Leituras diárias

domingo, 20 de outubro de 2024


 

É assim que parte dos jornalistas da grande imprensa vende à sociedade as ideias de como o governo deve conduzir a economia: “é preciso cortar investimentos, zerar o déficit do orçamento, aumentar ainda mais os juros, manter o arcabouço fiscal, tirar outros direitos do trabalhador, privatizar, etc.” 

(Pergunta: Mas e a taxação dos ganhos milionários?) 


O texto de Schopenhauer nos esclarece sobre este assunto.

 

“O que é chamado de opinião geral, em perspectiva, é a opinião de duas ou três pessoas; e estaríamos convencidos disso se pudéssemos observar a maneira como surge uma tal opinião geralmente válida. Descobriríamos, então, que foram duas ou três pessoas que primeiro assumiram ou estabeleceram e afirmaram tal opinião, e que outros tiveram a gentileza de confiar que aquelas a haviam examinado com todo o cuidado: segundo o prejulgamento da capacidade suficiente destes, alguns outros aceitaram em primeiro lugar. E acreditaram nesses, por sua vez, muitos outros, cuja indolência os aconselhou ser melhor crer logo em vez de examinar minuciosamente. Assim, o número de seguidores indolentes e crédulos cresceu dia após dia, pois a opinião tinha um bom número de vozes a seu favor, e os seguintes atribuíram isso ao fato de que só poderiam tê-la obtido pela sonoridade de seus motivos. Os restantes se viram, neste momento, forçados a aceitar o que era geralmente aceito para não serem visto como mentes inquietas que se revoltam contra opiniões geralmente válidas, nem como gente intrometida que quer ser mais inteligente que todo o mundo. Nesse momento, o consentimento se tornou obrigatório. A partir de então, os poucos que são capazes de discernir devem se calar: e os que podem falar são aqueles completamente incapazes de ter opiniões e discernimento, simples ecos da opinião alheia; no entanto a defendem de modo ainda mais ardoroso e intolerante.” (Schopenhauer, págs. 82, 83).

 

Arthur Schopenhauer, A arte de ter razão

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