Raul Bopp (1898-1984)

domingo, 16 de julho de 2023

 



Raul Bopp nasceu em Vila Pinhal (RS) a 4 de agosto de 1898 e faleceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1984. Foi poeta, diplomata e jornalista brasileiro.

Raul Bopp era descendente dos primeiros imigrantes alemães a chegarem ao Rio Grande do Sul no início do século XIX, estabelecendo-se no distrito de Vila Pinhal, então pertencente ao município de Santa Maria (e atual Itaara). Ainda antes de ingressar no curso superior, por volta de 1917, Bopp fundou dois semanários em Tupanciretã, cidade gaúcha para qual se mudou com a família nos primeiros meses de vida; “O Lutador” e “Mignon”, nos quais começa a publicar os seus primeiros textos literários.

Entre 1918 e 1925, cursou Direito em diversas faculdades do país, em Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de Janeiro, frequentado cada ano letivo em uma capital até formar-se. Na década de 1920 percorreu a Amazônia, onde encontra inspiração para seu mais famoso poema, Cobra Norato, um dos mais importantes do movimento modernista. Na obra, lançada em 1931, o poeta elabora um drama épico e mitológico, com elementos do folclore e da fala regional da região amazônica.

Ainda em 1922, Bopp integra o Movimento da Semana de Arte Moderna em São Paulo, do qual também participaram, entre outros, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Antônio Alcântara Machado, Mário de Andrade, Menotti de Picchia, entre outros. Em sua carreira cultural, Bopp sempre conviveu com autores consagrados, como Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.

Outra obra do poeta, Urucungo (1932), aborda a cultura africana e sua influência na formação histórico-cultural do Brasil, traçando uma viagem das aldeias às margens do rio Congo à realidade das favelas.

Paralelamente à sua atividade literária, Raul Bopp também escreveu para diversos jornais, como "O Globo" (caderno Almanaque do Globo), “Folha do Norte” e revistas como “Máscara”, “Ilustração Brazileira”, “Para Todos...”, “Arlequim”, “Revista Antropofágica”, entre outros.

Na prosa, Bopp publica os livros América, Notas de um Caderno sobre o Itamaraty, Movimentos Modernistas no Brasil: 1922/1928, Memórias de um Embaixador, Bopp Passado a Limpo por Ele Mesmo, Vida e Morte da Antropofagia e Longitudes. 

Entre 1942 e 1973, em paralelo com suas atividades literárias, Bopp também atuou no serviço diplomático brasileiro, trabalhando em Los Angeles (EUA), Berna (Suíça), Lima (Peru), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).

Obras de Raul Bopp

Poesia: Cobra Norato (1931); Urucungo (1932); Poesias (1947); Mironga e Outros Poemas (1978). Prosa: América, Notas de um Caderno sobre o Itamaraty; Movimentos Modernistas no Brasil: 1922/1928; Memórias de um Embaixador, Bopp Passado a Limpo por Ele Mesmo; Vida e Morte da Antropofagia; Longitudes.

 

Frases de Raul Bopp

 

Havia, em São Paulo, uma pequena elite culta, que ia e vinha todos os anos da Europa. Uma seminobreza rural, com longas tradições de família, florescia à base do café. Eram tempos tranquilos e de fartura plena. Latifúndios opulentos. Cafezais a se perderem de vista”. (Movimentos modernistas no Brasil);

“Na noite da inauguração, o Municipal transformou-se num dos maiores pontos de convergência da cidade. Filas contínuas de autos despejavam seus ocupantes, pelas imediações. Uma onda humana foi-se alinhando, lentamente, pelos corredores do teatro, esgalhando-se em ascensão pelas escadarias. A casa ficou repleta”. (Movimentos Modernistas no Brasil);

A reação modernista de 1922 desviou-se das formas habituais de expressão. Aproveitou alguns fragmentos folclóricos, com uso de falas rurais. Desencadeou uma forte reação contra o mau gosto. Destruiu inutilidades. Mas seus dividendos nas letras e nas artes eram muito reduzidos. Não haviam trazido um pensamento novo, capaz de condensar as preocupações do momento. Com o retorno aos valores nativos, remexeram-se os mesmos temas nacionais refundidos em poesia ociosa”;

Quando, entre aplausos, chegou o prato com a esperada iguaria, Oswald levantou-se, começou a fazer o elogio da rã, explicando, com uma alta percentagem de burla, a doutrina da evolução das espécies. Citou autores imaginários, os ovistas holandeses, a teoria dos homúnculos, para provar que a linha da evolução biológica do homem (...) passava pela rã — essa mesma rã que estávamos saboreando entre goles de um Chablis gelado. Tarsila interveio: — Com esse argumento, chega-se teoricamente à conclusão de que estamos sendo agora uns... quase-antropófagos”;

Enquanto Paris se agitava dentro de novas correntes culturais, no Brasil somente algumas poucas áreas eram sensíveis a essa inquietação. Pressentia-se, em vibrações vagas, a necessidade de substituir a expressão artística por formas mais evoluídas. São Paulo, em problemas de arte, permanecia ainda num velho conformismo, amarrado a formas antiquadas, em contradição com a sua pujança econômica. Guardava posições acadêmicas, numa rigorosa sujeição aos preceitos rotineiros”;

Arca antropofágica encalhou em São Paulo, com esse material a bordo. Urubu foi ver se as águas já tinham baixado. Não voltou mais. Houve imprevistos na descida. Os planos de reação e renovação ficaram num deixa-estar ou acomodaram-se em variantes cosmopolitas. A experiência brasileira do grupo perdeu o seu significado inicial”.

 

 

(Fontes: Wikipedia; Plataforma de Estudos do Primeiro Modernismo Literário Brasileiro; Portal Literatura e História; Portal Pensador; Livro “Vida e morte da antropofagia”; Portal Notaterapia; Livro “Movimentos Modernistas no Brasil”; Portal ebiografia –Dilva Frazão)

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