Leituras diárias

sábado, 2 de agosto de 2025

“A industrialização, nos termos capitalistas, chega ao clímax no governo Juscelino Kubitschek. A inflação, que forçava a acumulação pela baixa do salário real e pela alta dos níveis gerais dos preços, fez sobrevir a reação do consumo, terminando por negar essa forma de capitalização. A situação do comércio exterior, baseado, fundamentalmente, na exportação do café, e do balanço de pagamentos acentuava ainda mais a dependência externa do Brasil. E, ao tempo em que a entrada de capitais estrangeiros contribuía para a ampliação do parque industrial, essa vinculação mais estreita com o imperialismo se tornava um obstáculo à sua evolução. 

A importação de capitais pelos países mais atrasados, como, no caso, o Brasil, representa uma das características da economia mundial, na fase do imperialismo. Esses capitais, se dão alento, por um lado, à industrialização, vem a constituir-se, por outro, um entrave ao seu próprio desenvolvimento, pois, reproduzindo-se, levam, como bomba de sucção, a grande parte da mais-valia extraída do proletariado, para as suas matrizes no exterior. Continua, assim, sempre baixa a taxa de acumulação, embora a taxa de lucros, no Brasil, seja das mais elevadas do mundo. Isto quer dizer que a maior parte da mais-valia vai para o exterior sob a forma de remessa de lucros, juros, dividendos, royalties e serviços.” (Bandeira, págs. 54 e 55)

 

Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira (1935-2017), cientista político, professor universitário e historiador brasileiro em O Caminho da Revolução Brasileira (1963).

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