O ano de 2013 não teve acontecimentos
importantes na área ambiental. Na newsletter de novembro-dezembro do meu site (www.ricardorose.com.br) escrevi o
seguinte:
O ano de 2013 termina sem grandes novidades
na área ambiental – o que também pode significar que nada de importante
aconteceu. No setor de saneamento continuam as obras do PAC, em um ritmo aquém
do necessário para um país com a extensão territorial e a população do Brasil.
Segundo dados da Câmara Brasil-Alemanha e do Departamento de Comércio dos
Estados Unidos, os investimentos nesta área – tratamento de água e efluentes
domésticos – deverão ficar em torno de R$ 12,3 bilhões; valor abaixo dos R$ 15
bilhões necessários para equacionar o problema de saneamento até 2030.
Continuaremos a ser um dos países com os mais baixos índices de tratamento de
esgotos em toda a América Latina.
A gestão de resíduos deve receber
investimentos privados e públicos em torno de R$ 8 bilhões em 2013, segundo
estudos realizados por entidades estrangeiras. Será impossível que todos os
municípios brasileiros estejam preparados para atender a Lei de Resíduos
Sólidos até agosto de 2014. Se por um lado faltam recursos – e aí deparamos com
problemas de gestão no Ministério das Cidades, em governos estaduais e
prefeituras – por outro não dispomos de técnicos suficientes para introduzir as
mudanças. A falta de mão-de-obra especializada no setor ambiental continua a
ser um problema. A procura por profissionais especializados só não é maior,
porque o controle do cumprimento da legislação continua fraco e a pressão da
opinião pública ainda é quase inexistente.
Alguns acontecimentos podem apontar novas
tendências no setor da sustentabilidade em geral. A invasão do Laboratório
Royal em São Roque, SP, por ativistas de associações de proteção aos animais –
neste caso para resgatar cães da raça beagle
usados para experiências científicas –, deve despertar um novo tipo de conscientização.
Paralelamente surgirão discussões sobre o abate humanitário de animais, já que
o Brasil é o maior exportador mundial de carne. O tema já é defendido há muito
tempo pela ONG WSPA e precisa ser cada vez mais divulgado (http://www.wspabrasil.org/wspaswork/factoryfarming/Abate-humanitario.aspx).
Depois do leilão da reserva de petróleo de
Libra, na área do pré-sal, o governo veio a publico para dizer que as multas
sobre vazamentos de petróleo poderão alcançar valores mais altos. Ao invés de
apresentar as providências que teria tomado para evitar e combater prováveis
vazamentos, o ministério do Meio Ambiente só fala em eventuais punições. Pelo
menos 1.000 quilômetros
da costa brasileira, entre Espírito Santo e São Paulo, podem ser afetados por
vazamentos de petróleo – coincidentemente a região onde se concentra o maior
número de turistas durante os meses de verão. Prevemos que a questão dos
vazamentos de petróleo se tornará tema importante na área ambiental.
Em São Paulo aconteceram duas novas feiras
internacionais de grande importância para o setor de sustentabilidade. A realização
destas duas feiras – uma na área das energias renováveis e a outra na de gestão
de resíduos – demonstra o interesse de empresas estrangeiras no potencial do
mercado brasileiro. Assim, apesar da pouca ação do governo, o setor vai
avançando e se desenvolvendo, aos trancos e barrancos.
(Imagens: fotografias de Ute Mahler)
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