Eficiência energética no Brasil

sábado, 10 de outubro de 2015
"Buda exortou-nos a usar a nossa consciência para compreender que não somos uma parte da natureza, que todos somos a natureza."  -  Jennifer Michael Hecht  -  Dúvida, uma história

Historicamente a eficiência energética é tema recente no Brasil, já que até por volta de 1990 o país sempre produzia mais eletricidade do que consumia. Em 2001, quando o país passou por uma crise de abastecimento de eletricidade - também por falta de chuvas - foi dado início às primeiras ações de eficiência energética e apoio às energias renováveis. Nos últimos anos pouco foi feito para fomentar o uso mais eficiente da energia elétrica. Apenas acidentes de percurso, como o aumento dos custos de eletricidade devido ao baixo nível dos reservatórios e à falta de planejamento no setor, levaram o consumidor e as empresas a adotarem algumas medidas de economia.
No entanto, o desperdício de eletricidade ainda é muito grande na economia brasileira. Apenas 67% da energia elétrica gerada chega ao consumo, já que os restantes 37% são perdidos durante a longa transmissão. Os setores que mais consomem energia são: as indústrias (48%); residências (22%); comércio (14%); setor público (8%); agropecuária (4%) e outros (4%). Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética do Ministério das Minas e Energia), os setores com maior potencial de redução são o industrial, o comércio e o setor público.
Quanto à energia elétrica, atualmente o país se vê diante da seguinte situação: A) É preciso estabelecer uma estratégia para garantir a segurança energética, já que não existem mais grandes áreas para a construção de hidrelétricas, além da reação dos ambientalistas a este tipo de projeto. A energia nuclear é cara, demorada, além de ter muitos opositores no país. B) O grande potencial das energias renováveis (solar, eólica, biomassa) começa apenas agora a ser explorado e ainda é uma contribuição pequena na matriz elétrica. Além disso, este tipo de energia só poderá atender parte da demanda; C) O consumo de energia só tenderá a aumentar, já que a crise é passageira e a economia voltará a crescer, reativando o consumo e, consequentemente, o comércio e a indústria.
É preciso, concluem empresários e governo, implantar medidas de eficiência energética, já que o custo de geração deste insumo não deverá cair mais - pelo menos nos próximos anos. O Ministério das Minas e Energia já traçou alguns planos para o uso mais eficiente da eletricidade em colaboração com o Conselho Nacional da Indústria (CNI) e apoio financeiro do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). As medidas, no entanto, pouco efeito tiveram na redução do consumo de eletricidade no país. A EPE estima que em 2023 a energia conservada será de 54.222 GWh (gigawatt/hora), ou 6,5% do consumo total do país. Todavia, até o momento não existe um plano detalhado de como alcançar esta economia.



O país também passa por uma crise de eletricidade. Não porque não tenhamos condições de gerar mais energia, ao contrário; o Brasil é um dos países com maior potencial energético. O que nos falta é uma efetiva ordenação e planejamento do setor, estabelecendo objetivos para a geração e para a economia de eletricidade. Deste modo, o atual momento de crise deveria ser aproveitado para avaliar e reestruturar o setor energético em bases mais modernas, preparando o país para as novas fases de crescimento que estão por vir. É preciso que também neste setor o país incorpore tecnologias mais modernas e eficientes, que possam poupar recursos naturais e propiciar vida melhor aos brasileiros.
(Imagens: pinturas de Hermann Max Pechstein)

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