“O
tempo, estritamente falando, não existe (exceto o presente como limite), mas é
a ele que estamos sujeitos. Assim é nossa condição. Estamos sujeitos ao que não
existe. Que se trate de uma duração que nos aflige passivamente – dor física,
expectativa, arrependimentos, remorso, medo – ou de tempo manipulado – ordem,
método, necessidade – em ambos os casos aquilo a que estamos submetidos não
existe. Mas nossa submissão existe. Estamos realmente presos por correntes
irreais. O tempo, irreal, encobre todas as coisas – incluindo nós mesmos – de irrealidade.“
(Weil, pág. 77)
“Fazer
um inventário ou uma crítica da nossa civilização, o que isso significa?
Procurar esclarecer de uma maneira precisa a armadilha que tornou o homem
escravo das próprias criações. Por onde a inconsciência se infiltrou no
pensamento e na ação metódicos? A fuga para uma vida selvagem é uma solução
preguiçosa. Devemos redescobrir o pacto original entre espírito e o mundo na
própria civilização em que vivemos. Eis uma tarefa, aliás, impossível de
realizar pela brevidade da vida e pela impossibilidade da colaboração e da
sucessão. Isso não é motivo para não a empreender. Estamos todos em uma
situação análoga à de Sócrates quando esperava a morte na prisão e aprendia a
tocar lira... Pelo menos teremos vivido...” (Weil, pág. 169)
“O
Capitalismo conseguiu a emancipação da comunidade humana em relação à natureza.
Mas essa coletividade assumiu do indivíduo a função opressora antes exercida
pela natureza.” (Weil, pág. 169)
Simone Weil (1909-1943), filósofa, mística e ativista política francesa em A Gravidade e a Graça


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