Alberto Dines (1932-2018)

domingo, 5 de novembro de 2023

 


Alberto Dines nasceu na cidade de Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1932 e faleceu em São Paulo em 22 de maio de 2018.

Dines começou sua carreira jornalística como crítico de cinema na revista “A Cena Muda”, em 1952. Logo em seguida foi convidado por Nahum Sirotsky para escrever sobre assuntos ligados ao teatro, cinema e vida artística na revista “Visão”, que havia sido recentemente fundada. Na mesma publicação passou a escrever sobre assuntos ligados à política. Em 1957 é contratado pela revista “Manchete”, mas depois de um desentendimento com seu proprietário, Adolpho Bloch, demite-se. No ano de 1959 passa a ser responsável pelo conteúdo do “Segundo Caderno” do jornal “Última Hora”, pertencente ao jornalista e empresário Samuel Wainer. Em 1960 transfere-se para o jornal “Tribuna da Imprensa”, pertencente ao “Jornal do Brasil”.

Em 1960 recebe convite para dirigir o “Diário da Noite”, pertencente aos “Diários Associados”, do empresário e jornalista Assis Chateaubriand. A carreira de Dines avança e em 1962 assume o cargo de editor-chefe do “Jornal do Brasil”, onde trabalhou por doze anos.

Em 1964 Alberto Dines publica o livro Os idos de março e a queda em abril. Nesta obra critica o regime deposto e considera a repressão que imediatamente segue o Golpe como dura, mas necessária. Mais tarde, no entanto, em 1968, à frente do “Jornal do Brasil”, condena a censura e o Ato Institucional nº 5. Em 1973 foi demitido do jornal ao publicar um artigo em que criticava a relação dos donos de sua empresa com o governo do estado do Rio de Janeiro. Em 1974 vai para os Estados Unidos, para dar aulas na Universidade de Colúmbia como professor-visitante.

Em 1975 Dines volta ao Brasil e, a convite de Cláudio Abramo assume o cargo de diretor da sucursal carioca do jornal “Folha de São Paulo”. Neste jornal também criou a coluna “Jornal dos Jornais”, para avaliar a imprensa em geral. Esta coluna tornou-se o embrião do futuro “Observatório da Imprensa”. Em 1980 deixa o jornal “Folha de São Paulo” e passa a colaborar com o semanário carioca “O Pasquim”.

Dines passa então a fixar residência em Lisboa, onde assume a função de secretário editorial do Grupo Abril. Durante sua permanência em Portugal, de 1988 a 1995, Dines lança a revista de economia e negócios “Exame”. Ainda em Lisboa também lança o “Observatório da Imprensa”, periódico crítico que passa a acompanhar a mídia brasileira.

Quando retorna ao Brasil em 1994, Dines é um dos responsáveis em criar do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade de Campinas (UniCamp), onde foi pesquisador sênior. A versão eletrônica do “Observatório da Imprensa” foi lançada em 1996, contando com versões para a TV e o rádio.

Albert Dines também teve atividade docente, lecionando jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre 1963 e 1966. Em 1974, foi professor visitante da Escola de Jornalismo da Universidade de ColumbiaNova Iorque. Convidado como paraninfo de uma turma desta Faculdade, logo após a edição do AI-5, fez um discurso criticando a censura e, em consequência, foi preso em dezembro de 1968 e submetido a inquérito.

Alberto Dines casou-se em primeiras núpcias com Ester Rosali, com quem teve quatro filhos, e em segundas núpcias com a jornalista Norma Couri. Morreu em São Paulo a 22 de maio de 2018 aos 86 anos.

Publicações de Alberto Dines: escreveu mais de 15 livros, entre eles Morte no paraíso, (1981); Vínculos do fogo – Antônio José da Silva, o Judeu, e outras histórias da Inquisição em Portugal e no Brasil, Tomo I (1992); O Baú de Abravanel (1990); O papel do jornal e a profissão de jornalista (2009); Vínculos de Fogo; Por que não eu; entre outros.

 

Frases de Alberto Dines:

Estamos assistindo a um processo de degradação jornalística sem paralelo em nossa história. Com a cumplicidade dos jornalistas-executivos, aqueles que nos seminários idolatram os leitores, mas, no dia-a-dia, massacram suas necessidades informativas e culturais mais elementares. Pensam que estão apenas enterrando uma fase na vida da nossa imprensa. Estão enterrando a própria noção de imprensa quando imaginam que se pode fazer jornalismo sem jornalistas.”;

Todo Jornalismo é investigativo, ou não é Jornalismo. Donde se conclui que o que lemos, ouvimos e vemos todos os dias na imprensa não é Jornalismo.”;

Não se pode dizer que a imprensa de determinado país ou região é ruim ou boa. Ela é reflexo e segmento da própria sociedade a que serve.”;

A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor.”

A sociedade é maior do que o mercado. O leitor não é consumidor, mas cidadão. Jornalismo é serviço público, não espetáculo.”;

A imprensa não é uma instituição, é bom que não seja. É um poder político, informal. Teoricamente é um dos quatro poderes, embora sob o ponto de vista estritamente prático perdeu o lugar para o Ministério Público. É um poder político, mas não um poder físico efetivo. A imprensa é a herdeira natural da sociedade democrática moderna.”.

 

 

(Fontes consultadas: Wikipedia; Site Observatório da Imprensa; Site Ditados; Site G1; Site Periódicos Eletrônicos de Psicologia – entrevista à revista IDE)

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