Recursos não-renováveis e renováveis

segunda-feira, 30 de abril de 2012
"Estamos acostumados à idéia de que os eventos são causados por eventos anteriores, que, por sua vez, são causados por eventos mais remotos. Há uma cadeia de causalidade estendendo-se para o passado. Mas suponha que esta cadeia tenha um início. Suponha que houve um primeiro evento. O que o causou? Essa não era uma questão que muitos cientistas desejavam abordar."  -  Stephen Hawking  -  O universo numa casca de noz

Recursos são substâncias (para não falar “bens”) que extraímos da natureza e que tem alguma utilidade econômica. Esta utilização dos recursos naturais varia de civilização para civilização, de cultura para cultura. A areia existe provavelmente desde o surgimento da Terra há 4,5 bilhões de anos, mas foi somente a civilização egípcia, há cerca de 4.000 anos, que ocasionalmente descobriu uma maneira de transformar areia em vidro. O mesmo se aplica a uma série de outros recursos naturais, como o cobre e o estanho, que juntos formam o bronze; o ferro e o carbono, formando o aço.
Há também os recursos naturais que são usados in natura, sem sofrerem qualquer tipo de processamento, como o ar, a água, a luz do sol, entre outros. Estes sempre foram considerados como naturalmente disponíveis e por muito tempo – mesmo no regime capitalista – não foram cogitados como bens econômicos. Enfim, quanto mais tecnologicamente sofisticada uma cultura, tanto mais recursos naturais ela utiliza. Há 15.000 anos utilizávamos poucos recursos naturais, hoje utilizamos centenas de milhares, tanto na indústria, como na agricultura e nos serviços.
Os recursos se dividem em renováveis e não renováveis. Renováveis são aqueles que se repõem ou se recompõem em curto espaço de tempo (contado em padrões humanos). Renováveis são basicamente: o sol, o ar (atmosfera), a água, a flora, e a fauna. Já os recursos não-renováveis são aqueles que não se recompõem (sempre em padrões históricos e não geológicos), tais como: minerais, solos, oceanos.
Na categoria dos recursos naturais temos os recursos energéticos; aqueles dos quais podemos extrair algum tipo de energia. Novamente, precisamos considerar que esta classificação varia de cultura para cultura. Os melhores sábios medievais não saberiam o que fazer energeticamente com o urânio (nem saberiam identifica-lo). Os recursos naturais energéticos podem ser divididos também em duas categorias:
- os renováveis, como a água (hidrelétricas, geotermia, energias do mar), o sol (energia solar térmica) a luz (energia fotovoltaica), o ar (energia eólica), os vegetais (energia de biomassa) e os resíduos a base de carbono, em geral (biogás);
- os não renováveis, como o carvão mineral, o petróleo, o urânio, o gás natural.
É difícil fazer uma comparação entre os custos de aproveitamento de cada recurso energético, já que cada um tem suas características, por exemplo:
- O custo médio de produção de um barril de petróleo (250 litros) é de US$ 5,00 na Arábia Saudita, mas pode chegar a US$ 16,00 no Brasil (cerca de US$ 0,064 por litro). O preço de produção de um litro de etanol é de cerca de US$ 0,2 por litro. Isto quer dizer que a produção de petróleo no Brasil – apesar de cara em relação à Arábia – ainda é cerca de quatro vezes mais barata do que a produção de etanol.
- Outro exemplo é a produção de eletricidade no Brasil a partir de água, que é bem menor que a eletricidade produzida a partir de termelétricas movidas a carvão ou óleo combustível.
- O custo da energia produzida a partir do bagaço de cana (biomassa), por exemplo, é bem menor do que a energia produzida a partir de placas fotovoltaicas, ambas de fontes renováveis.  
Fato é que precisamos estudar caso a caso em suas características. As usinas hidrelétricas, por exemplo, foram construídas há 40 ou 50 anos, e estão com seus custos amortizados. A produção do petróleo é mais barata do que a do álcool de cana – trata-se de um ganho de escala. A produção de energia fotovoltaica (eletricidade a partir de a luz solar) ainda é de custo relativamente alto, por causa do alto preço de fabricação das placas fotovoltaicas.
Analisando somente sob este aspecto, as energias renováveis ainda são relativamente caras, já que suas vantagens ambientais não estão computadas. Isto porque as “externalidades” não são incorporadas ao custo do produto não renovável. No preço de produção do petróleo, não é incluído o custo dos riscos de contaminação de solos e águas, nem a poluição atmosférica. Se estes fatores fossem considerados no preço, este combustível teria um preço bem mais alto. É fato que sob este aspecto todas as energias renováveis são mais competitivas e menos poluentes que o petróleo, o carvão mineral e seus derivados.
No entanto entre as energias renováveis ainda há também uma escala de preços: a mais barata é a hidrelétrica (se não considerarmos os impactos ambientais, as “externalidades” de uma usina hidrelétrica). A hidrelétrica é seguida pela energia de biomassa, já que muitas usinas de álcool têm a produção de eletricidade (co-geração) como atividade secundária. A energia eólica também está começando a ganhar escala no Brasil, com a inauguração de novos parques eólicos no nordeste e no sul. A renovável mais cara, ainda permanece a fotovoltaica, já que as placas – além de serem caras – não têm produção nacional.
A tendência futura – fato já ocorrendo nas economias mais desenvolvidas – é que o custo das externalidades econômicas inerente ao uso de certas tecnologias, seja incorporado ao preço final do produto e serviço. Em uma primeira fase isto poderá representar um aumento de preços. Se, no entanto, toda a cadeia produtiva passar a incorporar estes custos, as cadeias voltarão ao equilíbrio. Exemplo deste fato é o petróleo: se no passado era bem mais barato, hoje todos os segmentos econômicos já absorveram o aumento deste insumo.  
(Imagens: fotografias de Ansel Adams)

1 comments:

Unknown disse...

Não entendo uma coisa. Li num texto que 47% da matriz energética do Brasil é composta por fontes renováveis. Esse mesmo texto dizia que hidrelétricas geram 75% da energia nacional. Se hidrelétricas são fontes renováveis essa é uma matemática impossível. Afinal, existe algum fator que caracterize certas hidrelétricas fontes não renováveis?

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