“Mas
Marx explicou que as ideias não caem do céu, mas refletem mais ou menos com
precisão, situações objetivas, pressões sociais e contradições além do controle
de homens e mulheres. Mas a história não se desenrola como resultado do livre
arbítrio ou desejos conscientes do ‘grande homem’, reis, políticos ou
filósofos. Pelo contrário, o progresso da sociedade depende do desenvolvimento
das forças produtivas, que não é o produto de um planejamento consciente, mas
se desenvolve nas costas de homens e mulheres. Pela primeira vez, Marx colocou
o socialismo em uma base teórica firme. Uma compreensão científica da história
não pode ser baseada nas imagens distorcidas da realidade flutuando como
fantasmas pálidos e fantásticos nas mentes de homens e mulheres, mas em
relações sociais reais. Isso significa começar com um esclarecimento da relação
entre formas sociais e políticas e o modo de produção em um determinado estágio
da história. Isso é precisamente o que é chamado de método de análise
materialista histórico.
Algumas pessoas se sentirão irritadas com essa
teoria que parece privar a humanidade do papel de protagonistas no processo
histórico. Da mesma forma, a Igreja e seus apologistas filosóficos ficaram
profundamente ofendidos pelas alegações de Galileu de que o Sol, não a Terra,
estava no centro do Universo. Mais tarde, as mesmas pessoas atacaram Darwin por
sugerir que os humanos não eram a criação especial de Deus, mas o produto da
seleção natural. Na verdade, o marxismo não nega de forma alguma a importância
do fator subjetivo na história, o papel consciente da humanidade no desenvolvimento
da sociedade. Homens e mulheres fazem história, mas não o fazem inteiramente de
acordo com seu livre arbítrio e intenções conscientes. Nas palavras de Marx: ‘A
história não faz nada’, ela ‘não possui riqueza imensa’, ela ‘não trava
batalhas’. É o homem, o homem real e vivo que faz tudo isso, que possui e luta;
a ‘história’ não é, por assim dizer, uma pessoa à parte, usando o homem como um
meio para atingir seus próprios objetivos; a história nada mais é do que a
atividade do homem perseguindo seus objetivos.’ (Marx e Engels, A Sagrada
Família, Capítulo VI).
Tudo
o que o marxismo faz é explicar o papel do indivíduo como parte de uma dada
sociedade, sujeito a certas leis objetivas e, em última análise, como
representante dos interesses de uma classe específica. As ideias não têm
existência independente, nem desenvolvimento histórico próprio. ‘A vida não é
determinada pela consciência’, escreve Marx em A Ideologia Alemã, ‘mas a
consciência pela vida’. As ideias e ações das pessoas são condicionadas por relações
sociais, cujo desenvolvimento não depende da vontade subjetiva de homens e
mulheres mas ocorre de acordo com leis definidas que, em última análise,
refletem as necessidades do desenvolvimento das forças produtivas. As
inter-relações entre esses fatores constituem uma teia complexa que muitas
vezes é difícil de ver. O estudo dessas relações é a base da teoria marxista da
história.” (Woods & Sewell, pág. 28 e 29).
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