Leituras diárias

terça-feira, 29 de abril de 2025

“Mas Marx explicou que as ideias não caem do céu, mas refletem mais ou menos com precisão, situações objetivas, pressões sociais e contradições além do controle de homens e mulheres. Mas a história não se desenrola como resultado do livre arbítrio ou desejos conscientes do ‘grande homem’, reis, políticos ou filósofos. Pelo contrário, o progresso da sociedade depende do desenvolvimento das forças produtivas, que não é o produto de um planejamento consciente, mas se desenvolve nas costas de homens e mulheres. Pela primeira vez, Marx colocou o socialismo em uma base teórica firme. Uma compreensão científica da história não pode ser baseada nas imagens distorcidas da realidade flutuando como fantasmas pálidos e fantásticos nas mentes de homens e mulheres, mas em relações sociais reais. Isso significa começar com um esclarecimento da relação entre formas sociais e políticas e o modo de produção em um determinado estágio da história. Isso é precisamente o que é chamado de método de análise materialista histórico.

Algumas pessoas se sentirão irritadas com essa teoria que parece privar a humanidade do papel de protagonistas no processo histórico. Da mesma forma, a Igreja e seus apologistas filosóficos ficaram profundamente ofendidos pelas alegações de Galileu de que o Sol, não a Terra, estava no centro do Universo. Mais tarde, as mesmas pessoas atacaram Darwin por sugerir que os humanos não eram a criação especial de Deus, mas o produto da seleção natural. Na verdade, o marxismo não nega de forma alguma a importância do fator subjetivo na história, o papel consciente da humanidade no desenvolvimento da sociedade. Homens e mulheres fazem história, mas não o fazem inteiramente de acordo com seu livre arbítrio e intenções conscientes. Nas palavras de Marx: ‘A história não faz nada’, ela ‘não possui riqueza imensa’, ela ‘não trava batalhas’. É o homem, o homem real e vivo que faz tudo isso, que possui e luta; a ‘história’ não é, por assim dizer, uma pessoa à parte, usando o homem como um meio para atingir seus próprios objetivos; a história nada mais é do que a atividade do homem perseguindo seus objetivos.’ (Marx e Engels, A Sagrada Família, Capítulo VI).

Tudo o que o marxismo faz é explicar o papel do indivíduo como parte de uma dada sociedade, sujeito a certas leis objetivas e, em última análise, como representante dos interesses de uma classe específica. As ideias não têm existência independente, nem desenvolvimento histórico próprio. ‘A vida não é determinada pela consciência’, escreve Marx em A Ideologia Alemã, ‘mas a consciência pela vida’. As ideias e ações das pessoas são condicionadas por relações sociais, cujo desenvolvimento não depende da vontade subjetiva de homens e mulheres mas ocorre de acordo com leis definidas que, em última análise, refletem as necessidades do desenvolvimento das forças produtivas. As inter-relações entre esses fatores constituem uma teia complexa que muitas vezes é difícil de ver. O estudo dessas relações é a base da teoria marxista da história.” (Woods & Sewell, pág. 28 e 29).

 

Alan Woods, Rob Sewell, What is marxismo? (O que é marxismo?)

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