Oliveira Lima (1867-1928)

domingo, 6 de agosto de 2023

 


Manuel de Oliveira Lima, nasceu em Recife, (PE) em 25 de dezembro de 1867, filho de Luís de Oliveira Lima e Maria Benedita de Oliveira Lima. Foi diplomata, historiador, jornalista, crítico literário e escritor. Faleceu em Washington, DC., a 24 de março de 1928.

Oliveira Lima foi educado em Lisboa, onde passou a viver desde a mocidade. Aos quatorze anos fundou na capital portuguesa o jornal “Correio do Brazil”. Estudou no Colégio Lazarista, fazendo o curso de Humanidades e formou-se no Curso Superior de Letras de Lisboa, que mais tarde se transformaria na Faculdade de Letras de Lisboa. Durante sua permanência na antiga metrópole, usou parte de seu tempo para dedicar-se a profundas pesquisas de caráter histórico.

Em 1890 Oliveira Lima começa a trabalhar para o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, atuando nas missões diplomáticas brasileiras em PortugalBélgicaAlemanhaJapão, Venezuela, e Estados Unidos. De Washington passou mais tarde para Londres, onde conviveu durante algum tempo com Joaquim Nabuco, Eduardo Prado, Graça Aranha e José Carlos Rodrigues. Mais tarde, foi encarregado de negócios da primeira missão diplomática brasileira no Japão.

Até o ano de 1896 já tinha publicado três livros: Pernambuco, seu desenvolvimento histórico; Sete anos de República; e Aspectos da literatura colonial. A atividade literária de Oliveira Lima se estendia à colaboração em jornais de Pernambuco e de São Paulo, escrevendo sobre temas ligados ao pan-americanismo e à diplomacia. Em paralelo à sua carreira diplomática e literária, atuou no jornalismo por mais de quarenta anos. 

Apaixonado por livros foi seu colecionador ao longo de sua vida, e montou o terceiro maior acervo sobre o Brasil perdendo somente para a Biblioteca Nacional do Brasil e para a biblioteca da Universidade de São Paulo. A Biblioteca Oliveira Lima, situada atualmente na Universidade Católica da América em WashingtonEstados Unidos, foi doada à universidade em 1916, tendo 58 mil livros além de correspondência trocada com intelectuais, mais de seiscentos quadros e incontáveis álbuns de recortes com notícias de jornais. Ao se aposentar, prosseguiu Oliveira Lima no acabamento de seus escritos de natureza histórica, fixando residência em Washington, onde teve oportunidade de atuar como bibliotecário de sua própria biblioteca legada à universidade.

Em 1924 tornou-se professor de Direito Internacional na Universidade Católica da América. No mesmo ano foi indicado como professor honorário da Faculdade de Direito do Recife. Morreu em 1928 e foi enterrado no cemitério Mont Olivet, em Washington. Em sua lápide não consta seu nome, mas a frase "Aqui jaz um amigo dos livros".

Oliveira Lima foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1897, como fundador da cadeira 39, que tem por patrono Francisco Adolfo de Varnhagen.

As principais obras de Oliveira Lima, são: Pernambuco: seu desenvolvimento histórico (1895); Aspectos da literatura colonial brasileira (1896); Historia diplomática do Brazil: o reconhecimento do império (1901); Pan-americanismo: Monroe, Bolivar, Roosevelt (1907); Dom João VI no Brasil, 1808-1821 (1908); A Língua portuguesa, A Literatura brasileira (Título original: La Langue portugaise, La Littérature brésilienne) (1908); Machado de Assis e sua obra literária (Título original: Machado de Assis et son oeuvre littéraire) (1909); As Relações do Brasil com os Estados Unidos (Título original: The Relations of Brazil with the United States) (1913); A Evolução do Brasil comparada com a América Hispânica e Anglo-Saxã (Título original: The Evolution of Brasil compared with that of Spanish and Anglo-Saxon America) (1914); O Movimento da Independência, 1821-1822 (1922); Aspectos da história e da cultura do Brasil: conferências inaugurais por M. de Oliveira Lima precedidas do discurso de apresentação por J. M. de Queiroz Velloso (1923); O Império Brazileiro, 1822-1889 (1927); Obra seleta (póstuma) (1971).

 

Frases de Oliveira Lima:

Tão soberba exibição de oratória, por mais ortodoxa que fosse, contribuía muito para que as igrejas representassem uma distração de sabor quase profano, a par das festividades da corte e das funções teatrais. Qualquer outra a não conseguiria até suplantar, visto se exercer o seu apelo sobre toda, não só parte da população, aglomerando-se a multidão nas naves estreitas onde, à luz sempre mortiça de centenares de velas, se divisava sobretudo as mulheres de corpete decotado, cinto e saia meio curta de tule sobre um fundo de seda, todas sem chapéu, com a mantilha negra, em vez porém de usada triangularmente na testa, à espanhola, presa por flores no alto ou parte posterior do penteado que rematava o descomunal pente de tartaruga. Os viajantes estrangeiros da época notam todos a porfia a pouca dignidade das nossas cerimonias religiosas; à parte a pompa, o tom era menos de respeito que de folia. O culto ressentia-se do pouco recato dos eclesiásticos.”  (Dom João VI no Brasil);

A maçonaria brasileira prestará na verdade relevante serviço à causa da Independência nacional e não visava deliberadamente a sua organização destruir a religião católica; mas o ultramontanismo romano, mais acentuado ainda depois da perda pelo papado seu poder temporal, isto é, dos Estados pontifícios (...)”   (O império brasileiro 1822-1889);

Os fatores essenciais da civilização brasileira no período colonial são em número de três: o colono, que se devotou ao amanho das terras, e que era puramente português; o bandeirante, que em bom número era mameluco ou mestiço do português e índio, e que subiu rios e galgou montanhas em busca de metais preciosos e pedras finas, tesouros que a terra avara só desvendou no fim do século XVII, entretanto espalhando pelos desertos as manadas de gado que foram outrora o alimento e hoje estão sendo a riqueza; e o missionário, que incutiu certa disciplina no colono e reprimiu os excessos cruéis dos bandeirantes que, na falta de ouro e diamantes, arrebanhavam uma outra mercadoria valiosa, que era o escravo indígena destinado às plantações sob o pretexto de que era resgatado do fado ingrato que o esperava nas mãos de tribos inimigas.”  (Aspectos da história e da cultura do Brasil).


 

(Fontes do texto: Wikipedia, Site da Academia Brasileira de Letras, Livros “Dom João VI no Brasil”; “O império brasileiro 1822-1889”; “Aspectos da história e da cultura do Brasil”)


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