Simone Weil

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

 

“O tempo, estritamente falando, não existe (exceto o presente como limite), mas é a ele que estamos sujeitos. Assim é nossa condição. Estamos sujeitos ao que não existe. Que se trate de uma duração que nos aflige passivamente – dor física, expectativa, arrependimentos, remorso, medo – ou de tempo manipulado – ordem, método, necessidade – em ambos os casos aquilo a que estamos submetidos não existe. Mas nossa submissão existe. Estamos realmente presos por correntes irreais. O tempo, irreal, encobre todas as coisas – incluindo nós mesmos – de irrealidade.“ (Weil, pág. 77)

“Fazer um inventário ou uma crítica da nossa civilização, o que isso significa? Procurar esclarecer de uma maneira precisa a armadilha que tornou o homem escravo das próprias criações. Por onde a inconsciência se infiltrou no pensamento e na ação metódicos? A fuga para uma vida selvagem é uma solução preguiçosa. Devemos redescobrir o pacto original entre espírito e o mundo na própria civilização em que vivemos. Eis uma tarefa, aliás, impossível de realizar pela brevidade da vida e pela impossibilidade da colaboração e da sucessão. Isso não é motivo para não a empreender. Estamos todos em uma situação análoga à de Sócrates quando esperava a morte na prisão e aprendia a tocar lira... Pelo menos teremos vivido...” (Weil, pág. 169)

“O Capitalismo conseguiu a emancipação da comunidade humana em relação à natureza. Mas essa coletividade assumiu do indivíduo a função opressora antes exercida pela natureza.” (Weil, pág. 169)

 

Simone Weil (1909-1943), filósofa, mística e ativista política francesa em A Gravidade e a Graça

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