Antonio Carlos Villaça (1928-2005)

domingo, 14 de maio de 2023

 

Antonio Carlos Rocha Villaça nasceu no Rio de Janeiro em 31 de agosto de 1928, filho de Joaquim Ortigão Villaça e Dora Rocha Villaça e faleceu na mesma cidade em 29 de maio de 2005. Escritor, jornalista, conferencista e tradutor, Villaça é um dos mais importantes memorialistas da literatura brasileira.

Cursou o curso primário e ginasial no Colégio Tijuca Uruguai e no clássico no Instituto Lafayette (1937-1946). Cursou dois anos de Direito (1947-1948) na PUC, ainda na Rua São Clemente. Aos dezesseis anos, em abril de 1945, estreou como autor publicando o ensaio Perfil de um Estadista da República, sobre o Barão do Rio Branco, que lhe valeu a Medalha Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1946).

Em 1949, Villaça volta-se à vida monástica, ingressando no mosteiro de São Bento. Lá toma contato com a filosofia e a literatura religiosa, lendo livros e mais livros de espiritualidade beneditina, patrística e de história do monaquismo.  Em 1950 transfere-se para o Convento dos Dominicanos, em São Paulo, onde viveu um ano. Em seguida volta para o Rio de Janeiro, onde cursa Filosofia no Seminário São José.

Em 1954 começa sua carreira de jornalista, colaborando em vários órgãos da imprensa, entre os quais o “Diário de Notícias”, “Correio da Manhã”, “Tribuna da Imprensa”, “O Jornal” e “Jornal do Brasil”. Neste último, manteve uma coluna diária sobre assuntos religiosos de 1958 a 1961. Como conferencista, Villaça viajou por todo o país e visitou também os Estados Unidos e o Canadá. Sobre esta fase de sua vida, escreve: "Eu estava muito leve, muito moço, andava muito por aquilo tudo. Queria conhecer, queria ver gente, queria ler, queria ir a cinema, ir a teatro, estava muito disponível, muito livre." Visitou o filósofo católico Jacques Maritain em Princeton e o escritor e monge trapista Thomas Merton, na abadia Trapista de Gethsemani. Em 1966 foi para a Europa onde viveu um ano, sobretudo em Paris. Retorna ao Rio de Janeiro em 1967, onde foi morar no Hotel Bela Vista, em Santa Teresa. "Fui para uns dias apenas. Acabei passando dezessete anos e meses. Sempre no mesmo quarto, terceiro andar”, declara em uma entrevista.

A partir dos anos 1970 começa a publicar as obras que o tornaram famoso como escritor de estilo característico, voltado à literatura memorialística e aos ensaios, muito bem recebido pela crítica. O Nariz do Morto (1970 – Prêmio Jabuti de Literatura), O Anel (1972), O Livro de Antônio (1974) e Monsenhor (1975

Em 1972 volta à Europa para entrevistar Jacques Maritain para o “Jornal do Brasil”. Como ensaísta, lançou em 1974 a História da Questão Religiosa e em 1975 O Pensamento Católico do Brasil. Seus estudos críticos foram publicados nos livros Encontros (1974), Literatura e Vida (1976), Tema e Voltas (1976) e Místicos, filósofos e poetas (1976). Mesmo não tendo permanecido no sacerdócio, Villaça tornou-se um importante representante do pensamento católico brasileiro, com grande atuação no Centro Dom Vital, que era dirigido pelo escritor e pensador católico Alceu Amoroso Lima.

Bastante articulado no meio literário brasileiro, Villaça foi membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro de 1975 a 1983. Em 13 de maio de 1976 tomou posse no PEN Clube do Brasil, sucedendo o poeta e escritor Murilo Mendes, onde em 1979 se tornaria vice-presidente. A partir de junho de 1984 passou a morar num quarto na sede do clube, na Praia do Flamengo, que em seu livro Degustação denominou "o mirante do Flamengo", por causa da vista, e onde permaneceria até pouco antes de falecer. 

Em 1981 recebeu o prêmio Estácio de Sá e no ano seguinte visita Portugal a convite de instituições portuguesas, tornando-se membro da Academia Brasileira de Arte. Em 1983 recebeu a Ordem das Palmas Acadêmicas da França. Em 21 de novembro de 1984 tomou posse como membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e em 1989 proferiu a conferência inaugural da Academia Brasileira de Filosofia, da qual foi membro fundador e secretário-geral. Em 2003 recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.

Sobre a missão do escritor, escreveu Villaça em carta a Edmílson Caminha: "Ser escritor é antes e acima de tudo uma posição diante da vida. Independentemente do ato de escrever. Uma opção. Uma escolha. Um estilo. Ser artista é não aliar-se nunca às forças poderosas deste mundo, é ser livre. É dizer não, non possumus, às forças do dinheiro, do poder, da mediocridade."

Antonio Carlos Villaça é autor das seguintes obras: Perfil de um Estadista da República (Ensaio biográfico sobre o Barão do Rio Branco) (1945); Junqueira Freire (1962); O Nariz do Morto (1970); O Anel (1972); Encontros (1974); História da Questão Religiosa (1974); O Livro de Antonio (1974); Monsenhor (1975); O Pensamento Católico no Brasil (1975); Tema e Voltas (1975); Literatura e Vida (1976); Místicos, Filósofos e Poetas (1976); Rui, sua casa e seus livros, o ninho da Águia (1981); O Senador Cândido Mendes (1981); O Desafio da Liberdade : a vida de Alceu Amoroso Lima (1983); Manuel Bandeira: prosa (1983); A Descoberta do Morro (1983); Alceu Amoroso Lima (1984); Introdução a Debret (1989); Introdução a Rugendas (1984); O Duelo com o Ser (ensaio-entrevista de André Pestana) (1992); Os seios de Jandira (com André Pestana) (1993); Estudos para cada um dos romances de José Lins do Rego (1994); Degustação: Memórias (1994); Os Saltimbancos da Porciúncula (1996); Diário de Faxinal do Céu (1998); José Olympio: O Descobridor de Escritores (2001); O Livro dos Fragmentos (2005, póstumo).

Antonio Carlos Villaça faleceu em 29 de maio de 2005 na Casa São Luís no Caju. “Viveu modestamente e modestamente se foi. Enfrentou com paciência monástica privações e necessidades. Mas foi riquíssimo em amigos. Fez amizade com praticamente toda a literatura brasileira do século XX”, escreveu o tradutor e professor Gabriel Perissé

 

Frases de Antonio Carlos Villaça

Ainda tenho certa voluptuosidade em face da vida. E em face da morte. Agora, continuo a amar a vida. Léon Bloy, que parecia um grande angustiado, dizia que tudo que acontece é adorável e tinha uma grande curiosidade diante da morte. A morte é sedutora.”;

Maritain disse que o mundo precisava mais de metafísica do que de carvão. Podemos dizer hoje que o mundo precisa mais de poesia do que de petróleo. A poesia é de fato a emoção reelaborada na tranquilidade. É, assim, a síntese da emoção e da paz.”;

Mestre Graça não teve o que merecia da vida. Sendo um escritor de primeira ordem, um clássico da sua língua, um mestre da arte de escrever, ocupou sempre posições inferiores a seus dons de estilista e criador. Os homens de seu tempo não lhe deram a situação social que o grande homem realmente merecia.”;

“(...) Em suma, o que Machado de Assis estranhou nos cristãos do seu tempo é o que os homens lúcidos estranham sempre nos cristãos de todos os tempos: que sejam tão pouco o que pretendem ser.”;

Quando eu chegar ao Céu, de manhã, de tarde ou de noite, não sei, pedirei para ir à biblioteca de Deus, onde curiosamente bisbilhotarei – com respeito – algumas obras.”;

A grande arte exige amor e ódio.”.



(Fontes: Wikipedia; Site Citações e Frases Famosas; Site itaucultural; Site Tiro de Letra; Blog Sopa no mel; livro “Encontros” e “Os saltimbancos da Porciúncula”; site KDFrases)

0 comments:

Postar um comentário