Educação na Idade Média

domingo, 18 de novembro de 2012
"Nuestros peores enemigos son aquellos que nos hablan de esperanza y nos anuncian un futuro de gozo y de luz, de trabajo y de paz, donde nuestros problemas se resolverán y nuestros deseos se colmarán."  -  Albert Caraco  -  Breviario del caos

O processo de decadência do Império Romano durou cerca de quatro séculos – do século I ao V – e foi acompanhado de uma gradual desestruturação das instituições. As cidades começaram a perder seus habitantes, que se mudavam para os campos, longe das epidemias, das invasões dos bárbaros e onde havia alimentos. Os ricos, igualmente, fugiam das cidades e se estabeleciam em suas propriedades rurais, onde – baseados no trabalho de seus escravos – sobreviviam e mantinham-se afastados das cidades.
Neste período (entre os séculos III e X), a vida urbana na Europa sofreu um grande retrocesso, o que também causou impacto sobre todas as atividades caracteristicamente urbanas como a política, o comércio e a cultura. Aos poucos, com a diminuição das atividades citadinas, os agrupamentos humanos tornaram-se cada vez mais isolados, de maneira que somente as cidades mais importantes (então bastante reduzidas de suas populações) mantinham contato regular umas com as outras.
No século IV o cristianismo já havia se tornado a religião oficial do império romano e seguia se expandindo pela Gália Transalpina (atual França), Ibéria (Espanha e Portugal) Germânia (Alemanha e Países Baixos) e Britânia (Inglaterra). O grande núcleo difusor do cristianismo naquela época era a Irlanda. Mosteiros da Irlanda mantinham relações diretas com a sede do catolicismo, Roma. Monges irlandeses como São Patrício ajudaram no século V na cristianização de regiões da Gália e da Britânia, de onde, por sua vez, saiam monges para cristianizar a Germânia (com São Bonifácio, padroeiro da Alemanha). Aos poucos se estabelece uma cadeia de mosteiros por toda a Europa Ocidental e Central, que serviria de centro irradiador do catolicismo como centros de cultivo da cultura.
Com a derrocada quase que completa de toda a atividade intelectual e cultural na Europa, os mosteiros – principalmente os beneditinos – passaram a ser a sede do conhecimento por muitos séculos. O índice de analfabetismo no início do período medieval era altíssimo, haja vista o pouco valor do saber na sociedade em geral. Os monges cristãos foram praticamente os únicos entre o século V e IX a se dedicarem ao estudo, à produção de conhecimento e à sua conservação. O saber e a cultura não tinham utilidade naquela sociedade.
Com a criação do Sacro Império Romano Germânico por Carlos Magno (coroado no ano 800) a estrutura imperial passa a ter uma demanda por funcionários com certos conhecimentos a serem empregados na administração do Estado. Antevendo esta demanda, Carlos Magno criou as escolas monacais. Estas escolas estavam estabelecidas em mosteiros, onde era oferecido o ensino básico (trivium) da época. Para alunos mais adiantados e talentosos era também ensinado o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). As escolas monacais foram aos poucos se separando dos mosteiros e tornaram-se autônomas.
No século XII surgem as primeiras universidades, criadas com o apoio da Igreja para transmitir o conhecimento de nível superior da época – focado principalmente na medicina, no direito e na filosofia e teologia. A criação das universidades começou em Salerno, na Itália, onde se estabeleceu a primeira faculdade de medicina. Logo depois, em Bolonha, cria-se uma faculdade de direito. No decorrer de poucas décadas, toda a Europa está repleta de universidades, congregando um grande número de estudantes. A universidade de Sorbonne em Paris, por exemplo, congregava mais estudantes no século XIII do que no século XIX.
Outra característica das universidades é que havia um grande fluxo de professores de uma universidade para outra. São Tomás de Aquino, por exemplo, ensinou em Colônia e Paris e Nápoles. Seu mestre, Alberto Magno, ensinou em Colônia, Estrasburgo, Friburgo e Paris. Este fluxo de professores permitiu uma difusão e nivelamento do conhecimento em toda a Europa, fato que trouxe várias outras consequências para a cultura ocidental.            
(Imagens: fotografias de Thomas Bak)

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