Nível do mar aumenta até 2050

sábado, 14 de novembro de 2015
"Há uma espécie de vício na irrealidade que revela as formas mais destrutivas de otimismo: um desejo de anular a realidade, como a premissa a partir da qual a razão prática começa, e substituí-la por um sistema de ilusões  complacentes. O futurismo é assim."  -  Roger Scruton  -  As vantagens do pessimismo


Antes do tempo previsto pelos cientistas, aparecem os primeiros efeitos das mudanças climáticas; aumento da temperatura média da Terra, estações mais rigorosas, além de outros fenômenos relacionados ao clima, como chuvas e secas prolongadas. Outro aspecto que começa a preocupar as cidades litorâneas de todo o mundo é a perspectiva do aumento do nível do mar. Previsto para a final deste século, o fato deverá se tornar perceptível já a partir dos próximos 20 ou 30 anos.
A Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) realizou estudo em conjunto com cientistas dos Estados Unidos e da Inglaterra, pesquisando o efeito das mudanças climáticas sobre o nível do oceano Atlântico, no Brasil. O trabalho apontou um aumento do nível do mar de cerca de 30 centímetros até 2050, fato que deverá trazer diversos impactos econômicos, sociais e ambientais na região. Segundo o chefe de pesquisas do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, José Marengo, coordenador do projeto no Brasil, "Vamos mostrar à população e ao governo que as perdas econômicas são muito menores quando existem medidas de adaptação”.
O estudo por enquanto está centrado na região de Santos, já que depende de diversas informações sobre a cidade, como: a forma de ocupação da região, o tipo de atividade econômica preponderante, tipo de construções na área, acidentes geográficos (rios, montanhas), etc. Santos foi a primeira cidade brasileira a sediar este estudo, devido à disponibilidade das informações e à importância econômico da região e do porto. No próximo ano deverão ser executadas pesquisas semelhantes, focadas nas cidades de Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife.
Em outras partes do planeta estão sendo realizados estudos semelhantes. Segundo o site "Business Insider", a cidade litorânea de Miami, nos Estados Unidos, deverá sofrer cinco grandes impactos com a elevação do nível do oceano: 1) Contaminação de parte das fontes de água potável; 2) Prejuízo na atividade agrícola da região; 3) Impacto na flora da região, por alterar a química do solo; 4) Mudanças na fauna da região, já que muitas espécies não se adaptarão às novas condições; 5) Impactos consideráveis sobre as atividades da economia da região.

O exemplo de Miami é muito bem aplicável à Baixada Santista. Considerando apenas um raio de 100 km em torno do porto santista, podemos prever diversos impactos na região, desde o assoreamento do canal do porto, a alterações nos mangues que circundam toda a área (Santos, Cubatão, Bertioga, São Vicente e Praia Grande), o desaparecimento de praias, e inundações de áreas urbanas situadas perto do oceano. As consequências econômicas e sociais destes impactos, afetando atividades ligadas ao porto e ao turismo, ainda são imprevisíveis. O estudo da Fapesp recomenda a construção de barragens, comportas e proteções nas estruturas físicas dos prédios, em uma fase inicial.
O coordenador do projeto informa que até 2100 o nível do oceano poderá aumentar em até um metro, o que trará novos problemas para todas as cidades litorâneas do país. O fenômeno não ocorrerá repentinamente e por isso governos municipais, estaduais e federal terão muito tempo para se prepararem. O importante é começar imediatamente, informando a população, estruturando projetos, que no decorrer dos anos deverão ser colocados em prática.
(Imagens: fotografias de Cristiano Mascaro)

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