Do universo ao meio ambiente

sábado, 2 de maio de 2015
"No futuro esta será uma das razões para sermos considerados povos de uma era menor: a facilidade com a qual fazemos julgamentos positivos sobre nós mesmos. Deixamos de desconfiar da vaidade e com isso o mundo se escureceu."  -  Luiz Felipe Pondé  -  A era do ressentimento

A ciência que estuda o surgimento e a evolução do universo, a cosmologia, avançou muito nos últimos 30 anos. Se antes já haviam fortes indícios de que o universo tenha surgido através de uma imensa explosão - apelidada de "big bang" -, novas teorias dos anos 1980 consolidaram cada vez mais esta visão científica. A elaboração destas teorias é trabalho multidisciplinar, no qual conhecimentos das diversas áreas - física, química, astronomia - contribuem para formar uma visão coerente da evolução do universo em seus primeiros milhões de anos. Importante lembrar que tais especulações não são respostas definitivas sobre um tema tão complicado e que a cada ano surgem novas descobertas, que podem colocar em cheque todas as teses anteriormente aceitas.
Resumidamente, em relação ao universo, os cientistas em sua maioria aceitam que este surgiu há cerca de 13,7 bilhões de anos. A partir de um ponto minúsculo que concentrava toda a energia e matéria atualmente existentes, o universo explodiu e se expandiu rapidamente. Durante o processo de expansão a matéria foi esfriando, permitindo o aparecimento dos primeiros átomos e elementos químicos. O hidrogênio e o hélio - elementos mais abundantes no universo - se agregaram em grandes quantidades a altíssimas pressões e formaram as primeiras estrelas e galáxias. Posteriormente, com a explosão das estrelas, surgiram outros elementos, que contribuíram para o aparecimento dos planetas, satélites e outros corpos celestes sólidos. Em um planeta específico - pelo menos de acordo com o estado atual dos nossos conhecimentos - surgiu a vida como a conhecemos.
A teoria da evolução do universo também prevê que este terá um fim. De acordo com a hipótese mais recente, que leva em consideração a descoberta da energia e da matéria escura (sobre as quais não falaremos aqui), tudo indica que o universo se expandirá indefinidamente, até perder a energia e dissolver toda matéria. Os cientistas não estabelecem tempo para que isso ocorra; dezenas, centenas de bilhões de anos ou trilhões de anos, como conjecturam alguns. Um tempo inimaginável em padrões humanos, mas finito. O universo, segundo a ciência, terá um fim.
Voltemos agora à Terra, onde nós e todas as outras espécies de seres vivos nascemos e vivemos - a maioria já definitivamente extinta. A vida surgiu há cerca de 3,5 bilhões de anos; os primeiros organismo pluricelulares apareceram há 600 milhões de anos; o homem há 200 mil. A civilização organizada surgiu há menos de 10 mil anos; a escrita há 6 mil e a ciência moderna tem pouco mais de 500 anos. Somos a única espécie viva na Terra e no universo (ao que saibamos) que tem a capacidade de alterar o ambiente em que vive e de prever razoavelmente o resultado destas ações.
Talvez, sob esta perspectiva mais ampla, a humanidade se dê conta da gravidade de nossas ações em relação ao meio ambiente e da importância em protegermos e mantermos os recursos naturais sob todas as formas: espécies vivas, ecossistemas, biomas e ambiente físico; incluindo mares, rios, montanhas, desertos, planícies e tudo mais.
A Terra e o universo não foram feitos para o homem, ao contrário. Este surgiu na história da vida, como filho da Terra e do universo, junto com milhões de outras espécies. Temos o privilégio de olhar e interpretar o universo. Como já escreveu outro autor: "O homem é o universo olhando para si mesmo".
(Imagens: fotografias de Colin O'Brien)

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