Falar que o país passa por
uma crise econômica que está afetando vários setores, inclusive a indústria e a
capacidade de investimento do Estado, é chover no molhado. Noticiários
semanalmente divulgam o aumento da taxa de desemprego, o fechamento de lojas
(só as Casas Bahia e Ponto Frio fecharam 31 lojas no terceiro trimestre) e os
saques de dinheiro da poupança. Tempos difíceis.
No meio desta maré baixa, no
entanto, existem setores da economia nos quais a situação é bem diferente. Um
destes exemplos é o da energia eólica. Contando com a ajuda das condições
geográficas e climáticas do país, o setor tem um potencial para gerar até 140
GW - cerca de 10 usinas Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo. Até 2015
o setor já instalou 281 parque eólicos, principalmente nas regiões Sul e
Nordeste e, se tudo correr como planejado, o Brasil chegará ao final do ano
como o 5º maior gerador de energia eólica no mundo.
O setor de energia eólica
teve início em 2002, com o programa PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Eólica), através do qual o Ministério das Minas e
Energia (MME) incentivou a construção dos primeiros parques eólicos. Em 2005 havia
uma capacidade instalada de geração eólica de 25 MW. Atualmente o Brasil tem
7,07 GW instalados (um aumento de 280 vezes!) e mais 10,70 GW estão em
construção. Até 2020 a energia eólica será a segunda maior fonte energética do
país, depois das hidrelétricas. O MME prevê que até 2030 20% da eletricidade
consumida na país virá das energias renováveis (sem contar as hidrelétricas), gerada
principalmente pelos parque eólicos.
O desenvolvimento do setor
de eólica está a pleno vapor, devendo crescer em média 30% ao ano, durante os
próximos anos. Em 2014 foram investidos cerca de R$ 18 bilhões neste mercado e
em 2015 o setor deverá gerar 35 mil postos de trabalho, que até 2019 aumentarão
para 150 mil. Até lá espera-se que a capacidade de geração instalada chegue aos
18 GW. A energia eólica é exemplo
para outros segmentos da economia brasileira. Ao invés de continuar dependendo
de incentivos do Estado, o setor investiu em inovação e pesquisa, aprimorou
seus instrumentos de financiamento e, através da livre concorrência, alcançou
um rápido crescimento. Empresários e governo deveriam estudar este "caso
de sucesso" com mais atenção e descobrir maneiras de aplicar os seus
princípios a outros setores. Esta é, com certeza, uma maneira de modernizarmos outros
setores da nossa economia e voltarmos a crescer.
(Imagens: fotografias de José Medeiros)
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