“Portanto,
é preciso observar que, ao tomar um Estado, o usurpador deve examinar
atentamente todos os danos que é necessário infligir e fazê-los de uma só vez,
para não ter que repeti-los diariamente; e assim, não perturbando os homens,
ele poderá tranquilizá-los e conquistá-los para si por meio de benefícios.
Aquele que faz o contrário, por timidez ou mal conselho, é sempre compelido a
manter a faca na mão; nem ele pode confiar em seus súditos, nem estes podem se
apegar a ele, devido a erros contínuos e repetidos. Pois o mal deve ser feito
todo ao mesmo tempos, para que, sendo menos sentido, fica menos; os benefícios
devem ser dados aos poucos, para que seu sabor dure mais.
E
acima de tudo, um príncipe deve viver entre seu povo de tal maneira que nenhuma
circunstância inesperada, seja boa, seja má, o faça mudar; porque se tal
necessidade surgir em tempos difíceis, será tarde demais para medidas duras; e
as suaves não ajudarão, pois serão consideradas impostas, e ninguém se sentirá
obrigado a nada com elas.” (Maquiavel, págs. 77 e 78).
Nicolau
Maquiavel
(1469-1527) diplomata, filósofo, historiador e escritor italiano em O Príncipe.
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