário está mais próximo da verdade. Fazendo eco à crença cristã no livre-arbítrio, os humanistas sustentam que os seres humanos são – ou podem vir a tornar-se um dia – livres para escolher sua vida. Esquecem que o eu que faz a escolha não foi ele próprio escolhido.” (Gray, pág 63)


John Gray, O silêncios dos animais

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