É assim que parte dos jornalistas da grande imprensa vende à sociedade as ideias de como o governo deve conduzir a economia: “é preciso cortar investimentos, zerar o déficit do orçamento, aumentar ainda mais os juros, manter o arcabouço fiscal, tirar outros direitos do trabalhador, privatizar, etc.”
(Pergunta: Mas e a taxação dos ganhos milionários?)
O texto de Schopenhauer nos esclarece sobre este assunto.
“O
que é chamado de opinião geral, em perspectiva, é a opinião de duas ou três
pessoas; e estaríamos convencidos disso se pudéssemos observar a maneira como
surge uma tal opinião geralmente válida. Descobriríamos, então, que foram duas
ou três pessoas que primeiro assumiram ou estabeleceram e afirmaram tal opinião,
e que outros tiveram a gentileza de confiar que aquelas a haviam examinado com
todo o cuidado: segundo o prejulgamento da capacidade suficiente destes, alguns
outros aceitaram em primeiro lugar. E acreditaram nesses, por sua vez, muitos
outros, cuja indolência os aconselhou ser melhor crer logo em vez de examinar
minuciosamente. Assim, o número de seguidores indolentes e crédulos cresceu dia
após dia, pois a opinião tinha um bom número de vozes a seu favor, e os
seguintes atribuíram isso ao fato de que só poderiam tê-la obtido pela
sonoridade de seus motivos. Os restantes se viram, neste momento, forçados a
aceitar o que era geralmente aceito para não serem visto como mentes inquietas
que se revoltam contra opiniões geralmente válidas, nem como gente intrometida
que quer ser mais inteligente que todo o mundo. Nesse momento, o consentimento
se tornou obrigatório. A partir de então, os poucos que são capazes de
discernir devem se calar: e os que podem falar são aqueles completamente
incapazes de ter opiniões e discernimento, simples ecos da opinião alheia; no
entanto a defendem de modo ainda mais ardoroso e intolerante.” (Schopenhauer,
págs. 82, 83).
Arthur Schopenhauer, A arte de ter razão
0 comments:
Postar um comentário