Redução de emissões é cada vez mais urgente

quinta-feira, 20 de setembro de 2012
"Os governantes, numa palavra, são aqueles que têm a faculdade, em grau mais ou menos elevado, de se servir da força social - seja ela a força física, intelectual e econômica de todos - para obrigar todo o mundo a fazer o que eles próprios, os governantes, querem."  -  Errico Malatesta  - A Anarquia

A primeira fase do Protocolo de Kyoto, acordo internacional que visa reduzir as emissões de gases poluentes, termina em 2012. Nesta primeira etapa de vigência do acordo, países em desenvolvimento, mesmo altamente emissores como a China, Índia, Brasil e México, não tinham obrigação de reduzir sua geração de gases de efeito estufa (GEE). Uma nova fase de negociação deverá começar em breve e com isso mais nações serão incluídas no rol daquelas que devem assumir compromissos de redução - incluindo o Brasil.
Com relação às emissões de gases que provocam o aquecimento global da atmosfera, e como consequência as mudanças climáticas, algumas cidades brasileiras já passaram a assumir compromissos de reduzirem seu impacto; caso de São Paulo e Rio de Janeiro. A melhoria da qualidade do diesel usado nos ônibus urbanos, programas de controle de emissões veiculares e o aumento da frota de veículos biocombustíveis estão contribuindo, aos poucos, para reduzir as emissões nos grandes centros urbanos. Mesmo assim, é o setor de transportes que nas áreas urbanas da América Latina ainda é o responsável pelo maior volume de gases poluentes. O Brasil, com uma frota veicular que aumentou bastante nos últimos anos, é o maior emissor deste tipo de gases na América Latina, contribuindo com 23% do volume de todas as emissões.
Outra fonte geradora de gases de efeito estufa (GEE) é o resíduo, principalmente o doméstico, ainda depositado em aterros, e cuja decomposição libera grandes volumes de metano (CH4); gás que tem um efeito muito mais prejudicial do que o dióxido de carbono (CO²), emitido por motores à combustão interna.
Os grandes focos de emissão de GEE são as grandes cidades. Por isso, prefeitos das maiores cidades do mundo, formando o grupo denominado C-40, decidiram, durante a Rio+20, reduzir um volume total de 1,7 bilhões de toneladas de emissões de GEE até o ano 2030. O grupo congrega 59 cidades em todo o mundo, reunindo 554 milhões de habitantes e respondendo por 21% do PIB mundial. Do Brasil fazem parte do grupo as metrópoles de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
Mas o problema das emissões não se limita somente ao transporte urbano. As indústrias também têm um impacto considerável no volume total dos gases gerados e já estão dando sua contribuição nos países desenvolvidos, assumindo metas individuais de redução, negociadas com os órgãos ambientais de seus países. Acompanhando este esforço, o setor industrial brasileiro recentemente se comprometeu a reduzir suas emissões de CO² até 2020. A iniciativa faz parte do "Plano Indústria"; um acordo de cooperação técnica assinado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Meio Ambiente. A cooperação gerará um plano a ser definido até 2015, que quando introduzido proporcionará uma redução de emissões em 5% até 2020. Os primeiros setores industriais a serem envolvidos serão as indústrias de alumínio, cimento, papel e celulose; químico, cal vidro e ferro-gusa, responsáveis pelos maiores volumes de gases poluentes.


O próximo setor a ser envolvido em ações semelhantes é o agropecuário, que em todo o mundo é um dos maiores contribuintes na emissão de GEE. Nesta área, o Brasil já detém algumas iniciativas pioneiras, como o plantio direto e o uso de biomassa em grande quantidade para geração de energia. Por outro lado, o setor é um grande contribuinte no volume de emissões; tanto por causa da criação de gado, quanto da agricultura e a inerente derrubada de vegetação nativa.

(Imagem: fotografia de Fred Korth)

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