Mário de Andrade (1893-1945)

domingo, 5 de fevereiro de 2023


 



Mário de Andrade (1893-1945) foi um escritor, romancista, contista, crítico literário, professor, pesquisador, folclorista e jornalista brasileiro. Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo em 9 de outubro de 1893, filho de Carlos Augusto de Andrade e de Maria Luísa. Concluiu o ginásio e entrou para a Escola de Comércio Alves Penteado; curso que abandonou após se desentender com seu professor de português.

Em 1911, Mário ingressou no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, concluindo o curso de piano em 1917. No mesmo ano, após a morte de seu pai, passou a dar aulas particulares de piano. Era autodidata em história, arte e, principalmente, poesia. Dominava a língua francesa, tendo lido Rimbaud e os principais poetas franceses ainda na infância. Frequentador das rodas literárias conheceu Anita Malfatti e Oswald de Andrade, tornando-se amigos inseparáveis. Ainda nesse ano, com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu primeiro livro Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema, no qual critica a matança produzida na 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e defende a paz.

O início da atividade jornalística de Mário de Andrade tem início em 1915, quando escreve diversos artigos para o jornal “A Gazeta”, abordando temas nacionalistas e comentando os acontecimentos da 1ª Grande Guerra, que então ocorria na Europa. Pouco antes de 1920, Mario começa sua carreira de jornalista cultural no jornal carioca “A Ilustração Brasileira”, onde mantinha a coluna “De São Paulo”, escrevendo crônicas sobre a cidade de São Paulo com seus tipos característicos.

O ano de 1922 foi importantíssimo para Mário de Andrade. Além de participar da Semana de Arte Moderna, foi nomeado professor do Conservatório Dramático e Musical. Mário se interessava por tudo aquilo que dissesse respeito ao seu país e teve papel importante na implantação do Modernismo no Brasil, se tornado a figura mais importante da Geração de 22. Seu romance Macunaíma foi sua criação máxima. De todos os integrantes da Semana de 22, Mário de Andrade foi o que apresentou o projeto mais consistente de renovação da literatura, sendo também um incentivador das principais revistas do modernismo na fase polêmica de afirmação do movimento, como “Klaxon”, “Estética”, “Terra Roxa” e outras.

Meses após a semana de 1922 (13/02 a 17/02), Mário de Andrade publicou Pauliceia Desvairada, onde reuniu seus primeiros poemas modernistas, na tentativa de definir e animar os novos caminhos para a criação artística brasileira. Pauliceia Desvairada é uma obra cosmopolita na linguagem e nos temas. Mario poetiza São Paulo em suas múltiplas manifestações: o progresso, a transformação da paisagem, os imigrantes e a cidade sempre envolta em garoa.

No prefácio da obra, ele diz:

Quando sinto a impulsão lírica, escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita. Penso depois:  não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste Prefácio Interessantíssimo.”

Entre 1923 e 1924 participa do periódico “América Brasileira”, escrevendo a série de artigos intitulada “Crônicas de Malazarte” e em 1926 escreve artigos para o jornal “A Manhã”.

Mário de Andrade fez várias viagens pelo Brasil, com o objetivo de estudar a cultura de cada região. Em 1924 visitou cidades históricas de Minas, em 1927 viajou pelo Amazonas, entre 1928 e 1929 passou pelo Nordeste, recolhendo informações como festas populares, lendas, ritmos, canções, modinhas etc. Das pesquisas que Mário realizou, escreveu as obras: Clã do Jabuti, Macunaíma e Ensaio sobre a Música Brasileira.

Mário de Andrade inicia sua contribuição regular para jornais em 1927, quando começa a escrever críticas e crônicas para o jornal “Diário Nacional”, na série “A arte em São Paulo”. Entre 1927 e 1928, quando fez sua segunda viagem etnográfica pelo país, o jornal publica sua série O turista aprendiz. Ainda no “Diário Nacional”, entre 1929 e 1932, Mario mantinha a coluna “Taxi”, escrevendo crônicas sobre a capital paulista.  

De todas as obras em prosa, foi Macunaíma (1928) a obra-prima de Mário de Andrade e, provavelmente, a mais importante realização da primeira fase do Modernismo. O livro representa não apenas o resultado das pesquisas e das qualidades do autor como poeta, prosador, músico e folclorista, mas também a plena realização dos projetos nacionalistas. Na obra, a lenda indígena Macunaíma, foi transfigurada e com propriedade chamada de rapsódia por Mário, que tomou emprestado esse nome da música, por designar composição que envolve uma variedade de motivos populares e apresenta semelhanças com os romances medievais. A obra foi adaptada para o cinema em 1969.

No período que se estendeu de 1935 a 1938, Mário realizou uma importante ação cultural. Convidado por Paulo Duarte organizou e dirigiu o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Construiu bibliotecas, fixas e ambulantes, redigiu o anteprojeto para a criação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional etc. Além da literatura, explorou os caminhos da música, folclore, arquitetura, etnografia, artes plásticas, fotografia, crítica literária e política cultural. Também foi pioneiro no campo da etnomusicologia (ciência que estuda as manifestações musicais de um povo, como as canções folclóricas). 

Com o advento da ditadura, Mário de Andrade foi demitido e exilou-se no Rio de Janeiro, assumindo o cargo de professor de Estética da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1939 foi nomeado chefe da seção do Instituto Nacional do Livro.

Depois de 1940, Mário de Andrade volta a escrever para os jornais paulistas “O Estado de São Paulo”, “Diário de São Paulo” e “Correio da Manhã”, retornando a São Paulo em 1941. Em 1946 publicou Lira Paulistana, obra na qual fez uma interpretação poética de seu destino e sua integração na existência de São Paulo. No poema A Meditação Sobre o Tietê, o rio o conduz para as dores humanas:

Meu rio, meu Tietê, onde me levas?

Sarcástico rio que contradizes o curso das águas
E te afastas do mar e te adentras na terra dos homens.

Onde me queres levar? ...

Por que me proíbes assim praias e mar, por que

Me impedes a fama das tempestades do Atlântico

E os lindos versos que falam em partir e nunca mais voltar? ...

Mário de Andrade faleceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1945, vítima de um ataque cardíaco.

Os principais livros de Mário de Andrade, incluem: Há uma Gota de Sangue em Cada Poema, poesia, 1917; Pauliceia Desvairada, poesia, 1922: A Escrava que não é Isaura, ensaio, 1925; Losango Cáqui, poesia, 1926; Primeiro Andar, conto, 1926; Clã do Jabuti, poesia, 1927; Amar, Verbo Intransitivo, romance, 1927; Macunaíma, romance, 1928; Ensaio sobre a Música Brasileira, 1928; Compêndio da História da Música, 1929; Modinhas e Lundus Imperiais, 1930; Remate de Males, poesia, 1930; Música, Doce Música, 1933; Belazarte, conto, 1934; O Aleijadinho, ensaio, 1935; Álvares de Azevedo, ensaio, 1935; Namoros com a Medicina, 1939; Música do Brasil, 1941; Poesias, 1941; O Baile das Quatro Artes, ensaio, 1943; Aspectos da Literatura Brasileira, ensaio, 1943; Os Filhos da Candinha, crônicas, 1943; O Empalhador de Passarinhos, ensaio, 1944; Lira Paulistana, poesia, 1946; O Carro da Miséria, poesia, 1946; Contos Novos, 1946; Padre Jesuíno de Monte Carmelo, 1946; Poesias Completas, 1955; Danças Dramáticas do Brasil, 3 vol., 1959; Música de Feitiçaria, 1963; O Banquete, ensaio, 1978.

 

Frases de Mario de Andrade

 

Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.” ;

Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”;

Quando a alma fala, já não fala nada.”;

O passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.”;

Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”;

O essencial faz a vida valer a pena.”.

 

 

(Fontes consultadas: Site eBiografia – Dilva Frazão; Site Culturadoria – Rosa Maria Lorenzin; Site Pensador; Revista Remate de Males da Universidade Estadual de Campinas – Telê Ancona Lopez; Revista Principia nº 21 – Cícero Nicácio do Nascimento Lopes e Francilda Araújo Inácio)

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