“Nada
tem uma essência independente e imutável. Tudo existe por causa de
relacionamentos, causas e percepções. Considere uma onda no oceano. Ela sobe,
se move e eventualmente desaparece. Em que ponto ela é uma onda? A água que a
forma está sempre mudando. A onda não existe separadamente do oceano — ela só
aparece como uma coisa distinta por causa do movimento e da perspectiva. É
assim que todas as coisas existem: elas parecem separadas, mas são inseparáveis das condições que as criam. A verdade suprema expõe a ilusão da
independência. Uma árvore depende da luz solar, do solo e da água. Uma pessoa
depende dos pais, da cultura e da biologia. Até mesmo pensamentos e emoções surgem
de inúmeros fatores, de experiências passadas a circunstâncias presentes. Nada
existe por si só, imutável e isolado.
O
que as pessoas chamam de ‘realidade’ é uma rede de causas e efeitos mutáveis.
Isso não significa que as coisas não tenham sentido ou sejam imaginárias.
Significa que tudo é vazio de uma essência fixa. Um rio não é uma coisa só — é
um processo. Um eu não é uma identidade única — é uma série de pensamentos e
sensações mutáveis. Quando as pessoas se apegam às coisas como se fossem
sólidas e permanentes, elas sofrem. A verdade suprema revela que não há nada a
que se agarrar da maneira como as pessoas imaginam.” (Phan, pág. 56).
Khiem Phan, Grandes Filosofias do Budismo: o vazio Madhyamaka e a totalidade Tiantai


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