Leituras diárias

domingo, 15 de junho de 2025


 

Portanto, é preciso observar que, ao tomar um Estado, o usurpador deve examinar atentamente todos os danos que é necessário infligir e fazê-los de uma só vez, para não ter que repeti-los diariamente; e assim, não perturbando os homens, ele poderá tranquilizá-los e conquistá-los para si por meio de benefícios. Aquele que faz o contrário, por timidez ou mal conselho, é sempre compelido a manter a faca na mão; nem ele pode confiar em seus súditos, nem estes podem se apegar a ele, devido a erros contínuos e repetidos. Pois o mal deve ser feito todo ao mesmo tempos, para que, sendo menos sentido, fica menos; os benefícios devem ser dados aos poucos, para que seu sabor dure mais.

E acima de tudo, um príncipe deve viver entre seu povo de tal maneira que nenhuma circunstância inesperada, seja boa, seja má, o faça mudar; porque se tal necessidade surgir em tempos difíceis, será tarde demais para medidas duras; e as suaves não ajudarão, pois serão consideradas impostas, e ninguém se sentirá obrigado a nada com elas.” (Maquiavel, págs. 77 e 78).

 

Nicolau Maquiavel (1469-1527) diplomata, filósofo, historiador e escritor italiano em O Príncipe.

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