Cinco séculos de relações brasileiras e alemãs

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Um estudo do Departamento Estadual do Trabalho, em 1912, abrangendo 33 indústrias têxteis - 31 da capital, uma de Santos e outra de São Bernardo - concluiu que, de um total de 10.204 operários, apenas 1.843, ou 18%, eram brasileiros. Os italianos constituíam-se em 59% do total, 8% eram portugueses, e o restante de outras nacionalidades."  -  Roberto Pompeu de Toledo  -  A capital da vertigem - Uma história de São Paulo de 1900 a 1954

A Alemanha é o maior parceiro do Brasil na área de projetos de preservação ambiental. Desde o início desta cooperação em 1963, a Alemanha já disponibilizou mais de 1,5 bilhões de euros em recursos investidos em centenas de projetos.  
O interesse dos alemães pelo Brasil e suas riquezas naturais vem desde o início do século XIX. Com a abertura dos portos do Brasil às nações amigas e a vinda da família real portuguesa ao Rio de Janeiro (1808), o País começou a ser visitado por expedições científicas de várias nações. Os pesquisadores alemães, em especial, deram grandes contribuições para o estudo da fauna, flora e da cultura indígena. Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852), por exemplo, chegou a reunir uma coleção de 1.600 espécies de borboletas. O naturalista e etnólogo Friedrich Sellow (1789-1831) membro da expedição do príncipe renano Maximiliano zu Wied-Neuwied (1782-1867), além de suas pesquisas em botânica, foi o autor do primeiro guia para imigrantes. Johann Baptiste von Spix (1781-1826) e Carl Friedrich Phillip von Martius (1794-1868) participaram de uma missão que viajou pelo interior do Brasil de 1817 a 1820 e rendeu a coleta de mais de 9 mil espécies de plantas e animais, que formaram a base da coleção do Museu de História Natural de Munique. Martius também pesquisou a cultura indígena e a flora local, tendo escrito uma das maiores obras de botânica jamais publicada, a Flora brasiliensis. 
Os programas de cooperação entre o Brasil e a Alemanha concentram-se atualmente em dois temas principais: a proteção do clima e da biodiversidade. Os programas de cooperação são financiados principalmente pelo Ministério da Cooperação da Alemanha (BMZ) e atuam em dois segmentos principais: a) a proteção e o manejo sustentável da floresta amazônica e b) a difusão das energias renováveis e da eficiência energética. Com referência à floresta amazônica, os programas se concretizam através de ações em três principais frentes: 1) Áreas de proteção e manejo de recursos sustentáveis; 2) Demarcação e proteção sustentável de áreas indígenas; e 3) Ordenamento territorial, desenvolvimento regional e gestão ambiental. Em relação à questão energética, o programa de fomento é colocado em prática através do financiamento de projetos de geração de energia renovável ou eficiência energética, incluindo transferência de tecnologia e treinamento de mão de obra. Os programas são implantados através da colaboração de governos, universidades, instituições públicas ou privadas e ONGs, em estreita cooperação com as agências executoras alemãs atuantes no Brasil: a GIZ (cooperação técnica); a  KfW (financiamento público) e DEG (financiamento privado). 
Ao longo dos últimos trinta anos a cooperação ambiental entre o Brasil e a Alemanha já apoiou diversos projetos de importância, tais como: o Projeto Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA; projetos de proteção e preservação da Mata Atlântica com diversas secretarias estaduais de meio ambiente; projetos de gestão de resíduos e áreas contaminadas em parceria com agências ambientais estaduais; projetos de energia renovável, entre muitos outros. Além disso, a Alemanha foi também o maior contribuinte no programa para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG-7 1993-2009), tendo aportado mais de 300 milhões de euros em recursos.
A rede das Câmaras de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha (AHK) congrega mais de 1,7 mil empresas privadas de capital ou tecnologia alemã em todo o Brasil. Apoiadas pelo Ministério da Economia e Tecnologia da Alemanha (BMWi) as Câmaras promovem a cooperação entre empresas e instituições privadas alemãs e brasileiras, nos diferentes segmentos do setor de meio ambiente e energia renovável. Através de diversas iniciativas de marketing – eventos, publicações, estudos de mercado, delegações – esta instituição contribui no aumento da cooperação entre os setores privados dos dois países.
Através de outros ministérios, como o Ministério para Educação e Pesquisa (BMBF), o Ministério do Meio Ambiente (BMU) e de instituições como o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), a Alemanha mantêm uma série de programas de transferência de tecnologia, pesquisa e capacitação com instituições brasileiras na área de meio ambiente e de energia. Alguns destes programas contam também com a participação de outros países da América Latina.
A colaboração entre a Alemanha e o Brasil nos setores de meio ambiente e energias renováveis já tem trazido muitos resultados. A ação das agências e empresas alemãs, em colaboração com instituições, empresas e ONGs locais, tem proporcionado a incorporação de know how e vem permitindo a realização de projetos em diversas regiões do País. Muitas destas iniciativas como, por exemplo, a colocação de painéis fotovoltaicos em estádios de futebol tem efeito multiplicador na divulgação destas tecnologias. Assim, através da colaboração entre os dois países, poderão ser economizados recursos naturais importantes, necessários para o futuro da humanidade.
(Imagens: pinturas de Conrad Felixmüller)

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