Vantagens da agricultura orgânica

quinta-feira, 27 de setembro de 2012
"Nada existe que os homens gostem mais de conservar e que tanto desperdicem como a própria vida"  -  La Bruyère  -  Caracteres

O consumo de produtos orgânicos – principalmente os vegetais – ainda é bastante reduzido em todo o mundo. Se nos países desenvolvidos a parte da população com maior poder aquisitivo e consciente em ralação às questões de meio ambiente e saúde consome mais produtos orgânicos, o mesmo não acontece em outras partes do mundo. Este fato se reflete, por exemplo, na área de agricultura ocupada por orgânicos em todo o mundo, que representa apenas 1% de toda área plantada. No Brasil a situação também não é melhor, apesar do gradual aumento do consumo e das exportações destes produtos nos últimos anos. Mesmo assim, o mercado mundial de produtos orgânicos certificados movimentou cerca de US$ 90 bilhões em 2010.  
Por definição, produto orgânico é aquele para cujo crescimento ou preparo não tenha sido usado nenhum tipo de herbicida, fungicida ou adubo químico no caso de vegetais; conservantes, corantes e outras substâncias químicas sintéticas quando se tratar de produtos acabados. Da mesma forma existem produtos orgânicos de origem animal – carnes e outros produtos derivados de animais – aos quais também não são adicionadas substâncias químicas. 
Sob aspecto legal, a agricultura orgânica foi aprovada no Brasil pela Lei 10.831 de 23/12/2003 e posteriormente regulamentada com a publicação do Decreto 6323 de 27/12/2007. Assim como os produtos, as próprias propriedades onde são produzidos os orgânicos precisam atender a uma série de exigências, sendo auditadas e certificadas por entidades competentes. Para se caracterizar como unidade de produção orgânica, a propriedade deve incorporar aspectos ambientais (como a manutenção das áreas de preservação permanente e uso racional dos recursos naturais); econômicos (seja a conservação das espécies agrícolas e da produção locais); e sociais (a melhoria da qualidade de vida de todos aqueles envolvidos na produção). Além disso, todas as unidades de produção orgânica devem ter um Plano de Manejo Orgânico (PMO), que prevê, entre outros aspectos: a manutenção da biodiversidade, a conservação dos recursos naturais e do solo; a prevenção da contaminação da área por substâncias tóxicas, inclusive espécies geneticamente modificadas.
Recentemente pesquisadores do Centro para Políticas de Saúde da universidade de Stanford realizaram um estudo publicado originalmente na revista americana Annals of Internal Medicine. Foram examinados 237 casos que comparam os níveis de nutrientes e contaminantes em frutas, vegetais, grãos, carne, aves, ovos e leite de origem orgânica e não orgânica. Uma das primeiras constatações é que não foi encontrada nenhuma diferença na quantidade de vitaminas entre os dois tipos de produtos. Todavia, outro aspecto levantado chama atenção: o consumo de produtos orgânicos reduz a exposição aos resíduos de pesticidas e bactérias resistentes a antibióticos – fato evidentemente positivo para a saúde dos consumidores.
Com relação à produtividade existe uma diferença entre a agricultura orgânica e a convencional – esta última cerca de 20% a 25% mais produtiva. Tal vantagem foi determinada através de recentes pesquisas e é bem menor do que se estimava no passado. No caso da soja e do milho – cultivos que ocupam extensas áreas e demandam grandes volumes de agrotóxicos – esta diferença pode cair para 10%.   
(Imagens: fotografias de Oliver Wutscher)

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